sexta-feira, maio 30, 2014

"Corelocs": símbolo do desperdício e da ineficiência no projeto de construção do Porto do Açu

16 mil peças de corelocs sendo destruídos no Açu - Símbolo do desperdício
Coreloc, uma peça modular que chegou a ser apresentada, como um dos símbolos da inovação tecnológica do chamado Super Porto do Açu, hoje, acabou se tornando, uma espécie de símbolo do desperdício, nas obras de implantação do porto, que além de ver seus custo seguidamente aumentados, vem tendo seu cronograma de inauguração seguidamente adiado por um período que se aproxima de quatro anos.

O coreloc é uma peça de encaixe de concreto construída (montada) que tem dimensão de 2,6 metros de lado e possui peso de 10 mil quilos ou 10 toneladas. Os corelocs começaram a ser produzidos logo após o início da construção do porto e dos serviços de terraplanagem da área de restinga no Açu, entre os balneários de Grussaí, no município de São João da Barra e Farol de São Tomé, no município de Campos dos Goytacazes.

A finalidade dos corelocs, uma espécie de peças do brinquedo "lego" de grande porte foram projetadas para serem encaixadas umas às outras e depois colocadas empilhadas no mar para servir de quebra-mar e base para píeres.

Pelo projeto inicial do Porto do Açu, que antes tinha apenas o desenho de um terminal, os corelocs teriam instalado em seu interior um chip, com a finalidade de ter a sua localização submarina identificada pelas coordenadas geográficas, de modo similar ao processo de localização de um GPS.

Armazenamento corelocs - peças de encaixe de concreto 10 toneladas cada -
Montadas 16 mil - custo estimado de cada peça R$ 10 mil
Segundo as informações coletadas pelo blog, de variadas fontes, o projeto previa a necessidade 21.400 peças (corelocs). As informações indicam que cerca de 16 mil corelocs foram montados pelo consórcio de engenharia civil que começou a construção do porto em 2007, constituído pelas empresas ARG e Civil Port.

Com o processo de montagem das peças, era possível construir cerca de 60 unidades por dia. Pelas informações coletadas, as 16 mil peças consumiram mais de um ano de trabalho. O custo estimado de montagem de cada peça, sem atualização de valores foi de cerca de R$ 10 mil. Sendo assim, o custo total para a construção das 16 mil peças, foi estimado por quem acompanhou o projeto, em R$ 160 milhões.

Formas de montagem de corelocs de concreto em 2009 no Açu
Consórcio ARG - Civil Port
Estes corelocs ficaram durante este longo tempo, de mais de cinco anos, armazenados em mais de um pátio, próximos ao litoral e ao terminal 1 do porto do Açu. No início da construção do porto estes pátios eram mostrados euforicamente aos visitantes, como símbolos da ousadia tecnológica do projeto portuário, a partir das janelas dos ônibus que circundava as obras de implantação do terminal portuário.

Recordo-me que, numa vista, em 2008, organizada pela empresa para blogueiros da região, o jornalista Vitor Menezes, crítico e sempre seu humor simultaneamente fino e afiado, depois de ouvir muitas informações sobre os corelocs, e de ver o pátio cheio destas enormes peças, brincou com a jornalista-guia, sugerindo que a empresa, tal a fascinação pelas peças, que elas fossem transformadas, numa espécie de "souvenir-símbolo" do projeto, apresentado na ocasião, a nível nacional e mundial, como sendo, o super Porto do Açu

Recordei-me deste fato, ao ter a informação confirmada, por diversas fontes, que com a mudança da tecnologia da construção dos terminais (píeres e quebra-mar), e troca deste recurso pelo uso dos caixões  de concreto, através dos equipamentos das empresas espanholas Acciona (e depois FCC), estes 16 mil corelocs deixaram de ser necessários e seriam destruídos.

Slide Apresentação Corporativa LLX - Agosto 20111 mostrando
pátio de corelocs junto ao Terminal 1 o Porto do Açu
O consórcio ARG-Civil Port que em 2013 teve o seu contrato completamente rescindido, já desde 2011 passou a dar lugar, de forma paulatina, ao trabalho das empresas espanholas. Primeiro a Acciona e depois a FCC. Além desta nova tecnologia elas passaram a se responsabilizar por outros serviços antes executados pelo consórcio, como transporte de pedras das pedreiras em Campos para o Açu em centenas de caminhões entre outras.

Hoje, o consórcio ARG- Civil Port reclama judicialmente um crédito de cerca de R$ 150 milhões, coincidentemente, um valor quase equivalente, ao estimado para a construção dos 16 mil corelocs. A Acciona também reclama judicialmente de um crédito de R$ 500 milhões por conta de atividades e construção do canal do Terminal 2 do Porto do Açu, que hoje faz parte da recuperação judicial da OSX na Justiça.

Pois bem, a apuração feita pelo blog confirmou que os corelocs estão, já há algum tempo, sendo destruídos um a um por máquinas numa área, junto a um dos antigos pátios de armazenamentos dos mesmos.

Há na região quem julgue um absurdo e até um desrespeito, por conta da possibilidade de uso destes corelocs, como solução para, uma eventual redução do problema de avanço do mar e da redução de faixa de areia em Atafona, e agora, mais recentemente na praia do Açu. Neste último caso, por conta de impactos da mudanças no litoral, pela instalação dos quebra-mar e dos dois terminais  que teriam gerado novas movimentações da água do mar e novas correntes marinhas.

O blog não tem como identificar esta possibilidade de uso, mas considera a destruição destes corelocs como um grande desperdício, que talvez, possa ser considerado como símbolo dos vários aumentos de custos e, dos seguidos adiamentos do cronograma de implantação do porto no Açu.

Pelas informações as peças de encaixe, denominadas como corelocs, após destruídas estão sendo utilizadas como uma espécie de entulho (resíduo) junto com as grandes pedras nas pedreiras para encher os caixões construídos pela FCC. Mal comparando, tal utilização, é como se construtoras comprassem tijolos para serem destruídos e depois usados como barro.

16 mil corelocs sendo destruídos no Porto do Açu - Prejuízo  estimado de cerca R$ 160 milhões
O fato configura o símbolo do desperdício que afirmamos no título desta nota. Ele se junta a postagens anteriores, de 2013, quando trabalhadores contratados pela Acciona em diversas entrevistas atestaram que foram contratados e durante meses ganharam sem trabalhar, permanecendo durante todo o tempo no alojamento instalado em quase vinte pavilhões instalados na localidade do Açu.

Sobre o assunto vejam postagens do blog em abril de 2013: aqui e aqui. Porém, mais significativa é esta postagem de 10 de maio de 2013 em que o blog detalha estranhezas na contratação, no trabalho e no pagamento sem trabalho pela Acciona. Veja a postagem aqui.

Voltando ao tema do desperdício dos corelocs. As diversas imagens obtidas pelo blog e publicadas nesta postagem atestam a informação central desta postagem. Por conta da apuração deste conjunto de informação o blog entrou em contato com a Assessoria de Imprensa da Prumo Logística S.A. (oficial sucessora da antiga LLX).

Apesar de confirmar o recebimento do email solicitando a posição da empresa, quatro dias depois ainda não recebemos nenhum retorno para apresentar aos nossos leitores junto desta matéria. Assim, decidimos publicar abaixo junto desta postagem as indagações enviadas à Prumo:

"Nosso blog vem apurando há algum tempo a troca de tecnologia e o descarte das peças conhecidas como corelocs como parte construção de quebra-mar no Porto do Açu.

O blog apurou que 21 mil corelocs com cerca de 2,60 m de lado, foram montados para serem usados no Açu pelo Consórcio ARG-Civil Porto. Alguns chegaram a ser usados com problemas.

Eles teriam a função de proteger a bacia de atracação e a área de manobras.

Por uma série de motivos que o blog indaga à Prumo, sucessora da LLX, esta tecnologia deixou de ser utilizada. Um imenso pátio ainda armazena milhares destes corelocs. O blog possui diversas imagens aéreas e locais deste armazenamento,

Atualmente eles estão sendo quebrados, destruídos e seus resídios usados para ajudar a encher os caixões da nova tecnologia para construção dos píeres pela empresa espanhola FCC.

Pelas informações que o o blog apurou das mais diferentes fontes cerca de 7 mil já foram quebrados e inutilizados par auso como peças de encaixe por máquinas

As pesquisas do blog chegaram à informação de que a montagem de cada coreloc custou cerca de R$ 5 mil. Que os mesmos seriam dotados de chips para localizar suas posições geográficas no fundo do mar. Que as formas utilizadas para estas montagens estão sendo (ou já foram) vendadas para ferro velho. Que o consórcio encarregado para este serviços, assim como para a primeira etapa de construção do Porto do Açu, o Consórcio entre as construtoras ARG e Civil Port, cobra hoje na justiça uma dívida de R$ 150 milhões, onde parte deste crédito (a metade) seria referente à montagem destes corelocs.

Há na região pessoas que reclamam que estas 21 mil peças poderiam ter sido utilizadas para reduzir o impacto do avanço do mar em Atafona, e agora no balneário do Açu, onde o recuo da faixa de areia, no litoral, em área contígua, ao quebra-mar do Terminal 2 é cada vez maior.

O blog vai publicar um extenso material sobre o assunto e gostaria que a empresa pudesse antes manifestar sua posição a respeito assunto. De forma especial, o blog argui:

1) Quantos corelocs forma montados e quantos forma usados?

2) Quais foram os problemas identificados?

3) Por que forma descartados para uso na construção dos quebra-mar?

4) Quais os prejuízos que a Prumo (LLX) teve para mudar o projeto inicial e se o fato tem relação com o rompimento com o contrato com o consórcio ARG/Civil Port?

5) Por que a empresa, que tem ações em bolsa vem omitindo tal fato dos investidores e da sociedade como um todo?

6) Por que não foi ventilado a utilização das peças em projetos que contribuíssem com a comunidade como em projetos de contenção do litoral em Atafona ou no Açu?

7) O desmonte das peças de corelocs está sendo feita em local distante. Isto objetiva esconder esta realidade das demais empresas e trabalhadores?

8) O seu uso como o material de descarte nos caixotes da FCC não é um novo desperdício, já que assim eles teriam a mesma função das pedras vindo das pedreiras?

9) A construção e implantação de terminais em mar aberto não está ligado à substituição da tecnologia antes projetadas?

10) O que a Prumo Logística tem ainda para complementar as informações solicitadas acima?

O blog aguarda um retorno da Assessoria de Imprensa sobre as perguntas formuladas com o intuito de bem informar os milhares leitores antenados que diariamente acompanham o blog."

O blog reafirma o interesse em divulgar a posição da empresa Prumo Logística S.A.

Abaixo fechamos com mais algumas imagens recentes dos corelocs estocados e sendo destruídos no Porto do Açu:




10 comentários:

Anônimo disse...

Só vamos ver alguma obra quando algum politico for perder a sua casa em atafona, infelizmente é a pura realidade!

Anônimo disse...

Não poderiam os corelocs serem a solução para um quebra mar naquela região onde o mar está avançando no Açu ?
Lá sempre teve esse processo de diminuição da faixa de areia porém agora foi grandemente acelerado e pelo jeito vai derrubar aquelas casas.
Uma outra proposta seria a utilização deles como recife artificial ali mesmo no Açu, como compensação ambiental, pois além de criar um ambiente de reprodução de espécies também criaria proteção contra as redes de arrasto. isso já foi feito em outros lugares do país com peças de concreto justamente para isso.
ALÔ MPRJ OLHA AÍ A COMPENSAÇÃO AMBIENTAL.....

Anônimo disse...

Se nao fosse o porto la, nao ocorreira riqueza nessa regia, empregos e familias se instalando... Que blog mais sensacionalista... Afff!

Anônimo disse...

O comentário acima parece ter sido do pessoal da empresa. O discurso é sempre o mesmo de que vale tudo pelo emprego. Melhor seria se usassem este tempo para responder as questões levantadas pelo blog.

Sensacionalista mesmo é o desperdício milionário.

Anônimo disse...

Os investidores que perderam milhões devem ficar de cabelo em pé quando souberem disso, afinal não é nenhum trocado que está sendo jogado fora em. E ai dona LLX, ops PRUMO, quem está pagando essa conta?!

Joca Muylaert disse...

http://carraspanacampista.blogspot.com.br/2014/03/engenheiro-ronaldo-saad-denuncia-o-que.html

Roberto Moraes disse...

Olá Joca,

Eu não conhecia esta postagem com a observação e análise do Ronaldo.

Interessante que desta forma, apenas completei com algumas informações sobre os custos e sobre o uso que estão sendo dados aos mesmos.

Grande abraço.

Roberto Moraes disse...

Joca,

Em meio à correria que tenho andado, vez por outra, fui conferir porque o José Ronaldo também me envia seus interessantes comentários e vi que ele também tinha me enviado estas suas observações.

De qualquer forma, acho que é interessante ter voltado ao tema, agora com alguns outros elementos.

Abs.

Maria Amelia disse...

Roberto, lembrei-me de uma postagem feita por você em 01 de junho de 2008 sobre praia em Alexandria.
Maria Amelia

Roberto Moraes disse...

Sim. Vou procurar.