domingo, julho 08, 2007

1/3 de R$ 0,01 por golpe de facão para o cortador de cana

Este é o resultado produzido pelos milhares de golpes de facão desferidos diariamente pelo canavieiro em seu cotidiano quando executa o trabalho no corte da cana-de-açúcar. Uma década trás, o bóia-fria cortava entre 4 a 6 toneladas de cana por dia. Hoje, este número, considerado mínimo chega em média a doze toneladas como dito na nota abaixo. Há divergências sobre a quantidade de golpes de facão efetuados por dia de trabalho por um único trabalhador nesta atividade de corte de cana. Usando o que seria um mínimo de uma dezena de milhar de golpes de facão por dia, isto equivaleria a cerca de 250 mil golpes de facão por mês. Se considerarmos que com isso, ele recebe pouco mais de R$ 800,00 por mês de trbalho é possível então deduzir que o faturamento por golpe de facão seria de 1/3 de R$ 0,01. Se considerarmos a demanda de calorias que o canavieiro tem para realizar este trabalho é quase possível afirmar que seu trabalho dá prejuízo sob o ponto de vista da física. Sob o ponto de vista humano não sei que considerar a não ser, que há muito que ser evoluído, para que possamos considerar o etanol como a solução para nossos problemas.

PS.: Bom lembrar que o cortador de cana está submetido a muito mais agressões que apenas, o esforço físico feito pelos trabalhadores para o corte da cana. O calor, a chuva, os problemas do transporte até os canaviais, a alimentação, a pressão por uma produção mínima, a falta de treinamento e de EPIs, a jornada extra, etc. Aliás, nesta linha pode ser considerado uma boa idéia, o Programa Brasileiro de Certificação Técnica, Ambiental e Social dos Biocombustíveis que o governo federal anunciou para conclusão até o final do ano. O governo quer garantir ao "mercado global" que toda a cadeia produtiva dos biocombustíveis atende aos critérios ambientais, sociais e trabalhistas. Se for para valer algo há que ser melhorado, além da mecanização.

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