sexta-feira, setembro 14, 2018

O caso da ação na UFF-Campos é parte do esforço em silenciar a democracia. É hora não apenas de resistir ao Estado de exceção, mas de reconquistar o Estado de direito!

Depois de quase três semanas fora de Campos fisicamente (e não pelas redes sociais) retorno com a notícia sobre a ação de um juiz local dentro de uma universidade pública, a UFF, com a intenção segundo o mesmo, em evitar o uso da instituição para benefício de candidaturas.

Abrir armários à força, arrancar adesivos das roupas dos alunos, revistar bolsas e ameaçar prender professores e dirigentes, por conta de uma denúncia anônima é um autoritarismo inaceitável, ainda mais num ambiente onde deve imperar a autonomia universitária para o livre pensar, debater e argumentar. 

Foto recebida pelo blog e também publicada blog do Pedlowski
Hoje, recebi vídeos, fotos e relatos sobre os acontecimentos ontem na UFF Campos. São lamentáveis em qualquer dimensão que se queira interpretar, as cenas observadas num ambiente de ensino e pesquisa.

O professor Pedlowski (aqui em seu blog) e o site da revista Fórum (aqui) descreveram e detalharam o ato lamentável acontecido ontem na UFF-Campos. Os fatos expostos mostram que além da burla à autonomia universitária, a truculência dos atos que até com mandado judicial e justificativas, não guardariam correspondências com os resultados da fiscalização a que se pretendia.

As pressões sobre gestores públicos, professores e alunos têm efeitos didáticos simbólicos que são repugnantes num ambiente de livre construção do saber e do embate das ideias e até defesas das posições.

As consequências de atos como estes vão muito para além do desejo de uma fiscalização para uma eleição que se pretenda isonômica e isenta de poder econômico e político e de igualdades para os candidatos inscritos oficialmente na disputa.

Os tempos são de exceção e os exemplos pululam todos dias e em todos os cantos. Alguns operadores da Justiça parecem ter gostado do excesso de emponderamento e seguem esticando os limites e seus atos. Assim, parecem não perceber que estão se distanciando dos objetivos propugnados e avançam para o campo das ameaças à nossa cada vez mais frágil democracia.

Observando de forma indignada estes atos na UFF-Campos, num momento logo depois de ter percorrido vários municípios do ERJ e SP nestes últimos dias e não ter enxergado praticamente nada de campanha nas ruas, eu começo a me perguntar a quem está interessando impor o medo e o terror para silenciar as pessoas?

A quem interessa uma fake democracia silente e atemorizada? Lutamos tanto pela barulhenta e alegre democracia e não será com um, dois atos de pressão e atemorização que irão nos calar. Não se pode impedir à força o embate das ideias. Isso sim, uma ilegalidade.

Mais que resistir é preciso avançar para reconquistar o Estado de Direito, superando o temor pretendido, divulgando aquilo que se pretende calar à força. Reconquistar o direito mais que um movimento legítimo é legal. Não nos esqueçamos que este caldo de cultura necessita ser revisto porque, enquanto fenômeno sócio-político ele tende a ir para além das eleições de outubro.

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