sábado, fevereiro 23, 2008

Nem tudo está perdido!

Ontem saí para comprar um filtro no comércio. Não acredito mais nestas águas vendidas em garrafão, como sendo mineral. Nem as propriedades mais simples da água, como a de ser inodora e incolor são mais respeitadas. As autoridades devem voltar a fazer análises em diferentes pontos de venda deste tipo de água. Suspeito de que encontrarão aberrações. Vou mais longe, desconfio que haja gente vendendo “torneiral” sem sequer limpar os galões, como sendo água mineral, apenas colocando rótulo e tampas novos. Voltando ao assunto. Comprei um destes filtros que se adapta à torneira. No comércio que entrei quando pedi o filtro, todos os que estavam junto ao balcão concordaram com a desconfiança sobre a qualidade da água mineral vendida em nossa terrinha. Agora realmente voltando ao tema. Ao encostar-se ao grande balcão do comércio vi um sujeito lendo um livro, daqueles grossos, possivelmente de mais de quatrocentas páginas. Disfarcei e enquanto fazia o pedido a um outro balconista vi se não era de religião. Enquanto aguardava o balconista localizar o meu pedido percebi a atenção fixa do balconista-leitor. Assim resolvi puxar assunto: uma leiturinha boa, heim? Foi o suficiente para o sujeito abrir um sorriso e dizer: “é sobre a vinda de D. João VI para o Brasil, muito interessante”. Pergunto se era o romance sobre o assunto do Ruy Castro. Ele diz que não. Mostrando a capa disse que era o livro 1808, de Laurentino Gomes. Empolgado como todo o sujeito que é pego em meio a uma boa leitura, disse também que estava impressionado com os esquemas de corrupção, já daquela época. A seguir fez questão de mostrar um passagem que informava que o padre cobrava da rainha, o equivalente hoje a R$ 1.450 só para ouvir suas confissões. Um papo rápido, porém animado se seguiu. Com o filtro na sacola saí com a sensação que há saídas. Nem tudo está perdido quando um balconista, ou mesmo, um gerente de um ponto comercial lê e discute sobre um livro e suas relações. Com um ânimo e sentimentos revigorados acabo por concluir, que há muito mais que água a ser filtrada caminho a fora. Bom domingo!

4 comentários:

Álvaro Marcos Teles disse...

Roberto, tem galão de "água mineral de 20 litros" sendo vendido por aí à R$ 2,00. Não é por nada, não, mas será que o litro custa apenas dez centavos? Baratinho, né?

Anônimo disse...

Caro Roberto.
Eu tb. por várias vezes já senti que havia saída, porém este sentimento logo ia embora quando voltava a dura realidade da nossa cidade, da vida como um todo!
Infelizmente, estes não são a maioria e parece que não temos mais tempo para as coisas simples e boas da vida, do dia a dia!

Vitor Menezes disse...

Postei no urgente! Uma proposta para funcionamento da nossa rede de blogs. Quando puder, dá uma passada lá pra dar a sua opinião... Abração!

Roberto Moraes disse...

Caro Álvaro,

O ditado popular já dizia que dependendo da esmola até o contemplado desconfia.

Nesta terra onde uma concessionária atua sem nenhum controle governamental e muito menos da sociedade civil é natural que haja desconfiança sobre a qualidade da água distribuída.

Porém, ficamos ainda mais vulnerável, quando vemos que estas águas "minerais" são vendidas em qualquer lugar e forma, em nosso município.

Dizem ser Campos um município com um dos maiores percentuais de venda destas águas, mesmo se considerarmos sob o ponto de vista proporcional à população.

Abs,