sexta-feira, dezembro 26, 2014

As articulações do fundo EIG, controladora da Prumo - Porto do Açu

A reportagem é do Valor Online, jornalista Francisco Goés. O blog tem comentado já há algum tempo que há muito a ser detalhado e esclarecido sobre a participação do fundo americano EIG Global Energy Partners ao assumir o controle acionário da LLX e do Porto do Açu, o seu maior empreendimento.

É sempre interessante relembrar que quando da crise das empresas X em 2013, puxada pela empresa de óleo gás, OGX (atual OGPar), a LLX, foi a primeira que o empresário Eike nos EUA anunciou o acordo de (venda e) transferência do controle acionário. Como todos os fundos de investimentos, o EIG sabe-se onde estão investindo, mas, nunca quem são seus investidores. Foi com eles que o empresário Eike Batista fechou o acordo dessa transferência no ano de 2013.

Veja abaixo a reportagem com uma entrevista com seu vice-presidente no Brasil, Kevin Lowder. Vale ainda conferir esta matéria do Bloomberg do dia 23-12-2014, do jornalista Juan Spinetto que fala sobre  participação do empresário Eike no empreendimento do Porto do Açu. Confira aqui. Abaixo a reportagem do Valor Online:

"Prumo usará no Açu aporte da EIG"

"Sem o aumento de capital e a injeção de recursos por parte do fundo, as obras do porto seriam paralisadas"

"A gestora americana EIG Global Energy Partners teve um papel decisivo, nos últimos seis meses, para a sobrevivência e para o futuro da antiga LLX, agora chamada de Prumo Logística Global. "Salvamos a companhia junto com os credores", disse ao Valor Kevin Lowder, vice-presidente da EIG. A instituição tornou-se a nova controladora da Prumo, com 52,8% das ações, depois de concluída a operação de aumento de capital que injetou R$ 1,3 bilhão no caixa da companhia. Deste total, a EIG aportou R$ 1,12 bilhão ou 87% do total. Os restantes 13% corresponderam à participação de minoritários.

O foco da Prumo, sob o comando da EIG, volta-se agora para a conclusão de obras de infraestrutura em andamento no porto do Açu, no norte do Estado do Rio, principal ativo da companhia. As obras incluem o término da dragagem do canal e do cais do Terminal 2, voltado para empresas da indústria de petróleo e gás. Também está prevista a conclusão do quebra-mar do Terminal 1, que será especializado em minério de ferro e movimentação de petróleo. Haverá ainda a conexão de uma subestação de energia elétrica do porto ao sistema interligado nacional.

As obras são importantes para entregar a infraestrutura que falta aos oito clientes da Prumo que já têm contratos de longo prazo no Açu. E também para novos clientes que a empresa espera atrair para o porto, uma vez que a entrada da EIG no capital resolveu o problema de desenvolvimento da Prumo. A curto prazo, o Açu deve ganhar ainda mais espaço como um porto para atendimento da indústria de petróleo e gás. A EIG vê o Açu como uma oportunidade de participar do desenvolvimento do pré-sal.

Lowder disse que há oportunidades de valor a serem capturadas a curto prazo. "Acredito que o pré-sal é um das três maiores mudanças de jogo na indústria de petróleo e gás em termos globais." As outras duas são a exploração do gás não convencional ("shale gas") e o mercado internacional de Gás Natural Liquefeito (GNL), afirmou.

Ele não citou o montante de investimentos previstos para o porto em 2014 pois os números estão sob revisão. Mas resumiu em uma palavra como a Prumo vai utilizar os recursos da capitalização: "Sabiamente." O aumento de capital foi a última etapa de um processo complexo que começou em julho deste ano, quando houve o primeiro contato entre o empresário Eike Batista, antigo controlador da LLX, e a EIG, gestora com sede em Washington DC, nos Estados Unidos, que já investiu mais de US$ 15 bilhões em mais de 280 ativos de energia e infraestrutura em mais de 33 países. Foi um espaço curto de tempo para "limpar" e deixar a Prumo "livre", disse Lowder.

"Tínhamos uma janela limitada para fazer as auditorias e fechar a negociação com o antigo controlador." Nesse período, foram realizadas auditorias, avaliações, garantidas as aprovações regulatórias e discutidos acordos com Batista e com os credores (Bradesco, Santander, Caixa e BNDES), que deram sinal verde à operação. Enquanto o processo de mudança no controle da LLX avançava, as ex-empresas-irmãs OGX e OSX, de Batista, entraram em recuperação judicial. Nesse contexto, foi um desafio para a EIG, presente no Brasil desde meados dos anos 1990 e que em 2012 abriu escritório no Rio, concluir a operação no prazo previsto.

No país, a EIG tem portfólio de cerca de US$ 1,3 bilhão que inclui ativos sob administração de fundos da instituição. Esses ativos incluem participações nas empresas Sete Brasil, Manabi e Transportadora Brasileira Gasoduto Bolívia-Brasil (TBG), além da Prumo. A compra da Prumo foi o primeiro investimento do EIG Energy Fund XVI, fundo que tem US$ 6 bilhões sob gestão. Esse fundo tem capacidade, portanto, de fazer novos investimentos em energia e infraestrutura, os focos da EIG, no Brasil e em outros países, disse Lowder.

A EIG considera fazer novos investimentos em energia e infraestrutura no país. "A EIG está aberta para negócios no Brasil." A companhia costuma selecionar os ativos nos quais investe depois de análise criteriosa e permanece no projeto com horizonte de seis ou sete anos. O prazo de permanência, porém, pode ser maior se o ativo garantir geração de caixa para pagamento de dividendos. Eventuais vendas atendem a oportunidades de mercado e podem incluir desinvestimentos parciais em projetos.

No começo deste mês, o conselho de administração da Prumo aprovou o aumento de capital da companhia. No fim, Batista foi diluído de 52,8% para 20,9%; o fundo de pensão dos professores de Ontário, no Canadá, que tinha 18%, viu sua fatia cair para 7%. Os minoritários saíram de 29% para 19,3% do capital da empresa. Lowder considerou a capitalização bem-sucedida. O objetivo da operação foi injetar liquidez de forma imediata. Sem a capitalização, as obras no Açu seriam paralisadas. Antes da operação, a empresa passou por um "estresse" financeiro e teve que segurar o caixa para não parar as obras. Em setembro, o caixa da Prumo era de R$ 99,3 milhões.

O apoio dos credores, incluindo os bancos, foi fundamental para que a EIG pudesse fazer o aporte de recursos na companhia. Bradesco e Santander, por exemplo, aprovaram financiamento novo para a Prumo, no valor de R$ 900 milhões, dinheiro que ainda não foi sacado. O Bradesco também estendeu linhas de financiamento no montante total de R$ 813 milhões por prazo de três anos. O BNDES, por sua vez, renovou um empréstimo-ponte de R$ 518 milhões com a LLX por período de três anos. A Prumo já entrou com uma consulta no BNDES para ter acesso a um financiamento de longo prazo do banco. Em 2012, a Caixa subscreveu R$ 750 milhões em debêntures não conversíveis da empresa."

Um comentário:

Anônimo disse...

FATO RELEVANTE - RI PRUMO

A Prumo Logística S.A. (“Companhia” ou “Prumo”), em cumprimento ao disposto no artigo 157, § 4º, da Lei nº 6.404/76 (“Lei das Sociedades por Ações”) e no artigo 3º da Instrução CVM nº 358/02, e em seguimento ao Fato Relevante e Aviso aos Acionistas divulgados em 28 de outubro de 2014 e às demais comunicações divulgadas ao mercado relacionadas ao aumento de capital da Companhia aprovado por seu Conselho de Administração na reunião realizada em 28 de outubro de 2014 (“Aumento de Capital”), comunica aos seus acionistas e ao mercado em geral que:

Tendo em vista a subscrição e a integralização da totalidade das ações emitidas no Aumento de Capital, o Conselho de Administração da Companhia, em reunião realizada ontem, aprovou a homologação do Aumento de Capital no valor de R$ 650.000.000,00 (seiscentos e cinquenta milhões de reais), com a emissão de 1.000.000.000 (um bilhão) de novas ações ordinárias, nominativas, escriturais e sem valor nominal.

Em decorrência da homologação, o capital social da Companhia passa a ser de R$ 2.574.612.907,84 (dois bilhões, quinhentos e setenta e quatro milhões, seiscentos e doze mil, novecentos e sete reais e oitenta e quatro centavos), dividido em 2.777.474.711 (dois bilhões, setecentos e setenta e sete milhões, quatrocentos e setenta e quatro mil, setecentas e onze) ações ordinárias, nominativas, escriturais e sem valor nominal.

Adicionalmente, a Companhia informa que foi comunicada nesta data por sua acionista controladora EIG LLX Holdings S.À R.L (“EIG”) sobre a rescisão do Acordo de Acionistas celebrado entre EIG, Eike Fuhrken Batista (“Eike Batista”) e Centennial Asset Mining Fund LLC (“Centennial”), em 14 de outubro de 2013, tendo como interveniente anuente Prumo Logística S.A. (“Acordo de Acionistas”), bem como seu respectivo aditivo celebrado em 2 de setembro de 2014.

A referida rescisão se deu nos termos da Cláusula 5.2.ii, incluída pelo Primeiro Aditivo ao Acordo de Acionistas, a qual faculta à EIG o direito de, a seu exclusivo critério, rescindir imediatamente o Acordo de Acionistas no caso de a participação acionária de Eike Batista (detida direta ou indiretamente) ser reduzida a menos de 10% (dez por cento) das ações ordinárias de emissão da Companhia.

Maiores informações sobre o Aumento de Capital ora homologado podem ser obtidas por solicitações enviadas ao seguinte endereço: ri@prumologistica.com.br.

Rio de Janeiro, 30 de dezembro de 2014.

Eugenio Figueiredo
Diretor Financeiro e de Relações com Investidores
Prumo Logística S.A.