sábado, maio 21, 2011

Tese da velha mídia é descartada com humor por escritores em programa da Globo News

A tese da velha mídia é, com muita educação, ridicularizada por dois importantes escritores, na “inquestionável” Globo News, programa “Entre Aspas” apresentado pela jornalista Monica Waldvogel.

Os escritores Marcelino Freire e Cristovão Tezza, ambos ganhadores do prêmio Jabuti, o mais importante do país, com muito bom humor rechaçaram a tese de que, a partir de trechos retirados do contexto ataca o livro "Por uma vida melhor", adotado pelo Ministério da Educação para turmas de EJA - Educação de Jovens e Adultos. Vale a pena assistir:

Vale citar e descrever a passagem em que o escritor Cristovão Tezza explicita assim sua posição:

"Quando você constrói uma gramática escrita, você escolhe formas, passa a escrever essas formas, passa a defendê-las. E elas passam a ser o certo. E aí se começa a estigmatizar o que não está daquela forma. Isso é construção histórica das línguas padrões [...]. O conceito de variedade linguistica é fundamental, não há mal nenhum em mostrar aos alunos, mesmo dos primeiros anos, que a língua é um conjunto de variedades, inclusive para trabalhar com a diferença e a importância da norma culta. O que não precisa é humilhar ninguém para fazer isso.. é um processo esmagador, a escola tem muito poder, o aluno chega lá, só fala a variedade dele, o professor vai olha, você é burro, senta ali no milho… não. Vamos trabalhar de outra forma. É uma questão didática."

13 comentários:

AngelMira disse...

Caro Professor:
Após as primeiras publicações a respeito nos jornais paulistas, fiquei veementemente contra o governo.
Fui acompanhando o debate e notei que tiraram de uma página argumentos para malharem o MEC e assim criarem inúmeras insinuações grosseiras a respeito.
Na língua escrita, como dito pelos escritores, não temos como correr da linguagem da culta. Porém, as modificações e regionalismos etc. ocorrem na língua falada.
Particularmente, meus ouvidos gritam ao ouvirem os paulistas dizerem "dez real", mas adoro ouvir os nordestinos dizerem "que que cê qué mainha", ou os gaúchos dizerem as suas e o mineiros e a lista no Brasil é enorme.
Porém, creio que essas nuances, pelo menos no meu tempo de escola era assim, tive bons professores, graças!, são feitas em sala de aula, pelos professores que é o grande responsável pelo resultado obtido.
Quanto ao livro, apesar do discurso linguístico, ou sociolinguístico, creio que deva registrar a norma a culta, o resto é feito no dia a dia.
Porém, é de se considerar que uma página não pode falar por 500 ou milhares que serão utilizadas.

Roberto Moraes disse...

Olá Angeline,

Como já disse no meu depoimento abaixo sobre a questão, o debate sobre o assunto é saudável, mas o preconceito não.

Tenho lido e aprendido muito sobre o assunto com a polêmica.

Este programa de 24 minutos acabou sendo primoroso para um entendimento mais amplo, do que se pretendia que fosse, aparentemente, uma reafirmação pura e simples da chamada norma culta.
Abs.

Anônimo disse...

Intão tá bão!

Vamu falar co a gente axá meió!

Não presizamus mais de professô de purtugues.

E vamu tudo votáno Lula. Pra ganhá mais borça famia.

AngelMira disse...

E diga-se de passagem, como escrevo e envio sem corrigir, o meu comentário está uma beleza qto à norma culta hahahaha

AngelMira disse...

CORREÇÃO

Caro Professor:
Após as primeiras publicações a respeito nos jornais paulistas, fiquei veementemente contra o governo.
Acompanhei o debate e notei que tiraram de uma página argumentos para malhar o MEC e assim criarem inúmeras insinuações grosseiras a respeito.
Na língua escrita, como dito pelos escritores, não temos como correr da linguagem culta. Porém, as modificações e regionalismos ocorrem na língua falada.
Particularmente, meus ouvidos gritam ao ouvirem os paulistas dizendo: "dez real". Ao mesmo tempo, adoro ouvir os nordestinos dizerem "que que cê qué mainha". No nosso noroeste fluminense copiamos muito do jeito mineiro de falar.E a lista no Brasil é enorme.
Porém, creio que essas nuances, pelo menos no meu tempo de escola era assim, tive bons professores, graças!, são feitas em sala de aula, pelo professor, que é o grande responsável pelo resultado obtido.
Quanto ao livro, apesar do discurso linguístico, ou sociolinguístico, creio que deva registrar a norma culta, o resto é feito no dia a dia.
É de se considerar que uma página não pode falar por 500 ou milhares que serão utilizadas.

Anônimo disse...

Que século esse Tezza vive, onde professores fazem e agem dessa forma? Quanto a Marcelino Freire, conheço bem sua obra e, acredite, escrever o que ele escreveu não o qualifica para falar de educação.

Além disso, não se precisa ensinar o errado para ninguém; o que é necessário é ensinar o certo.

nonst

Roberto Torres disse...

Neste debate ficou claro a existência de categoria social: a dos ignorantes defensores da cultura legítima, que para tal nao deixam de reproduzir a interpretacao criminosa e mentirosa que a mídia fez do livro.

Disse isso no blog do professor Sérgio Diniz e fui acusado de falta de respeito. Achei que falta de respeito fosse reproduzir mentiras sobre uma obra sem chegar o que tem dentro dela, como fez o professor Dinz.

Anônimo disse...

Roberto.
Vc. tem que decidir ou mesmo rever sua opinião a respeito da "velha mídia", sim esta que vc. sempre diz que tantam o 3º turno, preconceituosa, tendenciosa, entre outras mais baboseiras. Usa como exemplo uma reportagem da "velhissima mídia" para justificar sua opinião, que nesse caso, convergem. Ou seja, quando afina, cita como exemplo, como se fosse a confirmação da verdade, quando desafina, discorda, é taxada da culpa de todos os males. Essa prática fica justificável em muitos dos politiqueiros da nossa pobre cidade, mas de um professor, que consegue até aceitar que falar errado é regionalismo, cultura popular, entre outras baboseira!
Pense nisso!

Roberto Moraes disse...

Comentarista das 09:41,

O conceito usado de "velha mídia" não se refere necessariamente a tudo que é impresso ou mais antigo é a mídia preconceituosa e que se julga a "formadora de opinião exclusiva" e que não se conforma que outras formas de expressão exercem hoje este papel.

Os jornais impressos, o rádio e a TV, ditas tradicionais podem, simultaneamente, se apresentar e atuar como "velha mídia" ou não.

É evidente que o blog assim, como ela (outras mídias, velhas ou novas) faz suas escolhas, tem as suas posições e opiniões, muitas vezes, em formação e mutáveis, passíveis de serem contestadas, mesmo por estes que consideram tudo que não lhe interessa como baboseira(s).

Sei que não é fácil para alguns enxergar algo para além daquilo que definiram como "correto".

A sua visão de professor também está superada, aquela figura, que não poderia ser questionada, está há muito superada, por uma nova postura, a de um professor aberto ao debate, articulador da aprendizagem e não mais o dono do saber.

Sds.

Anônimo disse...

Todos aqui, ou pelo menos eu, sabemos que essa questão não passa pelo preconceito ou mesmo "poder enxegar além daquilo que acham ser o correto. Eu trabalho e convivo diariamente com pessoas de ensino fundamental incompleto que escrevem e leem com dificuldade, mas são honestas, éticas, corretas e muito amigas. Em nada a falta de oportunidade de terem concluído seus estudos faz diferença para mim, a não ser para eles mesmo, pois trabalham muito e ganham pouco em funçao da escolaridade. Não tenho preconceito. Aceitar nos dias de hoje que a 7ª economia mundial, coloque em seus livros didáticos (públicos) formas ERRADAS da lingua sobre quaisquer pretesto. Seria o mesmo que aceitar uma campanha de vacinação do ministério da saúde com crianças descalças e semi nuas brincando no esgoto a céu aberto, entre outros tantos exemplos que existem, que são regionais, (in)culturais e que não podemos aceitar.
Temos que virar esta página e não propaga-la!

Anônimo disse...

Ora Ora,Roberto Torres mostra sua cara: autoritarismo ímpar que pretende ideologizar uma questão que passa, sobretudo, pela ciência da educação. Agora, quer nos ensinar como pensar e como criticar. Stalin manda lembranças.
Oyisiat

Rodrigo Manhães disse...

"Os carro" não pode. "Bicicreta" não pode. "Nós vai" não pode. Mas falar "tisôra" querendo dizer "tesoura" pode. Falar "fóis" querendo dizer "foz" pode. Falar "tumátchi" querendo dizer "tomate" pode. Falar "i" como se fosse a conjunção "e" pode. Começar uma frase com "Me empresta" pode.

As formas que "podem" e as que "não podem" são igualmente erradas do ponto de vista da "norma culta". As formas erradas que "podem" são aquelas faladas pelas camadas de maior poder econômico e maior nível de instrução formal. Ou seja, a percepção de "erro" é seletiva em relação à origem social do falante. É a base do "preconceito linguistico" de que fala o livro.

A ciência linguística já descarta a ideia de "erro comum" no que diz respeito à lingua falada, pois esta é viva e evolui de acordo com o rumo que lhe é dado por seus falantes; ou seja, os donos da língua não são os gramáticos, mas os falantes. A escrita é uma representação formal que deve seguir a "norma culta", mas não a língua real, falada.

A "polêmica" em torno disto é tão-somente conveniência política de uns (criticar o MEC) alimentada pela ignorância e preconceito de outros.

Ponto para o MEC em manter o livro, a despeito dos latidos.

Rodrigo Manhães disse...

Do comentário do anônimo das 6:06:

"Aceitar nos dias de hoje que a 7ª economia mundial, coloque em seus livros didáticos (públicos) formas ERRADAS da lingua sobre quaisquer pretesto."

Não quero fazer ad hominem, mas a carne é fraca.

É irônico ver um texto mal elaborado e com tantos erros crassos defendendo a "norma culta" e condenando "formas ERRADAS". E olhe que a língua escrita, ao contrário da falada, tem mesmo que seguir a tal norma.