segunda-feira, junho 20, 2011

A EBX deveria avaliar melhor suas estratégias para a região onde instala seu maior empreendimento

Ninguém é contra, muito menos este simples blog, os investimentos privados que visam o lucro, que assumem riscos, geram empregos e assumem responsabilidades trabalhistas, sociais, ambientais, etc.

Vivemos numa sociedade capitalista, portanto, algo natural que novos empreendimentos surjam. Numa região, em que a dependência do poder público, por conta dos royalties, representa a quase totalidade de tudo que aqui se faz ou empreende, o fato deveria até ser comemorado.

Pois, é neste cenário que o blog pensa alto e reflete com seus leitores e colaboradores sobre a notícia espalhada na região (carecendo de confirmação), de que o grupo EBX investirá num hospital privado no eixo rodoviário entre Campos e São João da Barra.

O grupo empresarial vem ampliando a cada dia o porte do seu empreendimento na região do Açu. Novas propostas vão surgindo e o empreendimento ganhando outra dimensão. Memorandos de entendimentos são firmados, atualizações e projeções de número de trabalhadores e de população vão sendo constantemente refeitas, embora, nem sempre acompanhadas das preocupações e dos projetos de compensações ambientais e sociais, oriundos da sinergia destes empreendimentos são apresentados à nossa população.

Ninguém pretende que os investidores fiquem a pagar migalhas à população local para compensar os estragos que vão sendo produzidos. O problema na rodovia dos Ceramistas gerado pelo tráfego de caminhões pesados que levam pedras do morro do Itaóca para o empreendimento do Açu, é apenas, e unicamente, um bom exemplo das consequências para toda a população dos impactos da instalação deste mega empreendimento.

Neste contexto, além do porto, das termelétricas, do estaleiro, da unidade de tratamento de petróleo, do corredor logístico, da siderúrgica e provavelmente da montadora de automóveis, das cimenteiras, etc., apareceu, até como “desdobramento natural” a ideia do empreendedor também faturar e ampliar seus lucros, com novos negócios imobiliários no entorno do porto, com a construção de um condomínio com o nome de cidade, para os trabalhadores de seu empreendimento de renda superior a dez salários mínimos.

Porém, daí a imaginar um avanço ainda maior nos seus lucros, com a construção de um hospital particular como mais um negócio da holding, para aqueles que têm condições de pagar, parece um pouco demais, a não ser que se disponha a mitigar os problemas que serão gerados pelo aumento da demanda que os trabalhadores de menor renda e seus familiares, assim como, por aqueles que para aqui migrarão atraídos pelo marketing feito pelo empreendedor a partir da proposta do Complexo do Açu.

O grupo EBX, através do seu diretor de Sustentabilidade, Paulo Monteiro, em entrevista ao blog, no dia 24 de fevereiro (veja aqui), informou que até o final de março, o grupo empresarial apresentaria ao Inea (Instituto Estadual do Ambiente) e à população, um novo estudo sobre o impacto ambiental e social englobando toda a infraestrutura necessária para a instalação do Distrito Industrial, assim como a sinergia entre os impactos de cada um dos empreendimentos isoladamente.

Isto até agora não foi feito, ao menos que o blog tenha conhecimento. Nele, imaginava-se que o empreendedor se posicionasse sobre novas compensações sociais que estão segundo a empresa “no DNA dos seus empreendimentos” e que considerasse a explosiva expansão demográfica prevista, especialmente, em Campos e SJB, dentro dos mnicípios considerados como da AID (Área de Influência Direta) do Clipa.

Porém, vai ser muito difícil para o cidadão comum, ele acreditar que este grupo empresarial poderá ser parceiro de algo que não seja o interesse exclusivo no lucro, em toda e qualquer situação, caso esta decisão seja confirmada e levada adiante.

Impossível acreditar e participar de um processo chamado de Gestão Integrada do Território sustentada em promessas falsas de participação e sustentabilidade, quando a estratégia de negócios equivocada, aponta para a ampliação dos lucros a todo e qualquer preço.

Gestão integrada aqui seria na prática a privatização dos lucros e a transferência dos impactos e prejuízos causados aos que habitam o território explorado. Mais do mesmo, já conhecido e questionado, apenas para efeito de marketing.

Todos sabemos, que tanto na educação quanto na saúde, duas áreas ligadas diretamente ao número de habitantes de um território, o espaço para o atendimento privado tende a existir e crescer, no vácuo da baixa qualidade da prestação dos serviços públicos.

Sendo assim, o interesse privado da holding EBX nos lucros nestas áreas, no caso específico de nossa região e no entorno do Complexo do Açu, tende a ser entendida, como uma forma clara e simbólica, de baixo compromisso com a gestão pública e com uma governança a favor do cidadão.

Neste caso o DNA estará definitivamente marcado e sem meios termos, apenas confirmando as desconfianças, apenas sinalizadas quando da greve dos funcionários e dos problemas com as desapropriações de terras dos proprietários rurais.

O blog espera que os responsáveis maiores pelas estratégias da holding EBX se posicionem e expliquem suas estratégias, intenções e ações. É dever do poder público fazer o mesmo. Talvez, as explicações ou negação destas intenções possa gerar um entendimento diferente.

Este espaço, como sempre faz, se coloca à disposição para que o grupo empresarial se expresse e explique aos habitantes deste território, os seus planos e as ações pretendidas, na área da assistência à saúde dos milhares que para aqui já se dirigem, atrás das oportunidades de emprego. A conferir!

7 comentários:

douglas da mata disse...

Não é à toa que pretendem construir um hospital. Tratar dos doentes, ao invés de construir um ambiente saudável, que já sabem desde o começo, impossível de compatibilizar com o empreendimento.

Bom, falta uma cadeia maior, e quem sabe novos "caveirões", helicópteros e mais armas para policiais?

Anônimo disse...

Roberto, vá morar em Cuba. Chega a ser cômico... Tomara que todos trabalhem bastante para poderem pagar por um serviço de qualidade deste hospital ao invés de esperarem por emolas. Roberto, no mundo atual o que vale é a meritocracia, veja seu presidente onde chegou, um pobre operário sem dedo.

Anônimo disse...

Hahahahha

Muito bem Anônimo das 10:20! Roberto, vai morar em Cuba.

denis disse...

Professor, quanto a isso tenho os seguintes pontos:

- o que esperar de um Estado onde o governador anda de jatinho emprestado de mega empresário para tudo que é lugar e de um município onde a prefeita defende o empreendimento como se fosse ela a investira;

- o que vamos esperar de uma sociedade acostumada com troca de favores pequenos e não se mobiliza de forma homogenia para ver além de empregos e divisas para os municípios que já são ricos financeiramente;

- como acreditar em uma empresa que fala uma coisa em seu marketing e ao se mostrar para a sociedade age de maneira diferente e sem transparência necessária.

Infelizmente a realidade vai muito além dos números apresentados, dos investimentos prometidos e da transparência que tanto falam e não cumprem, vai mais longe do que pensamentos pequenos de pessoas e comentaristas que acham que esse tipo de capitalismo ajuda o país tanto quanto o prometido, de pessoas que acham que essa maneira de fazer negócios é justificada quando falamos de lucro. SJB e região nunca mais serão as mesmas, isso é evidente, mas porque cometer aqui os erros que estamos acostumados em ver em todos os outros empreendimentos parecidos?! Seria uma boa oportunidade de fazermos diferentes, mas pelo que tenho acompanhado estamos é fazendo cada vez pior, misturando descaradamente interesses particulares com os públicos e políticos e temos em nossos administradores públicos pessoas pouco comprometidas com o verdadeiro significado de desenvolvimento.

Anônimo disse...

Bem dito Denis

É uma vergonha, pra não dizer ação de quadrilha o que vêm fazendo o governador esse empresário e a prefeita. Chegaram ao cumulo de declarar uma área vazia com pequenas propriedades e mata como zona industrial e depois, para poderem desapropiar em favor do empresario declararam o empreendimento como utilidade publica. Desta forma é que estão conseguindo expulsar "LEGALMENTE" pequenos proprietários e famílias inteiras tradicionais.
Um absurdo digno de mafiosos. Dizer que uma empresa é de utilidade publica pra poder expulsar pessoas. Se fosse para construir um parque, praça, escola publica ou hospital justificaria-se a desapropriação em favor do bem público. Mas, desapropiar para fravorecer um empresário que, diga-se de passagem, nem licença tem ainda pra construir, é um verdadeiro ato de quadrilha.
Se escondem atras dessa falácia de empregos e esquecem o que realmente édesenvolvimento. Preservação, turismo, educação, ciencia e tecnologia dão tanto ou mais emprego e dinheiro do que industrialização de uma área nativa.

Pedro Caetano disse...

Siga o raciocinio..EBX quer lucro.
Por que não lucrar onde o poder público tem carência: Primeiro o hospital,depois certamente virá tambem educação basica e de 3° grau.
A politica pública que o estado não pode oferecer com qualidade da brechas para que a iniciativa privada vejas como possiveis nichos economicos.
O dificil e ver que atualmente o estado esta atuando com parceiro da iniciativa privada;cito como exemplo o asfalto que liga a Granja X Cajueiro a prefeitura esta asfaltando,antes não se via aquelas plaquinhas tão comuns no 5°distrito por lá,mas apos a passagem desse asfalto ..nossa ja apareceram umas 4 ou 5...
O que tenho a falar a quem sempre censurava o povo do 5° em prol do desenvolvimento é o seguinte.."Gente as plaquinhas estão chegando amanhã poderá ser sua casa ou suas terrinha" rsrs.
Como todos sempre dizem " deixem o "progresso" chegar".
São João da barra futuramente será conhecida não apenas como cidade das oportunidades e sim como cidade das facilidades.

Anônimo disse...

Nada de errado em construir um hospital. O interesse é ganhar, sim, muito dinheiro, com o empreendimento. Para o empreendimento dar certo é preciso mtas coisas no entorno, inclusive hospital. Não dá para esperar o poder público. Aliás, a prefeita incentiva e apoia o empreendimento acreditando nas oportunidades de trabalho, educação, saúde e infraestrutura que ele possivelmente levará ao município.
é preciso ser menos reacionário gratuitamente e ser mais realista.