segunda-feira, fevereiro 16, 2009

230 mil livros numa telinha

A referência está no artigo publicado pela revista Época desta semana cujo título é “Em busca do iPod dos livros”. Que você pode ler, creio eu, na íntegra aqui. A matéria contém análises interessantes sobre mudanças relacionadas à questão da informação em meio digital que vale ser conhecida: Abaixo alguns pequenos trechos:
“A menor biblioteca do mundo tem a espessura de um lápis, pesa 300 gramas, custa US$ 360 e armazena 1.500 livros. Chama-se Kindle 2 – a segunda geração do leitor de livros eletrônicos da Amazon. O modelo original, lançado em 2007, armazenava 200 títulos. Vendeu 500 mil unidades. O Kindle 2 é mais fino e mais rápido. A definição de leitura na tela também melhorou, assim como a duração da bateria. Outra novidade é um programa capaz de ler o texto, embora com uma voz que soa robótica. Por meio da rede de celulares, ele acessa a loja da Amazon, onde os textos podem ser comprados. “Sabemos que um ótimo equipamento é inútil sem uma vasta seleção de títulos. É por isso que a Loja Kindle oferece mais de 230 mil livros. Entre eles, estão 103 dos 110 títulos mais vendidos da lista do The New York Times”, diz o presidente da Amazon, Jeff Bezos. “Nosso sonho é ter todos os livros já impressos, em qualquer idioma, disponíveis em 60 segundos.”
"Obter qualquer livro publicado em menos de um minuto será uma graça tecnológica concedida pela internet. Quando isso for possível, o mercado editorial, o último bastião analógico da indústria da informação, terá se rendido à lógica digital. Nenhum setor da economia foi mais afetado pela internet que a indústria da informação. Para ela, a rede é uma nova plataforma para a veiculação de conteúdo – mas também uma ameaça. A possibilidade de copiar livremente qualquer tipo de conteúdo digital tem transformado – sem exceção – todas as indústrias que vendem informação".
“Outra vítima do choque entre os mundos analógico e digital é a palavra impressa. Nos países mais ricos, onde a internet é mais disseminada, cada vez mais leitores preferem a informação distribuída gratuitamente na rede aos jornais em papel. Algumas empresas jornalísticas americanas até tentaram cobrar pelo conteúdo on-line, mas sem muito sucesso. À exceção do diário econômico Wall Street Journal, que continua vendendo assinaturas on-line, a imensa maioria seguiu o exemplo do The New York Times e liberou o acesso ao conteúdo de seus sites. Acreditava-se que o faturamento com a publicidade on-line poderia, algum dia, compensar os pesados investimentos no conteúdo digital. Com a crise econômica, essa crença se revelou uma quimera. A dona dos jornais Los Angeles Times e Chicago Tribune entrou em concordata. O jornal Boston Globe está à venda. O Christian Science Monitor acabou com as edições impressas nos dias úteis – jornal impresso, agora, só no fim de semana. Prevê-se que, nas cidades onde circulam dois jornais, só reste um”.
“Jovens pagam US$ 0,20 para mandar mensagens de texto no celular, mas ninguém quer pagar US$ 0,10 por um jornal na internet’’ Walter Isaacson na revista Time”. Faz 200 anos que a imprensa se sustenta sobre um tripé financeiro, formado pela venda de assinaturas, de exemplares na banca e de publicidade. Isaacson diz que a resposta para a crise atual é achar formas de o leitor voltar a pagar pela informação que consome. Não por meio de uma assinatura anual, mas de alguns centavos pela leitura de um artigo, num modelo semelhante ao que fez o sucesso da loja iTunes, conhecido como “micropagamento”.
"É aí que podem entrar produtos como o Kindle. Ninguém está acostumado a pagar na internet, mas muitos podem aceitar pagar pelo conteúdo desse “iPod dos livros”. Essa parece ser a aposta da Amazon para dominar o mercado dos livros e jornais eletrônicos. “O Kindle é o primeiro livro eletrônico que funciona”, diz o futurólogo Paul Saffo, da Universidade Stanford. “Assim como o iPod, é um pacote fechado. Foi o primeiro e-book a criar uma experiência completa: leitor, conteúdo e conexão, tudo num aparelho.”
"O Kindle 2, que só acessa a loja da Amazon, já enfrenta concorrência. O Sony Reader, da Sony, custa mais barato, US$ 250. E a Plastic Logic, do Vale do Silício, criou um livro eletrônico do tamanho de um Kindle com tela sensível ao toque, como o iPhone. Ele se conecta sem fio à internet para – esta é a promessa – baixar livros ou artigos de jornais e revistas por apenas US$ 1. Mas esse e-book ainda não existe. O modelo com monitor preto e branco chegará em 2010. A versão com tela colorida não estará disponível antes de 2011. Há também a possibilidade de que a Apple lance mais um concorrente arrasador, como o iPod, embora Jobs tenha dito não ter interesse em desenvolver um leitor de e-books. “As pessoas não leem”, afirmou. Não é verdade. Em 2002, os americanos gastaram US$ 7 milhões em e-books. Em 2007, foram US$ 67 milhões. O mercado decuplicou em cinco anos e é o nicho que cresce mais rápido, embora os e-books respondam por apenas 0,3% das vendas de livros nos Estados Unidos”.

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