domingo, abril 10, 2016

Especulação e lucro com petróleo

Dando sequência ao acompanhamento empírico que venho fazendo sobre o setor de petróleo na economia global foi possível confirmar uma hipótese que já apresentei aqui, neste espaço e em alguns debates, sobre os lucros das tradings que fazem a intermediação e o comércio de petróleo a nível mundial.

Pois bem, no ano de 2015, mesmo diante da forte e longa fase de baixa dos preços do barril de petróleo no mercado mundial, as tradings que trabalham com a comercialização do petróleo - a mercadoria mais negociada do mundo - tiveram lucros recordes.

Navios petroleiros que trabalham para as tradings
Vejam a contradição, mesmo com os baixíssimos preços, as margens de lucro desta tradings foram maiores até do que o período de 2010-2014, o mais longo de toda a história do comércio de petróleo em que os preços estiveram acima de US$ 100, o barril.

O que isto quer dizer? Isto significa que estas fases de mais alto preço e mais baixos preços geram maiores oscilações (como temos visto nos preços, mesmo em torno de patamares baixos).

As empresas que fazem intermediação lucram exatamente na diferença entre o valor de compra e o valor de venda. Assim, as especulações e notícias plantadas sobre possíveis mudanças nos patamares de preço, servem de fontes de lucros.

Para compreender melhor este fenômeno vamos aos dados da realidade empírica. Esta semana, o barril do preço do petróleo abriu a semana a US$ 38,30 e fechou na sexta-feira, a US$ 41,85. Quase 10% de variação, em apenas cinco dias úteis. E observem que este movimento de ida e vinda já se repetiu inúmeras vezes, desde fevereiro.

É assim, que as tradings suíças Gunvor Group, Trafigura Group e Vitol Group tiveram lucros bilionários, sem se envolver em prospecção, produção, refino ou distribuição.

No máximo se articulam com instalações para estocagem e transporte enquanto negociam o petróleo, podendo entregá-lo, junto ou próximo ao poço, ou na refinaria, conforme o contrato de comercialização.

É possível ainda enxergar a profunda relação entre o sistema financeiro (fundos) e as tradings numa articulação da etapa de circulação entre a produção e o consumo que o professor Dowbor (2013) chama de Economia do Pedágio.

Desconhecer estes movimentos e ficar repetindo aquilo que a mídia comercial é paga para falar e que interessa aos rentistas, que desejam apenas faturar, sem nenhuma preocupação com a Nação, são os detalhes do golpe.

Ele objetiva o rechaço aos Brics e a entrega de nossas reservas do Pré-sal. Os negócios do petróleo e a geopolítica da energia trazem evidências sobre a dinâmica em curso na atual conjuntura política do Brasil.

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