quarta-feira, janeiro 04, 2017

“Vamos ficar só com o royalty sem benefício para população. Seremos uma Nigéria. Esse petróleo não queremos, preferimos que fique no fundo do mar”

A indústria nacional e suas associações se mantiveram silentes durante longo tempo, junto com as federações que têm na presidência ex-empresários, hoje rentistas, como a Fiesp e Firjan.

Assim, submergiram junto com a Lava Jato e ajudaram nas artimanhas políticas que culminaram com o golpe. Só agora começaram a reagir ao processo montado pelo governo Temerário de entrega do país e sem um projeto nacional. É neste contexto que vale conhecer a fala do presidente da Abimaq (Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos), José Veloso Cardoso, publicado em matéria nesta segunda-feira, (2 jan.) no Valor:

"Quando se fala de concessões públicas e das rodadas de leilão do setor de petróleo e gás é necessário haver contrapartidas para a geração de renda e emprego no país. A abertura para a exploração de petroleiras estrangeiras nos próximos leilões, certamente vai atrair mais interessados. Isso pode transformar o Brasil num país da Opep, mas vamos ficar só com o royalty e não gerar benefício diretamente para a população. Seremos como Nigéria ou Venezuela. Sem criar uma cadeia de valor agregado, não promovemos riqueza. Esse petróleo não queremos, preferimos que ele fique no fundo do mar”.

A Noruega avançou no desenvolvimento da indústria do petróleo com apoio e planejamento de medidas de conteúdo nacional/local. Aqui no Brasil até a estatal norueguesa Statoil defende que se suspenda estas medidas para atuar livremente em busca de lucros e sem se importar com o país. 

Conteúdo local/nacional é um dos itens de soberania. Eles podem ser readequados, reajustados, ou aperfeiçoados mas nunca suprimidos. Se o Brasil não se dá o respeito e nem se interessa por um projeto de nação, quem haverá de fazer?

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