quarta-feira, julho 29, 2009

"A crise não é só de Sarney"

"A crise não é só de Sarney. OK, o ex-presidente encarna o patrimonialismo e a oligarquia. Mas a questão é singela: que novidade há nisto? Assim como ele, há dúzias de senadores que representam essa tradição nacional. Reis-do-pedaço, déspotas de província com status regional e uns poucos de expressão nacional tomam para si bens, mordomias e vantagens públicas. Se isto não o absolve, não deve crucificá-lo sozinho. Logicamente, há probos, no Senado, que podem atirar pedras. Mas também há os que transformam pedras em bumerangues que voltam à testa. O paradoxo fere a lógica da história, mas a ideia de República é coisa nova no Senado do Brasil"... "... Menos por princípios do que por ocasião, colocar o ex-presidente na berlinda é eficaz para dificultar a vida de Lula e seus planos para Dilma Roussef. O presidente não pode abandoná-lo sem perder apoio no PMDB e blindagem no Senado. Mas, ao apoiá-lo, coleciona mais desgastes com o PT antigo, com a classe média e com a mídia. É uma sinuca, mas entre e blindagem e o apoio político e eleitoral, por um lado, e o desgaste com setores com quem já se vê agastado, Lula não titubeia..." ..."Governabilidade. Ao longo da redemocratização, a governabilidade tem se transformado em justificativa para canalhices, capitulações e arengas de todo tipo. Sempre seria possível tensionar mais, ceder menos. Claro, ir para o conflito quando fosse o caso. Mas não é tão simples. Figuras experientes como Tancredo, Fernando Henrique e Lula preferem navegar com mais segurança, pagar o necessário para cruzar o oceano dos mandatos..." Os três trechos acima foram retirados do artigo "A crise, o demonizado, a governabilidade" do cientista político Carlos Melo, doutor pela PUC-SP e professor de Sociologia e Política, que foi publicado hoje, no jornal "Valor Econômico". Independente da sua opinião ou posição política você não deveria deixar de ler na íntegra este artigo. A juízo do blog ele traz elementos interessantes para o debate, para além do simples maniqueísmo, tão comum em nossa ainda tenra democracia. Clique aqui e leia o artigo na íntegra.

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