terça-feira, fevereiro 26, 2008

Duas da academia

A professora Adelia Miglievich, editora-chefe da revista “Agenda Social” produzida no laboratório de Estudos do Espaço Antrópico (LEAA) do Centro de Ciências do Homem (CCH) da Uenf manda avisar que foi disponibilizada a edição de número 3 que pode ser baixada e lida aqui, na internet. Ela manda ainda avisar que “na busca da atualização de nossa "periodicidade", comunicamos que está "saindo do forno" o n. 4 da "Agenda", a reservar novas e boas surpresas a todos/as, na busca de um interlocução conseqüente a partir de nosso Programa de Pós, que compõe. o Comitê Multidisciplinar da CAPES”. A segunda comunicação: hoje, às 16 horas, o aluno, William Souza Passos, do curso de Licenciatura em Geografia do Cefet Campos estará defendendo a sua monografia de conclusão de curso com o interessante tema: “Hegemonia, dominação e consenso na Planície: Uma análise sobre a direção do Fundecam nos primeiros anos de sua existência”. William tem se destacado junto com outros alunos deste curso no desenvolvimento de pesquisas e publicação de seus resultados, ainda antes da conclusão do seu curso criando assim grandes chances de prosseguir os estudos em nível de mestrado. William já teve trabalho aprovado e apresentado no último encontro da Anpur (Associação Nacional de Pós Graduação em Planejamento Urbano) em maio do ano passado, em Belém, promete apresentar dados apurados em análises quantitativas e qualitativas interessantes, a respeito deste instrumento de fomento à implantação de empresas em Campos. O orientador da monografia é o professor Dr. em Eng. de Produção, Romeu e Silva Neto do Cefet e a banca examinadora será ainda composta pelos professores, Ailton Mota de Carvalho, Dr. em Políticas Públicas da Uenf e Cláudio Cesar de Paiva, Dr. em Economia pela Unicamp e professor da Ucam. O evento acontecerá hoje, no miniauditório Reginaldo Rangel da Silva, no Cefet Campos. Uma boa pedida não só para estudiosos, mas também para a imprensa e também para empresários, autoridades e gestores públicos. Atualizado às 14:28: Resumo da monografia do William Souza Passos sobre o Fundecam: Este trabalho procura fazer uma análise crítica das relações de poder que envolvem a estrutura administrativa do Fundo de Desenvolvimento de Campos dos Goytacazes (FUNDECAM). Criado em 2001 para financiar projetos de investimentos com parte dos recursos dos royalties do petróleo, o Fundo vem anunciando a aprovação de 58 projetos, que pertenceriam a um universo de 13 diferentes ramos econômicos e acumulariam investimentos totais de R$ 302.623.000,00, o que estaria resultando na geração de 4.740 empregos diretos. Como referencial teórico, adota-se aqui de maneira predominante as formulações de Gramsci a respeito da Teoria “ampliada” do Estado e de Cruz sobre a dinâmica das relações sociais, políticas, econômicas, territoriais e simbólicas no Norte Fluminense. Buscando responder a indagações acerca da natureza administrativa do FUNDECAM, procedeu-se a adoção de uma metodologia que consistiu, além de uma pesquisa bibliográfica em livros, periódicos locais a partir de maio de 2006 e sítios eletrônicos disponíveis na internet, na realização de entrevistas qualitativas com técnicos do Fundo, representantes do setor acadêmico localizado em Campos dos Goytacazes, representantes de organizações da sociedade civil local que acompanham as ações do poder público do município, com membros de representações empresariais localizadas na região e com representantes de algumas empresas beneficiadas com financiamento do FUNDECAM. O primeiro estudo acerca do FUNDECAM efetivamente apresentado à comunidade acadêmica do Norte Fluminense concluiu que as relações anti-democráticas que envolvem o FUNDECAM tem suas raízes no legado sócio-político-cultural deixado pelas elites açucareiras e no sentimento do bloco atualmente no poder no município de ameaça da manutenção de sua hegemonia.

2 comentários:

xacal disse...

Don Roberto de Moralles...

É só um chute, pois não tenho os numeros para fazer a afirmação, que inclusive postei no dia do abandono 2...
o (A)FUNDECAM(pos) é um instrumento de concentração de renda brutal...isso sem mencionar as práticas nada ortodoxas que são alvo de dois Inquéritos Policiais...
Não tenho certeza, mas o custo de geração de um emprego em Campos dos G. alcança patamares estratosféricos, não?
E no fundo todos sabemos, ou pressentimos que essas indústrias são como vampiros, parasitas do erário...acabou o inentivo, beijinho, beijinho...pau, pau...
Quando o RS, com Olívio Dutra endureceu a negociação com a FORD, que foi para a Bahia, chamaram ele de louco...A Bahia continua no mesmo lugar ou pior nos índices de desenvolvimento...
O círculo virtuoso do emprego e desenvolvimento industrial acontece quando a atividade é incorporada ao contexto regional, associado a pequenas e médias empresas que passam a fornecer para os grandes conglomerados...criando "raízes" que mantêm essas empresas por longos períodos...Plantas industriais prontas...com insumos adquiridos quase na sua totalidade fora da localidade, bem como atividades muito distantes da vocação local tendem demorar no retorno dos incentivos destinados pelo erário...E como dissemos, às vezes as fábricas se vão asim que seca a fonte...

Xacal

Roberto Moraes disse...

Olá Xacal,

Esta é uma boa discussão que com certeza o William abordará na sua monografia. Em meio à gastança desenfreada dos recursos dos royalties, você emprestar dinheiro, mesmo a baixo custo, se não for uma boa, é o menor dos males.

Os abusos com empréstimos a quem não tem cadastro e nem crédito é questão realmente de polícia.

Você tem razão no custo por emprego. Em alguns casos aqui você tem uma relação muito próxima ao custo da instalação de indústrias com grande grau de inovação tecnológica onde o custo para a geração de um emprego chega a algo próimo de R$ 1/2 milhão, quando em pequenoas e médias empresas, na agricultua familiar, no turismo e outros é possível gerar um emprego com R$ 2 ou 3 mil.

Além disso, o Fundecam tem outros problemas:
1) Ser um balcão de financiamentos. Atende aleatoriamente pedidos, sem avaliar ou estimular o surgimento de setores ou cadeias produtivas que possam tornar outros empreendimentos na região interessantes pela proximidade com formecedores, etc;
2) Não relacionar as universidades e a pesquisa local aos projetos;
3) O número de mepregos gerados chega a ser 1/3 ou menos do que aquele informado nos projetos apresentados à PMCG. Temos informaç~es ainda oficiosas a este respeito, que provavelmente o William não terá como apresentar, já que uma pesquisa acadêmica sópode trabalhar com dados oficiais. Os dados gerais sobre empregos na indústria no município já indica esta realidade;
4) O apoio governamental poderia ser mais na gestão, no apoio ao desenvolvimento gerencial e tecnológico dos empreendimentos - para iso serviria a maior relação com as universidades locais. Além disso, apoio em marketing, numa marca própria local, etc.

Esta é uma interessante e longa discussão.

Abs,