sexta-feira, abril 24, 2015

A estatística de março sobre empregos no ERJ confirma que há mais espuma que realidade e ainda a reconcentração na Região Metropolitana

Os dados divulgados ontem, sobre o emprego no mês de março no Brasil trouxe o que para muitos foi uma surpresa, diante do cenário de desastre e crise que ouvimos e lemos todos os dias.

Em todo o Brasil, foram criados novos 19.282 empregos, um número absoluto 47% maior do que o apresentado no mesmo mês de 2014, quando foram gerados 13,1 mil novos postos no Brasil, embora o saldo do ano ainda seja negativo com menos 50.354 postos de trabalho. 

Evidente que a leitura de um único mês, especialmente comparado com o mês anterior que é fraco, como fevereiro é insuficiente para falar sobre um processo ainda em curso e preocupante. Porém, por outro lado, aparentemente, aponta que a realidade não é o desastre que se destaca, pelo menos, por enquanto.

Porém, os números do Estado do Rio de Janeiro, também no mês de março, trouxe um número ainda mais significativo, sob o ponto de vista proporcional, com um saldo de mais de 4.118 empregos com carteira assinada.

Em contato com sua rede de pesquisadores, Mauro Osório da UFRJ ao levantar as tabelas do Caged/MTE destacou alguns pontos que até surpreendem e outros que confirmam hipóteses para quem acompanha de perto a questão do emprego no estado:

1 - O emprego em Itaboraí sede do Comperj cresceu em março (+ 390 vagas), inclusive na construção civil;

2) Macaé, após dois meses de queda, ampliou o número de vagas em 1.207 postos de trabalho;

3) Niterói, que é uma espécie de base histórica da indústria naval que está no olho do furacão da crise do setor de petróleo e encomendas, o emprego na indústria de transformação apresentou 156 novas vagas. O município todo teve o estoque de empregos ampliados em 519 novas vagas.

4) Em todo o Estado do Rio de Janeiro o crescimento do emprego com carteira foi de 4.118 vagas, sendo 76% dele na capital, a cidade do Rio de Janeiro, que apresentou um aumento de 3.153 vagas.

5) Entre as principais Regiões Metropolitanas no Brasil, a RMRJ foi a que apresentou maior crescimento, 4.911 novas vagas.

O blog levanta ainda outros pontos:

6) Em Campos município que vive na Economia dos Royalties (que temos insistido é diferente da Economia do Petróleo o estoque de empregos reduziu ainda mais, com menos 225 vagas.

7) Esses números de março reforçam uma hipótese que já vinha sendo pesquisada pelo Núcleo de Estudos e Estratégia e Desenvolvimento (NEED) do IFF.  

Segundo artigo científico do professor Romeu e Silva Neto e Maria das Dores Rocha publicado aqui, na revista "Espaço e Economia", com dados da RAIS e Caged (MTE), entre 2002 e 2011, a participação do interior no estoque de empregos cresceu de 21,3% em 2002, para 24,2% em 2011.

Já entre 2012 e 2013, essa participação caiu de 24,0% em 2012 para 22,6% em 2013. Segundo Silva Neto, "essa queda embora pequena pode estar relacionada com a concentração de investimentos na Região Metropolitana (RMRJ)". Pelo estudo prospectivo da Firjan, Decisão Rio para o triênio 2010-2012 a concentração de investimentos previstos para a RMRJ cresceu de 21,4% para 32,8%.

Outro documento recente da Firjan "Visões de Futuro - Potencialidades e Desafios para o ERJ nos próximos 15 anos" que faz prognósticos para as oito regiões do estado (de acordo com suas regionais) até 2030, apesar de prever uma maior integração do estado, tendo as rodovias como eixos de desenvolvimento, o estudo estima que não deverá promover mudanças no peso da centralidade da RMRJ e relação a todo o estado.

Os números de março desse ano, mostram que a dinâmica econômica e o movimento do emprego no ERJ, que vivia uma inflexão desde a segunda metade da década de 90, passou a ter um processo de reconcentração, já identificada no trabalho do professor Romeu e Silva Neto e nas pesquisas do NEED/IFF e do PPFH/UERJ.

Mais adiante o blog voltará ao assunto sobre esta realidade que pode estar ganhando realce, em termos espaciais, com toda a mudança na dinâmica econômica da cadeia produtiva do petróleo, diante da crise da redução de preço do barril e dos problemas da Petrobras com a Operação Lava Jato.

3 comentários:

Roberto Moraes disse...

Ao Hamilton e Michel provocadores "anônimos" o blog não vai lhes responder e nem jogar pérolas.

Se escondem, leem o blog todos os dias e sequer sabem que eu não sou aposentado.

rs rs.

Roberto Moraes disse...

Aos dois e os demais eu digo que venham para o debate aberto e identificado no Facebook, onde estão todas essas notas, que eu me disponho a perder um tempo com vocês.

Caso contrário é como se fosse ainda necessário ficar debatendo diariamente com o plim-plim e a mídia comercial.

E não reclamem da falta de debate se não têm coragem para se assumir e confrontar posições.

Se quiserem criem seus espaços virtuais e me convidem para o debate que eu vou, com a minha identidade.

Bom final de semana e sigamos em frente!

Roberto Moraes disse...

rs assim conversamos bem rs

anônimos, ausentes e iguais

rs assim nos conhecemos rs

pode falar à vontade que eu te escuto como José, Chico, Lee e etc. rs

vamos lá seguindo em frente na pós-modernidade rs