domingo, novembro 09, 2008

Debate sobre o orçamento de Campos amanhã na UFF

O blogueiro foi convidado pela professora Ana Maria Almeida, para uma palestra seguida de debate sobre o tema "Royalties, orçamento e políticas públicas: um debate necessário” dentro das atividades do projeto de Extensão “Segundas debates”na UFF Campos - ESR/UFF entre 16 e 18 horas. Os leitores e colaboradores do blog que se interessam sobre este árido assunto que é o orçamento público municipal estão convidados para conversar e debater. O debate pretende analisar a evolução orçamentária do município, o peso dos royalties x arrecadação própria e ainda, a execução orçamentária dos últimos anos em que cresceram enormemente, as despesas de pessoal e custeio com a ampliação das atividades-meio, em detrimento da redução dos investimentos em infra-estrutura e em desenvolvimento social. O blogueiro e a UFF aguardam sua presença.

7 comentários:

Anônimo disse...

Este Orçamento para 2009 está " inchado", na medida que supõe uma conjuntura de crescimento da economia que não mais vai ocorrer, como decorrência da crise americana. Por outro lado, previa uma cotação média do barril de petróleo a 100 dólares, quando dificilmente o preço vai ultrapassar 70 no ano vindouro. Chegou a hora de Campos começar a cuidar de sua arrecadação própria abandonada em função do enorme volume de transferências fiscais federais e estaduais.

Anônimo disse...

Flagrante- Prezado blogueiro, hoje me senti orgulhoso de ter votado na Prefeita eleita Rosinha Garotinho - estava almoçando no farol, qudo olho ao lado, quem q entra sorridente e simples no restaurante, ela, ela mesma, rosinha cumprimentando a todos com aquela simplicidade q Deus lhe deu.Qual o prefeito q depois de eleito vai ao encontro dos seus eleitores assim . nunca vi.. vi sim, em passeata. mas com essa expontaneidade, realmente nunca vi.Sonhei q ela vai fazer um governo impecável.
J gomes

Armandao.com disse...

Belíssimo compromisso a ser assumido como parte de um projeto a favor de nossa Campos.
Estarei convidado !

Armando Barreto

Imbeloni disse...

Extraido do Blog do Luiz Carlos Azenha (www.viomundo.com.br).

Denúncias...

BURINHO: GILMAR MENDES EMPREGA MAIS DA METADE DO STF

Atualizado em 09 de novembro de 2008 às 11:37 | Publicado em 09 de novembro de 2008 às 10:55

Abaixo, parte do corpo docente do IDP que pertence ao Gilmar Mendes: mais da metade dos ministros do STF está aqui. O Jobim também está nessa boquinha:

Gilmar Mendes(Ministro do STF e atual presidente do STF);
Eros Grau(Ministro do STF);
Cezar Peluso(Ministro do STF);
Carlos Alberto Direito(Ministro do STF e da Opus Dei);
Carlos Velloso(Ministro do STF);
Ayres Britto(Ministro do STF),
Marco Aurélio Mello(Ministro do STF);
Cármen Lúcia(Ministra do STF);
Nelson Jobim(Atual ministro da defesa);
Ives Gandra(Opus Dei);
Everardo Maciel;
José Eduardo Alckmin.

http://www.idp.org.br/web/idp/content/index/id/101

É bom relembrar esse trecho de texto de uma matéria do Dr. Dalmo Dallari que foi publicada na FSP em 05/2002, sobre a indicação do GM para o STF. Os grifos são meus:

"Segundo vem sendo divulgado por vários órgãos da imprensa, ESTARIA SENDO MONTADA UMA GRANDE OPERAÇÃO PARA ANULAR O STF, TORNANDO-O COMPLETAMENTE SUBMISSO AO ATUAL CHEFE DO EXECUTIVO, MESMO DEPOIS DO TÉRMINO DE SEU MANDATO. Um sinal dessa investida seria a indicação, agora concretizada, do atual advogado-geral da União, Gilmar Mendes, alto funcionário subordinado ao presidente da República, para a próxima vaga na Suprema Corte. Além da estranha afoiteza do presidente - pois a indicação foi noticiada antes que se formalizasse a abertura da vaga -, o nome indicado está longe de preencher os requisitos necessários para que alguém seja membro da mais alta corte do país".

publicado em 09/11/2008 - 09:42 por Stanley Burburinho

O TEXTO A QUE SE REFERE O COMENTARISTA, DE DALMO DALLARI, ESTÁ AQUI.



Este é um exemplo genérico dos registros policiais da violência no governo de Sérgio Cabral, no Rio de Janeiro, onde nada é apurado, não são feitas perícias e nem sequer indagam se alguém conhece o nome do chacinado. Tudo é encarado com descaso e burocracia. Infelizmente tem sido esse o comportamento de nossa imprensa, que se limita a reproduzir declarações de autoridades sob suspeição, o que acaba contribuindo para o encobertamento e a impunidade de fatos delituosos.

Um exemplo claro disto é o noticiário referente ao Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP) envolvendo Gilmar Mendes - desculpem-me por ser repetitivo, mas o supremo ministro não sai das páginas de escândalos.



TEMOS QUE AGIR!

(...)Recentemente, a revista CartaCapital publicou uma reportagem com o título "O empresário Gilmar", na qual é considerado "um conflito ético" o fato de o ministro ser sócio do Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP), que mantém contratos com órgãos do governo federal. A reportagem da revista afirma que o IDP foi criado em 1998 e organiza palestras, seminários e treinamento de pessoal, além de oferecer cursos superiores de graduação e pós-graduação, tendo, de acordo com a revista, faturado nos últimos anos, sem licitação, cerca de R$ 2,4 milhões em contratos com órgãos ligados ao governo federal.(...)

(...)"É preciso responsabilidade"

A resposta do presidente do Supremo Tribunal Federal foi rápida, porém nem um pouco esclarecedora ou jurídica, como mostra parte de suas declarações pinçadas do noticiário da Agência Brasil e reproduzidas abaixo:

Vedada acumulação de cargos

O mínimo que a imprensa poderia ter feito para informar os seus leitores seria reproduzir os parágrafos pertinentes, na Constituição da República Federativa do Brasil e na Lei Orgânica da Magistratura, bem como esclarecer qual a estrutura jurídica e financeira das empresas citadas pelo ministro e o seu instituto. Ninguém precisa fazer doutorado em Direito no IDP para isto.

O que está em jogo não são os valores auferidos pelos ministros do STF no IDP. Devem ser simbólicos. Estamos falando de ética. De novo: ÉTICA. Portanto, o fato de ministros,da mais alta corte do País, estarem envolvidos
com uma empresa que participa de licitações em órgãos públicos é uma vergonha e precisa ser devidamente esclarecido para a sociedade. Ninguém está com a paranóia de acusar os outros. O que se discute aqui é se ministros do STF podem ter relacionamento com esse viés.

Da Constituição Federal temos: Art.37: "A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:

"XVI - É vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto quando houver compatibilidade de horários, observado em qualquer caso o disposto no inciso XI.

a) a de dois cargos de professor;

b) a de um cargo de professor com outro, técnico ou científico;

c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas."

Empresas sólidas e lucrativas

A nossa Constituição diz ainda - Art.101 - que os membros do STF devem ter uma reputação ilibada e, portanto, o óbvio é que em caso de mínima suspeita - que pode ser infundada ou não - tudo seja apurado, e não encarado com agressividade e ironia.

Da Lei Orgânica da Magistratura temos:

"Art. 36 - É vedado ao magistrado:

I - exercer o comércio ou participar de sociedade comercial, inclusive de economia mista, exceto como acionista ou quotista;

II - exercer cargo de direção ou técnico de sociedade civil, associação ou fundação, de qualquer natureza ou finalidade, salvo de associação de classe, e sem remuneração;

III - manifestar, por qualquer meio de comunicação, opinião sobre processo pendente de julgamento, seu ou de outrem, ou juízo depreciativo sobre despachos, votos ou sentenças, de órgãos judiciais, ressalvada a crítica nos autos e em obras técnicas ou no exercício do magistério."

E o resto? O resto é solicitar à Comissão de Valores Mobiliários o registro do IDP, saber se é uma sociedade por ações ou anônima, saber se nos registros do nome desta instituição existem as palavras Cia. ou S/A (sociedade anônima) - exigência legal, data vênia - e vamos por aí explicando à sociedade brasileira o que ela merece e que uma alta autoridade se nega a fazer "esquecendo" o artigo 37 de nossa Constituição Federal.

Afinal de contas, nestes tempos de quebradeira financeira, por que não comprar umas cotas ou ações de empresas sólidas e lucrativas como o IDP?

http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=508FDS006

Imbeloni disse...

Blog do José Dirceu

08/11/2008 08:50
Quatro candidatos a presidente já miram 2010
O governador de Minas Gerais, Aécio Neves ...

O governador de Minas Gerais, Aécio Neves, registram os jornais, é convidado para se filiar ao PMDB por ninguém menos que o presidente nacional do partido, deputado Michel Temer (SP) e pelo líder do partido na Câmara, deputado Eduardo Alves (RN). Ao mesmo tempo, o ex -presidente senador José Sarney (AP) informa ao presidente Lula que o PMDB não abre mão da presidência do Senado.

Como vemos, e como tenho dito, 2010 é agora e o PT tem que tomar ao pé da letra essa realidade. Precisa se unir, priorizar 2010 e ter a consciência do risco real, já que é um direito do nosso principal aliado (o PMDB) nas próximas eleições presidenciais ter uma candidatura própria. Fora a disputa que o governador tucano paulista José Serra levará até às fileiras do PMDB para criar uma base de apoio à sua pretensão presidencial.

O que está em jogo, então, vejam bem, é não só a aliança com o PMDB, mas nossa ida para o 2º turno em 2010. Não é impossível vislumbrar-se hoje - e esse já é o quadro real - um cenário com quatro candidaturas ao Palácio do Planalto: a do PT, provavelmente a ministra-chefe da Casa Civil da presidência da República, Dilma Roussef; a do PMDB, Aécio Neves; a do PSDB, José Serra; e por fim a do PSB, deputado Ciro Gomes (CE).

Sem falar na hipótese de uma chapa tucana Serra-Aécio, com um candidato do DEM a governador de São Paulo. Há, ainda, a possibilidade real de uma aliança Aécio-PSB com o deputado Ciro Gomes de candidato a vice-presidente. E tudo depende, também, de interesses regionais, particularmente, de garantir o apoio para nossa/o candidata/o presidencial no Rio de Janeiro e em Minas Gerais.

Imbeloni disse...

Senadores tramam tirar Temer do comando do PMDB
Lúcio Távora/Folha




Senadores do PMDB discutem nos subterrâneos a hipótese de deflagrar um movimento para apear Michel Temer (SP) da presidência do PMDB.



Argumenta-se que, se eleito presidente da Câmara, Temer deveria abrir mão do comando partidário.



Dois nomes freqüentam a lista de potenciais substitutos: Romero Jucá (RR), líder de Lula no Senado, e José Sarney (AP).



Visto como favorito na disputa pela cadeira de Arlindo Chinaglia (PT-SP), Temer está na bica de se converter numa espécie de superdeputado.



Prevalecendo na sucessão interna, acumulará as presidências da Câmara e a de um vitaminado PMDB. Daí a ciumeira.



Coisa parecida só aconteceu na última metade da década de 80. Nessa época, a figura lendária de Ulysses Guimarães desfilava por Brasília como tríplice presidente.



Além da Câmara e do PMDB, Ulysses presidia o Congresso Constitutinte e planava sobre o governo de José Sarney como eminência parda.



Há um mês e meio, sem alarde, A Executiva Nacional do PMDB decidiu prorrogar por um ano os mandatos dos atuais dirigentes do partido.



Com isso, a presidência de Temer, que terminaria no primeiro trimestre de 2009, foi esticada até março de 2010.



Significa dizer que, noves fora o comando da Câmara, Temer vai segurar as agulhas que coserão o véu que o PMDB vai envergar em 2010.



Convertido em “namoradinha” da sucessão de Lula, a tribo dos peemedebês oscila entre o vermelho do petismo e o azul do tucanato.



Enquanto inventaria os dotes, o partido se faz de difícil. Desconversa com o lero-lero da candidatura presidencial própria.



Temer não é Ulysses. Mas, embora tenha concordado com a prorrogação do mandato do deputado, o PMDB do Senado dá sinais de arrependimento.



Submetido à pregação dos senadores, Garrincha perguntaria: combinaram com os russos?



Uma troca de chefia no PMDB passaria pela renúncia de Temer. E uma saída voluntária do gramado é coisa que não passa pela cabeça do ‘russo’ paulista.



Em privado, Temer considera –vaga e hipoteticamente— a idéia de se licenciar da presidência do PMDB caso venha a comandar a Câmara.



Neste caso, o leme partidário passaria às mãos da deputada federal Íris de Araújo Rezende (GO), primeira vice-presidente do PMDB.



O principal atributo político de dona Íris é o matrimônio que mantém com o prefeito reeleito de Goiânia, o homônimo Íris Rezende.



Ou seja, na prática a interlocução de 2010 continuaria passando pelo gabinete de Temer.

Escrito por Josias de Souza às 11h32

Imbeloni disse...

lat5Um novo Bretton Woods é possível?


Segue abaixo um dos últimos editoriais do portal eletrônico do PSTU redigido por Eduardo Almeida Neto, da direção nacional do partido. Escrito no início da semana – antes, portanto da vitória de Obama – o texto faz uma análise sucinta, mas precisa, do quadro encômico-político-social do mundo contemporâneo, no contexto da crise, e faz a crítica às propostas reformistas de saída para o quadro estabelecido, apontando a necessidade de uma orientação socialista para a superação da crise, e mais, da dinâmica de crises – cada vez mais profundas – às quais o capitalismo submete a humanidade. Excelente base para um debate na esquerda.



A nova utopia reacionária: um novo acordo de Bretton Woods é possível?




Em meio à crise, setores acreditam que empresas e governos imperialistas poderiam se unir para regular e reduzir seus lucros e criar uma ordem mundial e um capitalismo mais humanos
A crise econômica que está iniciando tem um conteúdo histórico. Já é claramente a mais grave do capitalismo desde 1929. Seu curso ainda não está claro. Pode levar a uma recessão importante, seguida de novos ciclos de crescimento com auges mais frágeis e crises mais graves. E pode levar também a uma depressão semelhante à de 1929.




De uma forma ou de outra, é uma crise com um profundo significado econômico, social, político e ideológico. A situação política está se modificando ao seu compasso. Um terremoto ideológico fez desmoronar o edifício montado pelo neoliberalismo. A propaganda capitalista da “morte do socialismo” está vindo abaixo.




Mas ainda não existe uma alternativa clara a vista, nem no movimento real das massas trabalhadoras nem em termos ideológicos. O stalinismo foi profundamente atingido pela crise do leste europeu, embora seus remanescentes (os Partidos Comunistas que restaram) possam tentar retomar algum espaço. O nacionalismo burguês, como Chávez, e os governos de frente popular do continente, como os de Lula e Evo Morales, apesar de alguns já não viverem mais o auge de seu prestígio, vão tentar se apresentar como alternativas.




Por este motivo, é necessário trazer para o debate as propostas que já estão circulando nestes círculos do reformismo de centro-esquerda. A mais importante delas é, sem dúvida, a de um novo Bretton Woods.




Essa é a proposta de Ignácio Ramonet, do Le Monde Diplomatique e um dos fundadores do Fórum Social Mundial. “Hoje o mundo tem de dotar-se de uma nova arquitetura financeira internacional, um novo Bretton Woods que inclua países como China, Índia, África do Sul, Brasil e México”, afirma Ramonet.




Essa também foi a conclusão da Conferência Internacional de Economia Política, patrocinada pelo chavismo e recentemente realizada em Caracas. A declaração dessa conferência afirma: “A necessidade de reconformar a arquitetura econômica e financeira internacional é hoje ineludível. Dentro de tal perspectiva se inscreve a necessidade de uma saída pós-capitalista, denominada pela Venezuela como Socialismo do Século XXI”.




A brutal crise que se inicia exige uma resposta. Exige a ruptura com o capitalismo. No entanto, os setores mais importantes do reformismo defendem o mesmo de sempre: um capitalismo mais humano, com uma nova arquitetura financeira.




Os regulacionistas




Existem correntes críticas ao FMI e ao neoliberalismo que apontam como alternativa um Estado capitalista com mais ênfase no investimento social. Esses setores, como Ramonet, se apóiam numa corrente de pensamento econômico: a regulacionista.




Essa corrente surgiu na França, na década de 1970, como tentativa de síntese do marxismo e da economia burguesa keynesiana. Afirma que é possível estabelecer regulações econômicas (internacionais, entre as empresas, a partir do Estado e na organização do trabalho) que permitam ao capitalismo evitar as crises e se humanizar. Segundo essa corrente, a crise atual é uma crise de regulação e não uma crise clássica de superprodução, agravada por um crack financeiro. Bastaria, portanto, encontrar as regulações certas e aplicá-las para sair da crise.




Mais uma utopia reacionária




Falar de um novo Bretton Woods significa reivindicar um novo acordo interimperialista que ponha ordem no caos criado pela crise econômica. Os reformistas do tipo Ramonet criaram o Fórum Social Mundial sob o lema “um outro mundo é possível”, dentro do capitalismo. Agora, seguem batendo na mesma tecla, com algo semelhante a “um outro Bretton Woods é possível”.




Acreditam em um acordo entre os países imperialistas, que crie um capitalismo mais humano, que inclua China, Brasil, Índia, México, África do Sul. A idéia é mais ou menos a seguinte: todos esses governos se sentam à mesa, negociam até chegar a um consenso para reordenar o mundo em benefício de todos.




A declaração da Conferência de Caracas tem o mesmo sentido: “Em escala global, deve se continuar com as demandas para uma profunda reforma do sistema monetário financeiro internacional, que implique a defesa das poupanças e a canalização das inversões para as necessidades prioritárias dos povos”. Esse novo Bretton Woods deveria também fazer com que o capitalismo invista mais em gastos sociais. Como afirma a declaração de Caracas: “Em um momento crítico como o atual, as políticas nacionais e regionais devem dar prioridade aos gastos sociais, e proteger os recursos naturais e produtivos. Os Estados devem introduzir medidas urgentes de regulação financeira para proteger a poupança, seguir impulsionando a produção e combater o perigo de descontrole através de imediatos controles de câmbio e de movimentos de capitais”. Trata-se de uma ideologia reformista, uma utopia reacionária. O capitalismo vai buscar sair de sua crise como sempre, pela via de descarregar seus custos sobre os trabalhadores e países semicoloniais e coloniais. Não existe forma de convencer as grandes empresas a reduzir seus lucros e “investir no social”, muito menos agora.




Como sempre, vão reduzir salários e demitir. Não há como convencer os governos imperialistas a não explorar os países dominados. Vão usar a crise para concentrar e centralizar ainda mais o capital, absorvendo empresas em crise nos países dominados, impondo a baixa no preço das matérias primas, cobrando os juros das dívidas.




Pensar algo diferente é deixar de entender o capitalismo como um sistema de produção voltado ao lucro. É acreditar que basta mudar regras e colocar gente mais humana nas empresas e no Estado para acabar com a injustiça. Só que a injustiça é parte do sistema capitalista.




Um novo Estado de bem estar social?




O período após a segunda guerra ficou conhecido como Estado de bem-estar social, no qual os trabalhadores passaram a ter aposentadorias, férias e 13º salário, entre outros. Mas nada disso veio de um capitalismo humano. Foram conquistas, frutos dos grandes processos revolucionários que sacudiram o mundo na esteira de segunda guerra. Naqueles dias, o poder esteve à beira de ser tomado pelos trabalhadores nos grandes países imperialistas da Europa – como França e Itália – e novos Estados operários surgiram, no leste europeu e na China. A aliança do imperialismo ao stalinismo protegeu o capitalismo dessa grande onda revolucionária. Mas foi necessário fazer concessões, como essas do Estado de bem-estar social.




Assim que foi possível, como em todo o período de globalização, essas conquistas passaram a ser atacadas pelos governos imperialistas, fossem de direita ou social-democratas. Hoje não existe nenhum sinal de que as grandes empresas, justo na crise atual, queiram voltar atrás. Esperar que governos como Brown, da Inglaterra, do PSOE, da Espanha, ou um possível Obama vão atacar os lucros das empresas é uma nova ilusão a ser vendida à classe trabalhadora. Estes são governos burgueses, que defendem os interesses da classe que representam. Basta ver a reação diante da crise, enchendo os bolsos dos banqueiros.




A relação entre os Estados imperialistasUm novo Bretton Woods é também reivindicado por governos imperialistas europeus como Sarkozy, da França. É significativo que os reformistas que defendem essa proposta ataquem duramente Bush, mas poupem o imperialismo europeu. No caso de Ramonet, existe um longo histórico de capitulações aos governos da social-democracia, ou seja, ao imperialismo europeu.




Todos esses reformistas cultivam também grandes expectativas na eleição de Obama. Esperam da União Européia uma alternativa social e que a derrota de Bush abra a possibilidade de as relações entre os países sejam definidas pela vontade de ajudar os povos, além de gentileza e amabilidade.




Isso não é possível na relação entre os países imperialistas e os dominados, como já vimos. Mas tampouco pode ser mudada com tranqüilidade entre os países imperialistas.




Bretton Woods foi possível pela hegemonia econômica e militar do imperialismo norte- americano. Hoje a realidade é muito mais contraditória. Pela primeira vez desde a segunda guerra, os EUA têm sua hegemonia econômica colocada em questão pela profundidade da crise e por ser o epicentro da própria crise. Mas não existe neste momento nenhuma outra potência que ameace realmente seu domínio. Nem a dividida Europa, e muito menos o Japão. Além disso, a superioridade militar norte-americana é brutal. Isso exclui a possibilidade de os imperialismos resolverem rivalidades com o recurso das duas guerras mundiais. Essa situação até agora permitiu que os EUA sigam se beneficiando de sua posição hegemônica mesmo sem ter a liderança econômica de antes.




O caráter cada vez mais parasitário dessa exploração é incrível: os EUA funcionam como uma imensa aspiradora da mais valia mundial, financiando seus gastos muito acima da capacidade de sua economia, com uma injeção de capital de três bilhões de dólares por dia. Outra expressão disso é que o dólar segue sendo a moeda mundial, apesar de toda a crise financeira. Até quando isso poderá seguir? Essa é uma resposta que não poderá ser dada pelos reformistas do novo Bretton Woods. O governo dos EUA – seja Obama, seja McCain – defenderá antes de mais nada os interesses de sua burguesia. Só a evolução da própria crise – e suas imprevisíveis conseqüências na luta de classes – poderá alterar o papel do dólar na economia e a relação entre os países.




Um exemplo pode ser a reunião dos governos imperialistas convocada para o 15 de novembro. É improvável que se consiga, ainda no início da crise, qualquer solução real para uma nova arquitetura financeira. Ao contrário do Bretton Woods original, a realidade não definiu os ganhadores e os perdedores. É preciso apontar um programa anticapitalistaA utopia reacionária de um novo Bretton Woods serve para os reformistas esconder que a única possibilidade de mudança real é a ruptura com o capitalismo. Durante a crise de 1929, a URSS (mesmo travada pela burocracia stalinista) crescia a taxas fantásticas.




As grandes crises políticas que surgirão da situação econômica que está se abrindo abrem a possibilidade de que o movimento de massas entre em uma trajetória anticapitalista.




Não existe nenhum esquema que assegure que crise econômica provoque ascensos revolucionários. Uma crise pode, ao contrário, trazer desalento e passividade. No entanto, abre-se também uma outra possibilidade, que não existiria em períodos de estabilidade econômica: o de grandes enfrentamentos na luta de classes, que podem levar a insurreições e revoluções. A esquerda terá um grande desafio: o de dotar esse movimento de um programa revolucionário, anticapitalista. Que parta das reivindicações mais sentidas pelos trabalhadores, como a luta contra as demissões, e avance para a expropriação dos bancos e das grandes empresas multinacionais e nacionais sob controle dos trabalhadores. Que defenda a ruptura com o imperialismo e seus organismos de dominação como o FMI e Banco Mundial e o não pagamento das dívidas públicas. Que coloque a planificação da economia para suprir as necessidades dos trabalhadores e da população e não de garantir os lucros de uma minoria ínfima de exploradores. Que aponte a perspectiva socialista como única saída de fato ao abismo a que o capitalismo está nos levando.




A utopia do “outro mundo possível” dentro do capitalismo já era reacionária no início dos anos 2000, quando foi criado o Fórum Social Mundial. Muito mais agora em que a brutal crise econômica que se inicia vai exigir um programa de ruptura com o capitalismo como uma necessidade imediata em muitos países.

Postado por Maycon Bezerra de Almeida às 07:49