sexta-feira, outubro 23, 2015

Cunha gosta do setor de energia (petróleo e energia elétrica): o que isto significa?

Hoje, no Valor (P.A6) em matéria da jornalista Maíra Magro "Deputado era um "investidor agressivo" foi informado que esta avaliação era dos bancos estrangeiros a partir das contas que ele mantinha no exterior, onde gostava das aplicações do setores de petróleo e elétrico.

Interessante observar que no Brasil, Cunha se enroscou com aliados em gestão portuária e nos negócios que envolviam a Petrobras e Furnas.

No exterior, segundo a reportagem, os investimentos de Cunha eram na petroleira PDVSA da Venezuela e na americana Lusitania Petroleum (Group), onde é suspeito de ter recebido propina pela companhia Béninoise des Hydrocarbures (CBH0 por exploração em campo de petróleo em Benin, África em parceria com a Petrobras.

A jornalista diz que esta informação consta dos 22 volumes de documentação vindas do Ministério Público da Suíça. Pelos documentos ele também investia com este dinheiro em ações da Petrobras onde teria lucrado US$ 200 mil.

Os documentos também mostram que Cunha investia no setor imobiliário no Rio de Janeiro, segundo documento do famoso banco destes "investidores agressivos", o Merrill Lynch.

Eu que venho tentando estudar mais profundamente os investimentos e as corporações que atuam no setor de energia, mais especificamente o petróleo, cada vez tenho minha hipótese mais reforçada de que boa parte dos dinheiros destes fundos de investimentos parece ter origem bem similar a este que o "case" de Cunha nos evidencia.

Por isto, é possível até enxergar o portfólio de investimento destes fundos financeiros, mas nunca saber quem são seus investidores e qual a origem destes recursos.

O caso da atração pelo setor de energia e petróleo não seria uma coincidência, mas sim a confirmação de como se fazia negócio atuando nos dois lados do balcão. Assim, também, é mais fácil compreender como o deputado, eleito presidente da Câmara pela oposição, agia para definir as leis, prioridades e pautas de votação no Legislativo.

Mesmo atendendo ao poder econômico e à grande parte das proposições dos colunistas econômicos, certamente, não eram os interesses da Nação que regiam as suas decisões.

Eu qualifico esta matéria, mesmo sendo pequena e no canto de página, uma das mais esclarecedoras do que temos debatido sobre corrupção, poder econômico e política, de forma a mostrar como acontece na prática da "realpolitik"- com ou sem financiamento direto de empresas - a interligação destes poderes, naquilo que a academia "cunhou" (desculpe a expressão, não houve intenção) o termo plutocracia (governo do poder econômico), no lugar da esperada e desejada democracia.

Para concluir, não posso deixar passar despercebido sobre o perfil de Cunha como "investidor agressivo" daquele feitos em empreendimentos imobiliários no Rio, onde o deputado, segundo a reportagem teria "lucrado cerca de US$ 2 milhões, investidos em uma área que se tornaria um bairro moderno do Rio de janeiro, junto à barra da Tijuca, onde reside atualmente".

O setor imobiliário é conhecido como outro ramo em que os dinheiros chegam, especialmente, na fases de incorporação e construção.

Enfim, o caso Cunha dá evidências de como age uma boa parte do esquema político que se quer evitar que prossiga.

A partir dele também é fácil compreender porque há gente querendo vender a Petrobras e/ou seus ativos em "acordos" com o poder econômico, de dentro e de fora do país. Interessante observar como os agentes do poder econômico passaram para o lado do balcão da política para fazer este jogo.

É bom lembrar que este acabou sendo o resultado lá na Itália, onde Berlusconi, aproveito " a deixa" do poder político enfraquecido pelas denúncias, para ele próprio passar a operar o jogo do poder a favor das corporações.

Continuemos acompanhando. Os detalhes das matérias periféricas nos trazem mais luz dos que as manchetes editadas como parte das operações que envolvem o poder político e econômico. A conferir!

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