sábado, julho 11, 2009

Análise & palpites sobre a disputa majoritária no estado em 2010

Algumas definições estão claras. Outras ainda em desenvolvimento. Cabral vem para a reeleição e não há hipótese de ser vice de Dilma. Seu (sua) vice dificilmente deixará de ser Pezão, não só pela representação do interior, como pela sua forte presença nos principais projetos do governo federal (PAC) e substituições do sempre viajado Cabral. Para as duas vagas do senado em sua chapa Cabral anseia por uma dobradinha entre Picciani e uma candidatura do PT, prefere Lindberg, que ainda insiste na pré-candidatura ao governo, mas se ao final tiver que desistir, só entrará na disputa pelo senado, e em nenhuma hipótese deixaria o cargo na Prefeitura de Nova Iguaçu para a disputa de uma vaga de deputado. Este fato empurra Benedita para uma disputa na Câmara de Deputados, que ela diz não desejar, apesar de já ser uma alternativa para o partido, que ouviu de Dilma, que não vê problemas em ter mais de um palanque no estado. A programação de Cabral ajustada com o seu secretário de Fazenda, Joaquim Levy de fechar o cofre nos dois primeiros anos para ecancará-lo nos últimos 18 meses está em franco desdobramento, para angariar uma parte pelo menos, dos votos do interior que são de domínio principalmente das máquinas do prefeitos no exercício dos seus mandatos.
Se por um lado Garotinho tem a proximidade com muitos destes prefeitos, de outro, a tentação e os riscos são grandes para estes alcaides que não querem perder investimentos no presente, por conta de promessas futuras. Bom lembrar que os prefeitos estão no meio de seus mandatos, e assim, podem vislumbrar vantagens com uma aliança hoje e outra amanhã, no caso de haver mudança no dono da cadeira e da caneta do governo estadual. Nesta linha, aqui por perto é possível pressentir o fato nas ações de Beto Azevedo de S. Fco. Itabapoana, Branca Motta de Bom Jesus e Carla Machado de São João da Barra entre outros. Entre eles, a história recente e pregressa é de um pragmatismo frio e objetivo. Na oposição, o quadro também tem algumas definições e outras pendências. Não se pode considerar como definitiva a candidatura de Garotinho ao governo do estado. Apesar de estar em franca campanha, depois da decisão de se filiar ao PR, a hipótese de sua candidatura ao Senado, não pode ser descartada, apesar da dificuldade que encontraria com o aliado Crivella, certo na disputa à reeleição para o Senado e grande incentivador da candidatura do ex-governador para tentar a volta ao Palácio Guanabara, e também do Picciani, com quem mantém relações próximas apesar de sua saída do PMDB.
A maior dificuldade que Garotinho enfrenta é da não implantação da já chamada “janela de transferência”. A impossibilidade de mudança de partido para os políticos com mandato que assim ficariam impedidos de também se transferirem para o PR enfraquece a candidatura do ex-governador. Não há espaços para candidaturas isoladas numa eleição majoritária para o governo estadual. O fato enfraquece sua base de apoio, na mesma dimensão em que fortalece a atração da máquina que está com Cabral que assim ganha musculatura. Pelo lado do PSDB/DEM/PV a coisa também não é simples, mas já caminha com mais definições. Gabeira não vem de forma nenhuma para o governo do estado e dificilmente Cesar Maia viria para senador. O último não vê muito espaço e chances na disputa pelas duas vagas do estado. Crivella tem quase uma garantida e a outra tem candidatos mais articulados em diferentes eleitorados, tanto sob o ponto de vista territorial quanto ideológico. Para este último, o Gabeira, ocupou o espaço do centro e da direita que até então era do Cesar Maia.
Nesta ótica, Cesar Maia, só viria para a disputa para o governo do estado para atender ao desejo do PSDB nacional, para o qual parece que defende cada vez mais, a idea de que só uma novidade pode evitar que Lula transfira o seu potencial de votos para a Dilma. Neste raciocínio é que se encaixa o nome de Aécio, que não mais apenas nos bastidores começou a ser ventilado, como o novo xodó do ex-prefeito carioca. O fato se concretizado mexeria em todo o tabuleiro eleitoral nacional e o estado do Rio de Janeiro não ficaria imune a este encaminhamento. Os partidos menores ainda se oferecem no tabuleiro. Ora criam dificuldades, ora acenam com facilidades ofertadas ou cobradas para um apoio aqui ou acolá. O PDT deve seguir Cabral, apenas acenando para Lindberg numa aprente tentativa de aumentar sua fatura. A opção por Cabral é uma saída e até a mais fácil, para solucionar aos que, internamente, defendem posições tão antagônicas, como apoio a Garotinho, ou a Lindberg, ambos da base do governo. Parece não haver hipótese do PDT ameaçar apoio ao PSDB/DEM/PV.
O PSB deve seguir caminho idêntico. Assim como no PDT estadual, o caminho provável é aquele que interessa ao presidente local Luppi, no partido socialista, o caminho praticamente certo é que o presidente, Alexandre Cardoso, atual secretário de Ciência e Tecnologia, que esteve perto de ser defenestrado, logo após o pleito municipal de 2008, é quem definirá, com qualquer que seja o caminho da nacional do partido, a batida do martelo que é na direção do apoio à reeleição de Cabral ao governo estado. O PSB sonha com a vice de Cabral, mas dificilmente terá um espaço nas candidaturas majoritárias, a não ser numa das suplências das candidaturas ao Senado na chapa apoiada por Cabral. Fora daí, o que há são acomodações e interesses na disputa das 70 vagas para a Alerj e 46 para a representação estadual na Câmara Federal. Como se vê com um erro aqui ou outro ali de informação, avaliação e análise, as únicas novidades que podem surgir é a da não candidatura de Garotinho para tentar a volta ao governo do estado e o re-arranjo nacional para numa surpreendente troca de Serra por Aécio como candidato à presidência da República pela oposição. Além disso, no plano estadual a candidatura de Lindberg também tem poder não só para ser novidade, tanto ao governo do estado, quanto ao Senado, sendo assim, um definidor de chances reais de outros candidatos. Se Lindberg vier para o Senado, a chapa de Cabral terá suas chances de reeleição muito aumentadas, tirando votos que poderão ir para Garotinho, especialmente na Baixada Fluminense. Uma possível desistência de Cesar Maia ao governo estado facilitaria imensamente o jogo para Cabral, de forma especial entre os eleitores de classe média, apesar da significativa má avaliação que hoje detém o governador nesta faixa da população.
Com apenas três nomes possíveis para uma disputa ao governo do estado, o quadro para Cabral, mesmo com problemas de avaliação do governo na população - e um cofre cheio - fica bem melhor, com chances reais para viabilizar sua reeleição. É por isso, que ele tanto deseja que o PT tire Lindberg da disputa. Com quatro candidatos o jogo fica mais aberto numa eleição que dificilmente deixaria de ter segundo turno, e aí seria solteira, porque no outro lado é quase certa que a eleição presidencial se resolverá no primeiro turno com a polarização entre PT e PSDB. Enfim, acompanhemos as próximas etapas.

4 comentários:

Anônimo disse...

Professor Roberto

A disputa será acirrada, sem dúvidas, porém gostaria de me dirigir aos funcionários de carreira, "as formiguinhas" que são feitos de joguete na mão dos vencedores...

Primeiro gostaria de saber qual é a razão de existir o SIPROSEP ?

Bom... só a título de informação, a legitimidade do sindicato, para atuar como substituto processual na defesa dos direitos e interesses coletivos e individuais da categoria, está alçada a nível constitucional, por força do artigo 8.º., inciso III, da Constituição Federal, reforçada com o cancelamento da Súmula 310 do TST.

Voltemos a ser cada um por sí então...

A prática dos atos do Administrador Público jamais pode agir contra a lei, o que sem dúvida lesa o próprio Estado Democrático de Direito.

Especificamente sobre o ato administrativo, a Lei nº 4.717/65 elevou ao plano legal os seus requisitos já há muito reconhecidos justiça brasileira: todo ato administrativo, para ser legal, deve ser praticado por agente competente, ter forma prescrita em lei, objeto lícito, motivo e finalidade pública, sob pena de nulidade.

Ora, estes foram recepcionados e ratificados pela CF/88, o ato administrativo do qual decorre o remanejamento do servidor municipal, embora discricionário, exige motivação e impessoalidade, exige que o administrador realize os atos de seu mister de acordo com a finalidade pública e nunca agindo para beneficiar ou afetar determinadas pessoas, pela simples razão de serem essas mesmas pessoas amigas ou desafetas do administrador.

Isso tem nome, chama-se DESVIO DE PODER ou também chamado DESVIO DE FINALIDADE, sendo passível de anulação e que se aproxima muito com o ato de IMPROBIDADE.

Se o ato administrativo do qual decorreu o remanejamento do servidor municipal foi a sua revelia, foi informal e desmotivado, desatendendo ainda aos princípios da razoabilidade/proporcionalidade e finalidade, denota a marca indelével do arbítrio, tornando-o ilegal, mormente quando afeta a direitos/interesses individuais.

Essa é a razão pela qual confere a todo e qualquer servidor que for transferido sem sua anuência, por "perseguição", por ter sido "oposição" ou por qualquer outra decisão arbitrária, sem inquérito administrativo assegurada a ampla defesa, impetrar um MANDADO DE SEGURANÇA COM PEDIDO DE LIMINAR para manter-se em seu posto de trabalho, local no qual sempre trabalhou, portanto, só é transferido quem aceita.

"Quem quiser governar deve analisar estas duas regras de Platão: uma, ter em vista apenas o bem público, sem se preocupar com a sua situação pessoal; outra, estender suas preocupações do mesmo modo a todo Estado, não negligenciando uma parte para atender outra. Porque quem governa a República é tutor que deve zelar pelo bem de seu pupilo e não o seu: aquele que protege só uma parte dos cidadãos, sem se preocupar com os outros, induz no Estado o mais maléfico dos flagelos, a desavença e a revolta."

Cícero

Edison Correa da Rocha disse...

Moro em São Gonçalo e num desses
programas que o Garotinho esta
fazendo pelos bairros e pela periferia da cidade,eu tive a oportunidade de assistir por alguns
instantes,quando ele fez seu programa aqui em Alcantara.Que me
perdoe o Lindemberg,o Cesar Maia,
até mesmo o Cabral,mesmo ele abrindo o cofre do jeito que esta
prometendo obras por todos os municipios do estado,a não ser que
aconteça algo extraordinario,esta eleição serão favas contadas para
o Garotinho,quer dizer,ele vai levar de barbada,ou melhor seria
dizer,todos os outros que quiserem
continuar pleiteando um cargo
politico,podem procurar em outras
bandas,outros cargos.O povo não
esquece que o garotinho trabalhou
desde o seu primeiro dia ,até o
ultimo como governador.
Mas em materia de politica,tudo
pode acontecer,até mesmo Garotinho
vir a ser vice da Dilma Roussef.
Alguem duvida?

Armandao.com disse...

Residi em São Gonçalo, fiz parte do primário no Colégio "Pandiá Calógeras," constantemente estou na região, e desde estes idos de minha infância que a cidade é a mesma, muito pouco foi acrescentado de modernidade urbanistica ou de evolução na condução política, apenas se esparramou horizontalmente,assim como também acontece a Campos onde agora resido, sendo assim é bem possível que realmente o " Rei Garotinho" tenha grandes possibilidades de sucesso por lá, assim como teve no último pleito em Campos, não sendo relevante absolutamente o modus "operandis eleitoriuns."
Sobra crescimento populaciomal e falta a ambos os municípios; evolução e modernidade.

Gustavo Carvalho disse...

Oi Roberto, esse é o quadro do jogo de 2010. Mesmo pesando as contingências conjunturais e tentando antecipar os elementos imprevisíveis, os atores e partidos em questão têm opções finitas. Tenho a impressão de que Garotinho deve vir de qualquer modo, apesar dos seus 27% de rejeição. Além disso, o trabalho de atração do PDT continua forte (inclusive o convite ao Miro para o Senado). Um dos pontos controvertidos é o papel a ser desempanhado pelo Wagner Montes (com um índice de intenção de voto espontâneo impressionante, por volta de 30%)! O ex-governador vem se apresentando como mais um candidato da base do governo Lula. Ou seja, mais um palanque para Dilma. O que corrobora as pretensões políticas do jovem prefeito petista Lindberg Farias. Um hipotética candidatura de Lindberg teria um efeito renovador e salutar para o PT e suas bancadas estadual e federal! Quanto ao campo da oposição (DEM/PSDB/PPS), parece que Gabeira recebeu o último ultimato: deve escolher logo ou o governo ou o senado. A candidatura "cesarista" para o executivo parece inexorável. O que não é ideal para José Serra.
Saudações petistas