sexta-feira, setembro 14, 2018

O cinismo e a hipocrisia do segmento empresarial que segue escrachando o poder econômico, para eleger seus políticos no Estado

Para quem pensa que o fim do financiamento empresarial limitou o apoio dos "donos dos dinheiros" se enganou redondamente.

Para eleger os seus deputados e fazer as leis que interessam aos setores empresariais, os donos dos negócios estão escrachando os seus apoios financeiros legais e certamente os "por fora".

Afirmam abertamente que é um pagamento à aprovação das leis que lhes interessavam no passado e desejam no futuro. Como a "reforma" trabalhista e da limitação do teto de gastos que cortou direitos sociais.


Um dos mais contemplados é o próprio deputado-relator das mudanças na legislação trabalhista, Rogério Marinho do PSDB.

O jornal Valor (13 set., P. A7) em matéria com o título "Empresários articulam eleição de bancadas para manter influência" (aqui) afirma que Marinho, o relator "recebeu dezenas de doações de empresários de peso". Dos donos das redes Centauro, Riachuelo, Aliansce Shopping Centers, RaiaDrogasil, Polishop, Habibs, Fastshop, Magazine Luíza, etc.

O interessante é que o esquema de financiar as campanhas é exatamente o mesmo que a Operação Lava Jato questiona nas campanhas anteriores.

E olhe que esta é a parte oficial do apoio financeiro, na medida em que alguns candidatos com "amigos mais afortunados" estão escondendo as doações porque oficialmente o limite de gastos para a eleição à Câmara dos Deputados é de R$ 2,5 milhões.

Assim, se vê a seletividade e a criminalização de uma parte dos partidos e políticos, enquanto outros seguem fazendo o mesmo que antes e às caras. Os donos dos negócios pagando aos parlamentares que fizeram o serviço que lhes interessavam.

E tudo isso passa despercebido do grande público, não sendo do interesse da mídia comercial do rádio e da TV que estão agindo como partido político, preocupados com seus candidatos e ajudando a divulgar a especulação com o dólar para ameaçar os candidatos que não lhes agradam.

A mídia comercial não dá dinheiro. Concede a pauta. Dá tempo de rádio e TV nos seus noticiários, comentários dos colunistas políticos e econômicos, muitas vezes financiados pelos mesmos que dão o dinheiro diretamente aos candidatos. É um jogo muito desigual.

É claro que o caso da generosidade dos "donos dos dinheiros" não é apenas do deputado-relator para pagar a "reforma trabalhista". O presidente da Câmara, candidato aqui no ERJ, Rodrigo Maia já recebeu - oficialmente - cerca de R$ 1 milhão.

Os doadores são acionistas da Oi como Carlos Jereissati, que também é dono da rede do Shopping Iguatemi, do proprietário da locadora de veículos Localiza e da construtora EZTec, setor da construção civil que foi beneficiado pela lei articulada por Maia sobre o distrato imobiliário que regulamenta a devolução de imóveis adquiridos na planta, em condições favoráveis aos donos das construtoras e contra os adquirentes.

Outros donos de negócios seguem doando: Cosan - empresa de infraestrutura e concessionária das áreas de energia e infraestrutura; MRV - empresa e incorporação e construção civil; etc. financiando candidatos em SP; GO; MG; CE, etc. Os partidos mais contemplados são o DEM; PSDB; PPS e até o PRTB que tem a vice do PSL.

O caso não é distinto quando se se vê o Meirelles que como banqueiro financia a sua própria campanha com mais de R$ 35 milhões. Outros banqueiros e grandes acionistas destes bancos (para dar menos na vista) estão irrigando os deputados e candidatos que encaminham as leis que lhes interessam. Imaginem o agrado que está sendo feito pelas corporações globais do setor petróleo para manter o que conseguiram após o golpe.

Se passar um pente fino nas doações oficiais de outros candidatos em todos os estados isto será observado. Os casos servem para mostrar o falso moralismo de quem criminaliza a política e os políticos. E com isso fizeram política seletiva junto com o partido da justiça para condenar um lado e liberar outro para seguir fazendo o que sempre foi feito e segue sendo feito.

A reforma política por mais perfeita que se deseja não consegue deter a força do poder econômico sobre as eleições, as escolhas dos gestores do poder político e do Estado para realizar os seus interesses. Que quase sempre são opostos aos da maioria da população. E no meio de tudo isto há quem entenda que se tem que defender o mercado e deixar de lado as maiorias.

Num sistema capitalista o mercado é parte dele. Há quem se ofereça para chegar ao Estado e gerir seus interesses. Porém, a sociedade é mais ampla e o Brasil é muito desigual, necessitando portanto, de se promover no Estado, políticas públicas para a inclusão social na direção de um estado de bem-estar-social para todos. Indistintamente.

Observar o que acontece e segue escondido e/ou pouco divulgado, ajuda a compreender o cenário em que vivemos. Ainda assim, há uma parte de toda essa história que aparece para os donos dos dinheiros como uma "variável" sem ou com pouco controle: o voto popular.

Um comentário:

Anônimo disse...


“Mulheres unidas contra Bolsonaro”

Nós, mulheres, somos 52% do eleitorado. Unidas podemos derrotar o machismo, o sexismo e a misoginia. Quem diz que "mulher deve ganhar salário menor pq engravida" ou "não te estupro pq vc não merece" não pode ousar colocar a faixa presidencial!