quarta-feira, novembro 26, 2008

Mais sobre os 30 mil eleitores independentes de Campos

O assunto foi tema aqui de nota sobre um texto do blog Outros Campos. Por conta dele, recebemos do Luiz Henrique Gomes Moraes o seguinte comentário, por e-mail: "Existiria em Campos um grupo “blindado” às ofertas clientelistas que atingem tanto a massa quanto a elite de empresários e lobistas locais? Há reais possibilidades de expansão desse grupo?" Sim Pr. Roberto Moraes, há sim este grupo. Ele é formado por estudantes, profissionais liberais, de baixa e média qualificação, professores. Eles pertencem a todas as classes sociais, mas é um grupo com um nível de consciência maior. Eles são do Centro ou de Guarus, moro no Parque Cidade Luz, estudo na UENF e votei em Mackoul em 2004 e Odete em 2008, votei nas alternativas aos grupos dominantes. São pessoas de 17 a 60 anos de idade, normalmente gostam de falar de política e são mais exigentes às questões políticas.Tem ainda a turma do voto nulo e branco que é mais extremista". "Há muitos estudantes de escola pública como o Agrícola, Cefet, UFF, UENF, e escolas estaduais, Odete puxou muitos votos por ser professora.Muita gente no periodo de eleições dizia pra mim que não votaria em Odete porque ela não teria "chance de vencer" os dois candidatos.Esta elite alternativa e progressista de 30 mil pessoas tem consciência.Infelizmente o povo, a classe média e as elites campistas preferem continuar no Jogo da exploração clientelista/escravista do século XXI, manter o povo na pobreza para angariar votos e continuar usurpando do ESTADO. Luiz Henrique Gomes Moraes”

14 comentários:

Quasepoesia disse...

Sério isso?
Os 30 mil que votaram em Odete formam um grupo “blindado” às ofertas clientelistas que atingem tanto a massa quanto a elite de empresários e lobistas locais?
Formam um grupo com um nível de consciência maior?
Os outros preferem continuar no Jogo da exploração clientelista/escravista do século XXI, manter o povo na pobreza para angariar votos e continuar usurpando do ESTADO?
É sério que li isso?
O BEM e o MAL?
Torna tudo tão simples essa rotulação não é mesmo?
Creio que há deduções mais coerentes e conclusões menos rancorosas...

Brand Arenari disse...

Primeiramente, fico muito feliz com a rede de debates que estamos formando nos blogs locais, as discussões se estendem por outros blogs, e todos nós ganhamos muito com isso.
Caro Luiz Henrique, é muito interessante sua colocação sobre os votos nulos, supondo que eles fariam parte de um setor mais extremado do grupo que discutimos. Isso nos faz pensar que as possíveis alternativas são maiores ainda.
Quanto a “cara” deste grupo, eu não teria tantas certezas como vc. As nossas especulações de quem seriam este grupo são muito parecidas, vide o debate que estamos tendo no nosso blog, mas acho que ainda há muito que se percorrer para entender este perfil de eleitor.
Só tenho uma suspeita em que discordo um pouco de vc. Embora concorde que este tipo de voto aparece em todos os cantos de Campos, desse modo transpassando as classes, ele tende a se concentrar mais num determinado setor. Eu creio que, as certezas sobre isso nós teremos ao analisar mais profundamente este quadro. E claro, continuando nossos debates.
Um abraço
Brand.

Anônimo disse...

Sem querer defender o makhoul, que teve 33.000 votos em 2004 e 23.000 em 2006, diferente da professora odete que teve 27.000 em 2008, acredito que em uma eleição "normal", onde devemos excluir 2006 face a vários motivos da eleição suplementar, o makhoul teve 6.000 votos a mais que odete, possivelmente do seu prestígio pessoal, do atendimento como médico etc.

Anônimo disse...

Em quais ou em qual candidato(s) esses 30.0000 eticos, eleitores, acima de qualisquer suspeitas votou ou votaram nas ultimas eleições?

A) Marcos Bacelar
B) Ilsan Viana
C) Altamir Barbara
D) Nelson Nahim
E) Kelinho

Ou terá sido em:

A) Marcos Alexandre
B) Alciones de Rio Preto
C) Chico da Rádio
D) Adriano do Caminhão de Fossa
E) Dr. Otávo Cabral

Anônimo disse...

Concordo inteiramente com o missivista, em gênero, número e grau.
É preciso mostrar aos nossos administradores que há uma parcela da sociedade que não abaixa a cabeça, mas quer ver a terceira margem do rio.
Queremos mudanças de posicionamento em relação à maneira como são conduzidas as coisas públicas.

Anônimo disse...

Ah sim, então eu votei em Rosinha porque não sou blindado às ofertas clientelistas neh, porque os inteligentes, politizados e independentes votaram em Odete.
Lógica muito preconceituosa esta.

Essa de que os eleitores de Odete pertencem a todas classes sociais, e de todos os bairros, parece ser bonito falar assim mas não é mais que uma fantasia, os votos de Odete assim como os de Mackoul em 2004, se concentraram na pedra e na classe média campista.

Anônimo disse...

Minha opinião é que os 30 mil votantes, incluindo aí Odete e Mackoul, estão fora da (s) boquinha (s) e doidos para, só que não conseguem, pois ou não são bem relacionados e/ou então não tem cara de pau para pedir e depois ter que subir no palanque e tudo mais, pois este é um dos preços cobrados!
Será que O vereador e o MP vão deferir ou indeferir a respeito da conta no exterior de senha ILSAN?
A futura prefeita deve ter a resposta pois, seu marido alardeou por todos os cantos esse assunto.
Estamos ou melhor, estou aguardando para ver que bicho vai dar!
Campista desblindado.

Anônimo disse...

Luiz Henrique Gomes Moraes

Pensar que os votos de Mackoul e Odete vieram da classe média campista pra mim é um ledo engano. Sou POVO, sou massa, assim como meus irmãos e muitos de nossos amigos estudantes votaram em ODETE nestas eleições. Nas carreatas de Arnaldo e Rosinha via bons carros da Honda, Wolks, Toyota etc. Nos comícios via contratados e pessoas de grande poder aquisitivo. Grande parte da classe média votou nos grupos dominantes Caros Anônimos.

Pra mim pensar que a classe letrada da cidade votou em ODETE é achar que o povo não tem capacidade para votar. Então grande parte da classe média campista não sabe votar pois votaram em oligarquias conservadoras, populistas e fifsiológicas com muitos processos na justiça.

Nesta cidade impera um liberalismo conservador de senzala como diz o jurista Fábio Konder Comparato. A periferia não é como há 20 anos atrás, tem gente cursando faculdade particular e pública até federal tem no Rio, estudando e se informando mais mas os currais ainda predominam e parte da classe média ajuda pra isso.

Quando digo que este grupo tem mais consciência quer dizer que não agüenta com corrupção.

A culpa sempre cai no pobre, mas as elites médias e altas contribuem para isso, elas se escondem assim como os anônimos deste BLOG que não botam a cara pra bater de frente.

Esta é a opinião de um pobre, da massa, do povo e não do povão como falam, não vendo voto, não aceito contrato com prefeitura, prefiro me matar de estudar pra ser estatutário, como fez minha MÃE: Estudou de madrugada pra hoje ser enfermeira concursada.

Difícil é aceitar o povo, negro em sua maior parte a andar de cabeça erguida e sem precisar de favores de inescrupulosos.

Roberto Torres disse...

Prezado Luis, nao se trata simplesmente de o bem contra o mal.Os seres humanos sao ambiguos assim como os partidos e a sociedade como um todo. Mas isso nao significa que estejamos impedidos de avaliar as coisas e dizer o que é melhor e pior, mesmo que o melhor nao seja ungido e o pior nao tenha lá a sua serventia de vez em quando. Se voce leu o texto com atencao, voce viu que em nenhum momento Brand fala em nível de cosciencia maior de uma classe. E nao é disso que se trata. A nossa especulacao é que, por condicoes sociais muito específicas, pode haver um classe de pessoas que tem o privilégio de nao precisar de votar segundo as regras do clientelismo, e que este privilégio, se for ou se fosse explorado melhor, poderia render resultados muito melhor em termos de politica do que Garotinho, Arnaldo,Rosinha, Mocaiber... Isso alias nao é muito comum na vida política. Os partidos autonomos, que surgiram com demandas da sociedade, e contra a cooptacao do Estado, a nível nacional e regional, nascem de setores da sociedade que nao dependem da fonte imprevisível de sobrevivencia fornecida pelo clientelismo.

Por exemplo. De onde voce acha que pode surgir mais resistencia ao clientelismo... dos servidores terceirizados constantemente ameacados pela vida imprevisível que os cabidos de empregos lhes outorga, ou setores da classe média, com empregos estáveis?


Anonimo. Nao se trata de dizer que quem votou em Rosinha é um idiota. Voce deve ter razoes para ter feito isso, e talvez consiga mostrar que seu voto é muito mais consciente do que os de Odete e Makhoul. O que eu acho que voce nao consegue mostrar é que a politica do casal Garotinho pode pode significar algo diferente de um clientelismo da pior espécie possível, onde o interesse controlar os pobres pela ameaca do "pé na bunda" sempre foi a tonica.

Splanchnizomai abraçando o amanhã. disse...

Esperem e veremos que Rosinha vai satisfazer as expectativas tanto dos gregos como dos troianos...
Esperem...
E quanto a esse grupo aí, gostaria de deixar registrado que eu era uma dessas que ia para Cinelândia fazer panelaço em greves, torcia pelo Lula, que nos mostrava o outro lado da moeda...

Mas hoje o que creio mesmo é no caráter.
Não importa partido, religião, caranova, nada disso.. O que importa é o caráter. A índole.
Lula me decepcionou...
Rosinha até hoje, não.
Garotinho, muitos falam, falam, mas sabem que ele não é este bicho que pintam. ATé a Veja de 2006, ao se referir a Garotinho, falou da Política do Garotinho, disso e daquilo, mas não teve como falar do "POLÍTICO Garotinho". Se tivesse, falaria... São só evasivas... deixando dúvidas no ar, para os "sem leituras" pensarem o pior.
Acho isso horrível!
Quando não usam de humor negro colocando chifre e rabinho...
Coisas de quem não tem argumentos contras.
Sem contar, a Globo que com suas sutilezas,usa frases entrecortadas, palavras aqui e ali...
Nâo adianta, eu vou atrás, futuco, investigo, e vejo que:
"foram penas no ar..."
Nâo posso catá-las todas...mas posso orar por cada uma delas...
E o nosso Pai de Amor é justo.
Campos, é tempo de Deus para ti!
Eu creio na mudança! Eu creio e oro para que tudo dê certo.
"Ausência de oração é desordem, discórdia, anarquia" ( E. M. Bounds).
Se as pessoas orassem mais e torcessem mais para os que querem acertar, estaríamos vivendo momentos mais confortáveis, mas o negócio, é que às vezes os bons têm que nadar contra a corrente,e ainda pedir a Deus a capacidade de perdoar e avançar apesar de...
Os maldosos e rancorosos são capazes de colocar até os bons contra os bons! Já vi muito disso.
Isto porque não temos personalidade... vamos na conversa de terceiros...
Eu amo investigar... E creio também na mudança das pessoas. Creio no arrependimento.Creio, até que me prove o contrário.

Douglas Azeredo disse...

Como já estive falando no Outros Campos, acredito que os votos da Odete tenham vindo em sua maioria da classe média sim. Luiz Henrique você é povo, eu também sou e muito provavelmente tanto eu quanto você somos da classe média, pois está não se limita apenas a classe média alta, pois o pobre mesmo é aquele que conta as moedas para ter o que comer, mesmo que no fim do mês. É aí que se encontra um dos pontos da questão, já que a classe média possui uma dimensão enorme e esse é um dos motivos pelo qual ela não se identifica como classe.
Acredito que a Odete teve uma significativa parcela de votos de jovens até aproximadamente os 30 anos, pelos que conheço que sem uma referência ou querendo algo novo optaram por ela e de variados bairros e distritos. Óbvio que em determinada região do município ela teve um percentual maior, mas sem dúvidas que os “indignados” estão espalhados.

Roberto Torres disse...

Um debate é o lugar onde podemos discutir as nossas crencas, e de algum modo assumir o risco de alterá-las. Se a pessoa identificada como "jumentinha" tem tantas crencas convictas fica muito difícil debater com ela (ele)..

Quando ao post do Luis Henrique, comentado pelo Doug eu gostaria de dizer mais alguma coisa. Bem Luis, precisamos claro de uma pesquisa que identifique empiricamente o perfil do eleitor de Odete e Makhoul, caso haja um perfil com alguma homogeneidade, para dizermos com certeza de os votos vem da classe média ou nao. Estamos por enquanto especulando com a ajuda de relatos, como o seu, e de quem mais participou da campanha e quiser entrar no debate, sobre a ORIGEM SOCIAL DAS MOTIVACOES DESTES VOTOS. Acho que isso é importante por que podemos ver de onde, de qual classe social, vem um descontentamento que foi capaz de se expressar nos pleitos. Quando a isso, acho que concordamos bastante,nao é?

Mas nossa discordancia, e ai eu concordo com o Brand e com o Doug, é que esses votos, provavelmente, nao vem em sua maioria dos setores mais pobres. Na verdade, precisamos mesmo é de definir melhor as fronteiras e os critérios que definem as classes sociais. Termos como "povo" e "massa" servem para a mobilizacao política, mas eles nao definem muito bem o alvo do que querem apontar. Quem é o povo? Quem é massa? Quais as necessidades cotidianas eles tem em comum? Como essas necessidades os fazem agir politicamente? Quais os limites e possibildiades que estas necessidades trazem?
Quando suspeitamos que esses votos vem de uma parcela da classe média, nao é por achar que os pobres nao sao descontentes com a situacao em que vivem, mas por analisar como esta situacao dificulta muito que o descontentamento seja manifestado com autonomia, com a recusa do clientelismo. Quem nao tem seguranca sobre como e donde vai tirar o sustento do dia seguinte, como vai pagar as contas, é sempre mais vunerável ao jogo do clientelismo. Isto nao é preconceito. Isto é ver a realidade .Preconceito é achar que os mais pobres conseguem ter um comportamento que só os privilegiados da classe média podem ter. Se voce veio de uma familia pobre, assim com eu, hoje, ao estar aqui debatendo e tendo tempo para isso, nao pode mais se achar massa, povao... quantas pessoas da massa fazem isso?

xacal disse...

Caros comentaristas,

Ótimo debate...

Roberto Torres, sua análise é precisa...

Todas as classes sociais utilizam as "ferramentas" que dispõem para intervir no "jogo do poder", e tentar satisfazer suas "necessidades" e expectativas quando exercem seus direitos políticos...

O que difere a massa, da classe média e da elite é a "qualidade" das ferramentas:

ao pobre, como nós, restou a troca do voto para resolver problemas imediatos, mas não menos importantes...

a classe média utiliza seu "saberes" para tentar lustrar seu voto como "conscientizado" , mas na verdade, busca mediar seus interesses no aparato estatal: menos impostos, ruas melhores para trafegar, segurança nos bairros de consumo, etc, etc...

já os ricos reúnem o que a classe política precisa: dinheiro para financiamento de seus projetos, e assim estabelecem trocas mais intricadas, quer seja pelo favorecimento de seus "negócios" na máquina (empreiteiras, agências de comunicação, influência jurídica, etc, etc...)

a democracia é esse emaranhado de desejos a serem realizados e ponderados por quem governa...

não há uma hierarquia que torne a decisão do "voto" pior ou melhor, a decisões diferentes...

no entanto, a escolha política dos gestores, sobre o "modus operandi" para lidar com esses conflitos e demandas é que revelam o "caráter" desses governantes...

em Campos dos G., o que assistimos, sem exceção nesses últimos anos, em todo o espectro político partidário, desde a "direita até a esquerda" foi uma "privatização" dessas relações, com a paulatina extinção da formalidade republicana, em favor de uma "cordialidade do jeitinho", que "favoreceu", de uma maneira ou de outra, todos os "andares da nossa pirâmide social"...

aos pobres o clientelismo mais direto:empregos e pequenos favores, aos classe média: bolsas, empregos mais qualificados, etc...aos mais ricos: favores empresariais mais caros...

um abraço a todos...

Roberto Torres disse...

Xacal, se consegui ser preciso isso é fruto do debate onde somos obrigados a tentar dizer e formular melhor algumas coisas que as vezes achamos estarem bem formuladas, mas nao estao. Nao estou aqui fazendo nenhum política boa vizinhaca, estou somente reconhencendo o valor legítimo do debate franco como lugar onde as alguma coisa interessante pode surgir. Eu concordo com voce que a decisao de votar para atender aos próprios interesses é algo comum a todas as classes sociais, e que nisso nao há hierarquia legítima alguma que possa ser estabelecida. Mas, quando criticamos o clientelismo, nao podemos deixar de admitir que tomamos como ponto de partida uma concepcao de valor dentro da política: a de que é ilegítimo, do ponto de visto de quem recebe os votos, recebe-los em troca de satisfacao de necessidades imediatas de modo igualmente imediato, ou seja, quando a lógica é manter a escravidao politica pela ameaca constante aos pobres de tirar-lhes a fonte de sobrevivencia e seguranca economica. Acho que é por isso que uma politica de Estado voltada para a transferencia de renda, na medida em que consiga dar alguma seguranca de longo prazo aos beneficiados, nao pode ser chamada de clientelista. Se o eleitor sabe que a politica vai continuar idenpendente do voto, ela nao precisa votar sempre preocupado com o estomago... Eu acho que para vencer o clientelismo o negocio e dinheiro mesmo, que tem que ser seguro e estabelecido como politica de Estado, e nao apenas de um governo