quarta-feira, junho 25, 2014

"A cartelização mediocrizante da notícia"

A crítica quando exercida de forma clara, com argumentos poderia valer mais ao criticado que ao seu formulador. Isto se os ideais justificassem os atos. Entender os passos e ver a lógica que há por trás de dos que há muito abandonaram o ofício da notícia é parte do nosso necessário exercício de democracia. É a singela opinião deste blog. Abaixo o texto do Luiz Nassif na página online do GGN:

"A cartelização mediocrizante da notícia"

Luis Nassif, seg, 23/06/2014 - 06:00 - Atualizado em 23/06/2014 - 15:23

1.     TODOS os grupos de mídia fizeram a mesma cobertura negativa da Copa, com os mesmos tons de cinza, o mesmo destaque às irrelevâncias, prejudicando seu próprio departamento comercial pelo desânimo geral que chegava aos anunciantes.
2.     NENHUM grupo preparou uma reportagem sequer mostrando os detalhes de uma organização exemplar, que juntou governos federal, estaduais, municipais, Ministério Público, Tribunais de Conta, Polícia Federal, Secretarias de Segurança, departamentos de trânsito, construtoras, fundos de investimento. NENHUM!
3.     Depois, TODOS fazem o mea culpa e passam a elogiar a Copa no mesmo momento.
4.     Na CPMI de Carlinhos Cachoeira TODOS atuaram simultaneamente para abafar as investigações.
5.     Na do “mensalão”, TODOS atuaram na mesma direção, no sentido de amplificar as denúncias e esmagar qualquer medida em favor dos réus, até as mais irrelevantes.
6.     Na Operação Satiagraha, pelo contrário, TODOS saíram em defesa do banqueiro Daniel Dantas, indo contra a tendência histórica da mídia de privilegiar o denuncismo.
7.     No episódio Petrobras, TODOS repetiram a mesma falácia de que a presidente Maria da Graça disse que foi um mau negócio e o ex-presidente José Sérgio Gabrielli disse que foi bom negócio. O que ambos disseram é que, no momento da compra, era bom negócio; com as mudanças no mercado, ficou mau negócio. TODOS cometeram o mesmo erro de interpretação de texto e martelaram durante dias e dias, até virar bordão.
8.     No anúncio da Política Nacional de Participação Social, TODOS deram a mesma interpretação conspiratória, de implantação do chavismo e outras bobagens do gênero, apesar das avaliações dos próprios especialistas consultados, de que não havia nada que sugerisse a suspeita. Só depois dos especialistas desmoralizarem a tese, refluíram - com alguns veículos ousando alguma autocrítica envergonhada.
É um cartel, no sentido clássico do termo.
Uma empresa jornalística que de fato acredite no seu mercado jamais incorrerá nos seguintes erros:
1.     Trabalhar sem nenhuma estratégia de diferenciação da concorrência, especialmente se não for o líder de mercado. A Folha tornou-se o maior jornal brasileiro, na década de 80, apostando na diferenciação inteligente.
2.     Atuar deliberadamente para derrubar o entusiasmo dos consumidores e anunciantes em relação ao seu maior evento publicitário da década: a Copa do Mundo.
3.     Expor de tal maneira a fragilidade do seu principal produto – a notícia -, a ponto de municiar por meses e meses seus leitores com a versão falsa de que tudo daria errado na Copa e, depois, ter que voltar atrás. Em nenhum momento houve uma inteligência interna sugerindo que poderia ser um tiro no pé. Ou seja, acreditaram piamente nas informações falsas que veiculavam - a exemplo do que ocorreu com a maxidesvalorização de 1999.
4.     Nos casos clássicos de cartel, um grupo de empresas se junta para repartir a receita e impedir a entrada de novos competidores. No caso brasileiro, a receita publicitária cada vez mais é absorvida pelo líder – a Globo – em detrimento dos demais integrantes do grupo. Para qualquer setor organizado da economia, essa versão brasileira de cartel será motivo de piada.
Tudo isso demonstra que há tempos os grupos de mídia deixaram de lado o foco no mercado e no seu público. Não se trata apenas da perda de espaço com a Internet. Abandonaram o produto principal – a confiabilidade da notícia – para atuar politicamente, julgando estar na política sua tábua de salvação.
A sincronização de todas as ações, em todos os momentos, mostra claramente que existe uma ação articulada, centralmente planejada. Visão conspiratória? Não. Provavelmente devido ao  fato de não existirem mais os grandes capitães de mídia, capazes de estratégias inovadoras individuais. Assim, qualquer estrategista de meia pataca passa a dar as cartas, por falta de interlocução à altura em cada veículo.

2 comentários:

Anônimo disse...

Caramba, o chapa-branca do Nassif está parecendo Stalin falando. Abrindo caminho para o controle da mídia, da mídia que fala a verdade, da mídia que incomoda o PT, da mídia que denuncia s falcatruas do PT.

Stalin, com esse tipo de papo furado, matou milhares de pessoas!

Roberto Moraes disse...

O descontrole do "amiguinho" é tão grande que posta em diversas notas o mesmo comentário. Parece babar de raiva.

"Amiguinho" fica lendo seu Grobo e sua óia, rs,rs..

Vou repetir aqui o comentário que fiz em outra nota, referente, na verdade a esta:

Lá vem o defensor eterno da mídia comercial e do tucanato.

Numa sociedade democrática a crítica, que não precisa ser comunista e nem socialista é essencial.

Criticar a mídia é um dos mais importantes exercícios na democracia atual. Ao inverso do que diz.

Querem que a mídia exerça só e sem críticas o seu papel de partido político controlando o Estado, inclusive a justiça.

Não, a mídia e nem a justiça estão acima das críticas. Não se aceita que aprisionem o Estado para os interesses que durante séculos impuseram ao povo brasileiro.

Sei que dói ouvir o relato, simples, direto, com argumentos e coerência mostrando como funciona todo este processo que veio lá de trás, como barões da mídia que enriqueceram as quatro famílias que pensam ser donas do Brasil.

Aqui quem matou foi a ditadura militar apoiada exatamente pro estas quatro famílias. Não matarão a história tergiversando e programando outro golpe como fizeram com Getúlio e Jango.

Tem que ser cretino demais para questionar a crítica desta mídia comercial brasileira, desmoralizada, ainda mais agora, pela mídia comercial estrangeira que aqui cobre a Copa e, mesmo que tenha no plano da ideologias, posições idênticas, jamais ousou imaginar que agissem aqui da forma que estão agora identificando, matando a notícia.