quinta-feira, abril 14, 2016

Segundo a Opep, o Brasil terá em 2016 uma das mais altas produções de petróleo no mundo

Em matéria do correspondente do Estadão, Fernando Nakagawa (vide aqui), ele reproduz dados do relatório de abril da Opep (Organização dos Países Produtores e Exportadores de Petróleo) sobre a situação da produção mundial de petróleo.

Certamente, é baseado nos dados deste relatório que a Opep e outros produtores tomarão decisão na reunião do próximo domingo (17/04) sobre a limitação da produção de petróleo, para manter a recuperação dos preços do barril.

É interessante observar alguns destes dados. Há pelo menos um dele que está incorreto. Sobre a produção mundial de petróleo que cita o volume de 62,7 milhões de barris por dia, previsto para 2016, contra 63,3 milhões do ano passado, 2015. As informações do setor dão conta que a produção mundial de petróleo estão em torno de 95,5 milhões de barris por dia.

O quadro geral mostra como o Brasil se situa bem no quadro geral, a despeito do que se tenta convencer internamente. O Brasil estaria entre as nações que terão este ano, o maior percentual de aumento da produção de petróleo, mesmo com a atual fase de baixos preços. A matéria não fala, mas penso que nesta avaliação, a Opep exclui os seus membros.

O Brasil será seguido pelo Canadá, Malásia e outros. Enquanto os EUA com previsão de produção de menos 400 mil barris por dia e México, Reino Unido (incluindo Noruega e Mar do Norte) e China deverá ter produção menor do que em 2015 de cerca de 100 mil barris por dia, cada um.

Nesta tabulação, eu penso que o relatório da Opep leva em consideração os barris equivalentes em óleo (boe) que é a soma da produção de óleo e gás, contabilizados juntos e em proporção equivalente.

Outro ponto a ser comentado é que a previsão que a Opep faz da redução da produção que a Bacia de Campos terá em 2016, de cerca de 250 mil b/d, que deverá ser suplantada pelo aumento de produção nas reservas do pré-sal brasileiro.

Segundo a Opep, no último trimestre deste ano a produção de petróleo e gás no Brasil chegará ao volume de 3,3 milhões de boe/d, com uma média anual de 3,1 milhões de boe/dia.

A leitura que a Opep faz da produção de petróleo extra os seus membros tem a função de avaliar as consequências de sua decisão no próximo domingo (17/04).

Hoje a Opep tem apenas cerca de 1/3 da produção mundial. Os EUA cerca de 10%. A Rússia também com cerca de 10% da produção mundial também estará na reunião da Opep na Suíça, o que eleva o patamar dos países reunidos para próximo da metade da produção mundial.

Assim, há que considerar que o movimento de produção nos outros 50% poderá reduzir as consequências da decisão de limitar a produção de petróleo no mundo para reduzir o excesso hoje existente no mercado.

Por isso, estão de olho no Brasil que geopoliticamente passou a ser foco de outros interesses em acessar a rica camada de petróleo do pré-sal. A exploração das reservas do pré-sal passou a ser oferecida pelos mesmos que defendem o impeachment da presidente Dilma. Não por acaso, aí está uma das dimensões da crise política atual.

PS.: Atualizado às 13:44: Para ajustar redação do texto. 

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