sábado, janeiro 26, 2013

Repercussão da morte de Cícero, líder do MST em Campos

É de comoção e revolta o sentimento pelo assassinato do líder do MST em Campos, Cícero Guedes. O enterro está previsto para amanhã, domingo, 17 de janeiro, às 13 horas, no Cemitério campo da Paz. O velório no mesmo local está marcado a partir das 9 da manhã. O sentimento de Justiça percorre o movimento comunitário e cidadão em Campos dos Goytacazes.

Cícero construiu com a sua simplicidade e a sua determinação, uma legião de pessoas que apreciavam e o acompanhavam no bom combate em defesa dos interesses dos trabalhadores, dos assentados e dos pequenos produtores, do interior do estado do Rio de Janeiro.

A descoberta dos criminosos que cometeram esta covardia é pouco diante do que Cícero representava para todos nós, em termos de luta por uma sociedade mais justa, solidária e fraterna. A sua luta mais que nunca prossegue em cada um dos que comungam com este mesmo sentimento e ideal.

Abaixo o blog reproduz alguns dos depoimentos sobre o acontecido:

Professor e ex-diretor da UFF em Campos, José Luiz Vianna da Cruz:
"É inadmissível que tais crimes continuem ocorrendo, com seus mandantes impunes, ante as autoridades policiais, do executivo, do legislativo e do judiciário. O Judiciário não quer demonstrar que é imparcial, que está acabando com a impunidade? que se manifeste, então! Vamos apoiar a luta pelo fim da impunidade dos crimes contra o povo. Só seremos uma democracia quando os assassinos do povo, incluindo os de colarinho branco, forem todos punidos exemplarmente! democracia é liberdade de lutar por direitos!"

Professora Erica Almeida da UFF:
"Com os olhos mareados e com o corpo ainda doído e trêmulo pelo choque da notícia, gostaria de deixar um registro sobre a importância da liderança de Cícero para os trabalhadores rurais e demais trabalhadores. Sua solidariedade política com os outros grupos de trabalhadores que buscavam um mundo melhor e com mais justiça social, como os catadores, por exemplo, expressa a sua grande liderança. Não deixemos a sua luta morrer com ele e que o dito "desenvolvimento" da nossa região possa vir acompanhado de justiça social e de direitos para todos os trabalhadores, além é claro de um ambiente democrático que permita que os descontentes e críticos possam se manifestar livre e publicamente.
Profa. Érica Almeida
UFF/Campos."


O advogado e petroleiro Luiz Felipe Muniz
"É com enorme tristeza e revolta que tomo conhecimento do assassinato de Cícero.
Não é de hoje que a nossa região vem sendo tomada de forma covarde e que a maioria de nós simplesmente assiste sem grandes manifestações...já se foram os tempos de melhores organizações sociais nestas bandas, sempre dominadas que foram pelos senhores de engenho e agora também por inumeráveis outros interesses empresariais...
Aproveito o espaço do Blog, professor, para registrar o meu sincero pesar pela perda o grande líder!
Luiz Felipe Muniz de Souza."


Marluzio:
"Nem mais um minuto de silencio mas toda a nossa vida na luta para vingar nossos heróis. Cícero? Presente."

Claudia:
"A voz combativa do Cícero ecoará por muito tempo! Companheiro Cícero:presente!"

PS.: Atualizado às 00:16:
Do deputado estadual Marcelo Freixo:
"Cícero era uma das mais importantes lideranças do MST. (...) Já falei com a chefe da Polícia Civil, Dr. Marta Rocha, que imediatamente acionou o delegado da região. O delegado, Dr. Geraldo, já me ligou e garantiu a investigação. Vamos acompanhar. A equipe da Comissão de Direitos Humanos da Alerj já está na estrada".

Da ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário:
"A situação de disputa fundiária na região entre Campos dos Goytacazes e São João da Barra tem sido agravada pela morosidade na tramitação de processos judiciais que envolvem imóveis considerados improdutivos e, portanto, passíveis de desapropriação para a reforma agrária. O caso específico da ocupação liderada por Cícero é bastante ilustrativo: o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) havia determinado, há 14 anos, a desapropriação das fazendas que compõem a Usina Cambahyba. Mas só em agosto de 2012 a Justiça autorizou que a autarquia federal desse prosseguimento à desapropriação dos imóveis"

PS.: Atualizado às 01:02: para correção sobre a hora do sepultamento, 13 horas e informação de que o velório no Cemitério Campo da Paz acontecerá a partir das 9 horas da manhã.

3 comentários:

Anônimo disse...

Tem que averiguar a vida do cara. Não é porque ele era do MST que era "bonzinho"...
Quem sabe o que ele fazia sem a camisetinha do MST ?
Acorde povo campista !

Roberto Moraes disse...

Que isto?

Não se trata de ser ou não bom?

Que direito alguém tem de tirar a vida de outro e o pior desta forma tão covarde e violenta?

É inaceitável este preconceito gratuito contra um grupo de pessoas associadas em prol de uma luta reconhecidamente justa.

O fato dos motivos da morte estar ou não relacionada à luta do MST, mesmo que a primeira hipótese seja mais provável, não justifica esta violência de um comentário tão asqueroso como este.

O blog só liberou na moderação o mesmo, para que se possa saber até onde vai estas posições políticas e ideológicas.

O Cícero construiu uma história de vida e de lutas comunitárias que fazem jus a tudo e muito mais que vem sendo dito como lamento pelo seu covarde assassinato.

Pela apuração rápida do ocorrido com punição aos responsáveis e abaixo esta intolerância.

Marcelo Vianna - CPT disse...

Cícero foi e é um grande amigo, lutador que com sua grandeza, defendia os direitos do povo trabalhador, colocava alimentos saudáveis na nossa mesa. Ecoava sua voz na condição de ex-escravo do latifúndio pela liberdade, de expressão e na defesa do território. Na Reforma Agrário conquistou seu chão e seu pão. De que adianta ver e ter os olhos vendados para compreender as injustiças com os camponeses? Aliás, todos nós de certa forma viemos, ou tivemos uma vida camponesa entre nossas gerações. Marcelo Vianna - CPT/RJ