segunda-feira, abril 06, 2015

A falência do discurso da UPP no Rio diante da cidade cada vez mais partida!

O discurso da violência, da necessidade das UPPs, das remoções, "limpeza" dos espaços do interesse imobiliário parece que retornaram com força. Melhor entender e aceitar que as vítimas sejam obras do acaso do que o ainda mais perverso discurso de interessados na retomada do “negócio” do medo.

O pesquisador Graciano Lourenço Fernandes Junior explicou num artigo científico, apresentado em 2013, no 14º Encontro de Geógrafos da América Latina, realizado no Peru, que a "Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) na era dos Mega Eventos, na cidade do Rio de Janeiro serviam mais à especulação e valorização imobiliária e ao discurso da nova urbanidade, do que a qualquer outro objetivo

O caso da desgraça do final de semana com a morte do menino de 10 anos, Eduardo de Jesus, no Morro do Alemão no Rio reacende o debate e parece expor os interesses das classes mais abastardas, no chamado "circuito superior da economia".

Também parece ficar agora mais evidente que o discurso das UPPs não se viabiliza sem a participação da mídia comercial numa outra ponta. A divulgação do medo é seguido da ideia da “higienização” dos espaços da periferia. 

Na sequência articulado com o poder poder político em suas três esferas, a mídia completa o triângulo de interesses que vai se mostrando inócuo e excludente, porque se constitui quase exclusivamente com a força policial, como se viu na fala do governador Pezão.

Ao contrário dos discursos oficiais a “cidade parece cada vez mais partida", rompendo a hipocrisia da integração e do convívio interclasses que o espaço urbano carioca se caracterizava até então.

Reconhecer esta lamentável realidade, apesar de alguns esforços em sentido contrário, deveria ser o primeiro passo para retomar a luta por uma cidade justa e para todos.

2 comentários:

Edmilson Santos disse...

roberto,não vou comentar sobre esse assunto,mas gostaria de dizer algo que fiquei,de baca aberta,quando vi,passando pela a placa,da obra da ponte que ligará são joão da barra á são francisco, percebi que o governo do rio repassou a obra para o governo federal,gostaria que vc aprofunda-se nesse assunta e comenta-se sobre esse assunto fica aí a dica.

douglas da mata disse...

Pois é caro amigo, sabe aquela impressão ruim de que esta merda não tem jeito?

Então, ela se soma aquela de que prega-se no deserto.

Os interesses mercantis-imobiliários e as compras governamentais que advêm da militarização do combate ao varejo do tráfico calam qualquer argumento ou bom senso.

A entrevista sofrível do governador (hoje de manhã no Bom Dia PIG Brasil) repetindo os lugares comuns sobre aumento de contingente e "treinamento" dos militares (policiais) é de fazer corar frade de pedra.

Hoje a noite, o Jornal PIG Nacional mostra um promotora questionando o abandono das UPP.

Depois mostram os números de decréscimo de crimes como resultado direto da UPP...

Uma irresponsabilidade: Qualquer idiota sabe que o crime, ou os crimes, têm múltiplas causas e múltiplos efeitos...

Eis o mote: mais e mais dinheiro para jogar pelo ralo, mais e mais compras governamentais...

Cansa, meu amigo, cansa...