quinta-feira, julho 19, 2007

"Cumplicidade"

O parceiro, professor Hélio Gomes lembra a este blog, o interessante artigo do Luiz Fernando Veríssimo no jornal O Globo de hoje. Além de refletir sobre ele vale ver que o alcaide não pára de criar novos factóides. Agora foi uma camisa que já foi devidamente modificada e vai postada junto do artigo do Veríssimo:

"Cumplicidade"
"Uma comprida palavra em alemão (há uma comprida palavra em alemão para tudo) descreve a “guerra de mentira” que começou com os primeiros avanços da Alemanha nazista sobre seus vizinhos. A pouca resistência aos ataques e o entendimento com Hitler buscado pela diplomacia européia mesmo quando os tanques já rolavam se explicam pelo temor comum ao comunismo. A ameaça maior vinha do Leste, dos bolcheviques, e da subversão interna. Só o fascismo em marcha poderia enfrentá-la. Assim, muita gente boa escolheu Hitler como o mal menor. Ou, comparado a Stalin, o mal menor. Era notório o entusiasmo pelo nazismo em setores da aristocracia inglesa, por exemplo, e dizem até que o rei Edward VIII foi obrigado a renunciar não só pelo seu amor a uma plebéia, mas pela sua simpatia à suástica. Não tardou para Hitler desiludir seus apologistas e a guerra falsa se transformar em guerra mesmo, todos contra o fascismo. Mas, por algum tempo, os nazistas tiveram seu coro de admiradores bem-intencionados na Europa e no resto do mundo — inclusive no Brasil do Estado Novo. Mais tarde estes veriam, em retrospecto, do que exatamente tinham sido cúmplices sem saber. Na hora, aderir ao coro parecia a coisa certa."


"Comunistas aqui e no resto do mundo tiveram experiência parecida: apegarem-se sem fazer perguntas ao seu ideal, que, em muitos casos, nascera da oposição ao fascismo, mesmo já sabendo que o ideal estava sendo desvirtuado pela experiência soviética, foi uma opção pela cumplicidade. Fosse por sentimentalismo, ingenuidade ou convicção, quem continuou fiel à ortodoxia comunista foi cúmplice dos crimes do stalinismo. A coisa certa teria sido pular fora do coro, inclusive para preservar o ideal."

"Se estes dois exemplos ensinam alguma coisa é isto: antes de participar de um coro, veja quem estará do seu lado. No Brasil do Lula, é grande a tentação de entrar no coro que vaia o presidente. Ao seu lado no coro poderá estar alguém que pensa como você, que também acha que Lula ainda não fez o que precisa fazer e que há muita mutreta a ser explicada e muita coisa a ser vaiada. Mas olhe os outros. Veja onde você está metido, com quem está fazendo coro, de quem está sendo cúmplice. A companhia do que há de mais preconceituoso e reacionário no país inibe qualquer crítica ao Lula, mesmo as que ele merece."

"Enfim: antes de entrar num coro, olhe em volta."

2 comentários:

Anônimo disse...

Não é pra menos que eu considero o Veríssimo o maior intelectual deste país. Ele sempre faz o comentário certo na hora certa. E consegue mostrar o Lula certo, com uma dose de crítica e total dose de razão!! Ele lava a nossa alma !( ou espírito, pra não me criticarem!! Bagueira

Roberto Moraes disse...

Bagueira:

Enquanto isso:
César Maia cada vez mais junto de Garotinho.

O ex-governador em seu blog:

“Numa hora dessas, o gesto do assessor especial de Lula, a omissão do presidente Lula e o “relaxa e goza” da ministra Marta Suplicy são esclarecedores. Revelam que além do descaso com os brasileiros, ainda tripudiam daqueles que foram atingidos pela tragédia”.

O alcaide em seu ex-blog:
“A vida não vale nada?”
“Os gestos obscenos do ministro ad hoc de relações exteriores de Lula e de seu assessor mostram que não estão dando a mínima para a tragédia das famílias: só pensam em livrar a cara do chefe! Esse é o ambiente permanente no palácio do planalto em relação às tragédias - éticas e humanas!”

Assim como nas vaias, os ex-adversários estão cada vez mais juntos na prática política. Parece que até na conversa com Serra eles estão de acordo. Me diga com quem andas que eu te direi quem és!