sábado, janeiro 27, 2018

Número de sondas de exploração de petróleo no Brasil mostra que novo ciclo petroeconômico está por vir e encontrará a Petrobras mais vulnerável

No dia 5 de março do ano passado, portanto, há quase um ano, este blog divulgou em postagem aqui que o Brasil tinha reduzido o número de sondas de perfuração de petróleo de 92, no ano de 2012, para apenas 15, naquele início do ano de 2017. [1]
Gráfico nº 6 da tese do autor, P. 112. [2],
Um quadro como versão preliminar deste gráfico
foi publicado na postagem do blog em 5 mar. 2017.

As sondas são embarcações que realizam perfurações e preparação de poços de petróleo para a produção que a seguir será feita com interligação de equipamentos desde a cabeça dos poços às plataformas de produção.

O fato demonstrava como funciona o processo com a inversão de fases do ciclo petroeconômico. Preços mais baixos do barril de petróleo reduzem os investimentos na procura de novas reservas. Isto acontece em todo o mundo.

É bom lembrar que isto faz com que que as reservas sejam reduzidas, o que ajudará a valorizar as reservas e levar a uma nova fase de expansão dos preços, em novo ciclo petroeconômico.

Pois bem, nesta semana, a empresa americana (para-petroleira) Baker Hughes divulgou que o Brasil terminou o ano passado com 14 sondas de perfuração em atividade. Enquanto isto, no mundo, a ampliação das contratações de sondas já estão aumentando de forma paulatina, mas relativamente constante.

Já a Agência Nacional de Petróleo (ANP) divulgou e o site PetroNotícias repercutiu que do total de sondas de perfuração em atividade atualmente no País, 11 estão em blocos terrestres e cinco em marítimos (ffshore). Ao todo, 5 delas estão realizando perfuração, enquanto as demais trabalham em restauração, avaliação, completação e teste de longa duração. [3]

Em março do ano passado, o blog informou que um total de 10 corporações eram as donas destes 15 navios-sonda. A Odebrech Drilling possuía 3 fretadas sendo duas para a Petrobras e uma para a francesa Total. A Transocean; Seadril; ODN GMBH e Queiroz Galvão possuíam cada um duas sondas fretadas. As outras cinco proprietárias de navios-sonda operando no Brasil são: Caroline Marine; Etesco; Drilling Hydra; Drilling Skopelose Schain Engenharia. 

De lá para cá estes contratos tendem a ser alterados com os interesses das petroleiras privadas estrangeiras que ganharam da Petrobras ativos (campos) em várias áreas, inclusive do pré-sal. As petroleiras estrangeiras fazem acordos comerciais ligados a seus negócios nos países ondem possuem ativos, pouco se importando com o país onde explora e por isso tanto lutaram para derrubar as exigências que o Brasil fazia na Política de Conteúdo Local (PCL).

Para se ter uma ideia da repercussão dos valores dos contratos das sondas nas diferentes fases do ciclo petroeconômico, vale relembrar que no período de boom da exploração de petróleo no mundo, o custo médio de afretamento deste navios-sondas custavam em torno de US$ 500 mil por dia. Na fase de baixa do ciclo do petróleo com a baixa do valor do barril, o custo médio de afretamento caiu pela metade, entre US$ 250 mil/US$ 300 mil.

Por estes dados é possível identificar como o Brasil e a Petrobras entrarão muito mais vulneráveis, quando uma nova fase de expansão de preços do barril de petróleo, em novo ciclo petroeconômico, se instalarem. 

Os preços do barril em trono dos U$ 70, já demonstram a ultrapassagem da fase de colapso e o início de um novo ciclo, cuja fase de boom (expansão) pode ser estimada para a próxima década.  

Se desejarem leiam a postagem feita aqui no blog em 14 jul 2017, com o título "A geopolítica da energia: os reflexos do ciclo do petróleo e sua relação com o Brasil" [4] que oferece mais informações, interpretações e análises sobre o ciclo petroeconômico e sua relação com a geopolítica. A postagem aponta dados e indicadores que demonstram como as reservas de petróleo está mais escassas e como cada vez está mais caro descobrir petróleo no mundo e ainda como estes fatos ajudam a explicar as pressões e os golpes políticos para controle das nações.


Referências:
[1] Postagem no blog em 5 mar. 2017. Contratos de sondas de petróleo no Brasil caem de 92 em 2012, para apenas 15, em 2017. Disponível em: http://www.robertomoraes.com.br/2017/03/contratos-de-sondas-de-petroleo-no.html

[2] Tese do autor defendida em mar. 2017, no PPFH-UERJ: “A relação transescalar e multidimensional “Petróleo-porto” como produtora de novas territorialidades”. Disponível na Rede de Pesquisa em Políticas Públicas (RPP)-UFRJ: http://www.rpp.ufrj.br/library/view/a-relacao-transescalar-e-multidimensional-petroleo-porto-como-produtora-de-novas-territorialidades

[3] Matéria do Oil Prices em 26 jan. 2018. Geiger, Julianne. U.S. Rig Count Rises As Oil Holds Firm. Número de plataformas nos EUA aumenta à medida que o preço do petróleo se mantém firme. Trecho da reportagem: "O número de plataformas de petróleo nos Estados Unidos aumentou em 12 esta semana após a queda na semana passada. O número de plataformas de gás diminuiu num único equipamento. O número de plataformas de petróleo é de 759 contra 566 há um ano. O número de plataformas de gás nos EUA agora é de 188, um aumento de 145 há um ano". Disponível em: https://oilprice.com/Energy/Energy-General/US-Rig-Count-Rises-As-Oil-Holds-Firm.html
[4] Postagem no blog em 24 jul. 2017. A geopolítica da energia: os reflexos do ciclo do petróleo e sua relação com o Brasil. Disponível em: http://www.robertomoraes.com.br/2017/07/a-geopolitica-da-energia-os-reflexos-do.html

PS.: Atualizado às 14: 10 e 14:18: Para acréscimos no texto original e nas referências.

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