terça-feira, abril 12, 2016

Agência de risco corta nota de 3 grandes petroleiras: Shell, Chevron e Total

Sim, a notícia passou batida e no máximo foi pé de página. Eu só tomei conhecimento através do amigo, professor Hélio Gomes. Veja abaixo link para a matéria que saiu no Valor Online, sem destaque: "Moody´s corta notas de crédito da Shell, Chevron e Total". Na íntegra pode ser lida aqui.

Uma das tais agências de risco, a Moody´s cortou, na última sexta-feira, as notas de três grandes petroleiras: a anglo-holandesa, Shell, a americana Chevron e a francesa Total.

Medida igual contra a Petrobras foi até comemorada pela mídia comercial nacional, sempre querendo atribuir o problema do ciclo do petróleo, às questões de gestão da empresa, exclusivamente, como se não houvesse nada relacionado à fase de baixos preços e de crise deste setor da economia que é global.

A Moody´s também confirma o que vimos falando aqui, o novo "ciclo petro-econômico" ainda não se iniciou, por isso a fase de baixa, mesmo que não seja do pico mínimo, visto em janeiro, ainda permanecerá e continuará atingindo não só as petroleiras, mas também as empresas de engenharia que atuam no setor.

As contradições são escondidas para permitir a construção da narrativa na qual as pessoas acabam enredadas numa "gaiola mental" construída pela trama midiática-jurídica-parlamentar.

O alvo são os Brics e o Pré-sal brasileiro. O poder político nacional é um dos instrumentos. Por isso precisa ser golpeado, a partir destas narrativas.

Assim, apontar as inconsistências e contradição destas narrativas fazem parte da resistência da população e dos setores organizados. Sigamos em frente!



8 comentários:

douglas da mata disse...

Silêncio na imbecilândia.

Roberto Moraes disse...

Interessante que esta mesma nota no Facebook gerou 1.792 compartilhamentos em menos de 24 horas. Pessoas que se consideram bem informadas e que não sabiam e se mostram indignadas com as seletividades das informações e das análises. Geraram centenas de pedidos de participação nos fóruns que debate o assunto.

Esta prática tem pernas curtas.

douglas da mata disse...

Pois é, caro amigo, e eu estava esperando até um ruído (relincho) dos imbecis, dizendo:

"Ahhh, agora as agências de risco servem como parâmetro".

Pois é, nem isso...não morderam a isca.

A questão principal não é o rating e essas agências-abutres, mas sim a oscilação que provocam para que os gigolôs do mercado possam cafetinar as taxas em todas as posições (compra/venda na alta/baixa, você já mencionou isso, e eu também), que acabam por se auto-realizar, tendo como causa o efeito manada dos imbecis da imbecilândia.

Mercado estável não gera lucro fácil.

É a diferença de tensão que move a amperagem, assim como são as assimetrias que movem os fluxos de capitais.

Como um circuito elétrico, o capitalismo quer saltar resistências (regulamentação) e vive dos curo-circuitos, sobrecargas, e outras oscilações bruscas.

Roberto Moraes disse...

Sim, isto e cada vez mais claro.

Aquela nota que dei sobre o lucro das tradings que comercializam petróleo, maior agora na crise de baixo preço é a confirmação empírica de como as oscilações produzem os ganhos e a acumulação.
A nota: http://www.robertomoraes.com.br/2016/04/especulacao-e-lucro-com-petroleo.html

Daqui a pouco vou postar outra nota sobre o desespero do setor financeiro com este período já longo de baixa dos preços do petróleo. O que confirma a relação ampliada dos setor financeiro com o setor de petróleo, a despeito de outras avaliações.

O fato gerará adiante - nem tão adiante - nova fase de preço, em outro ciclo petro-econômico. As evidências são enormes e já tabuladas.

douglas da mata disse...

É quase um modelo matemático, embora eu tenha sérias reservas a econometria pura e simples

Roberto Moraes disse...

Eu não entro neles.

No final de um artigo que elaborei para debater na academia, com quase 40 páginas e que faz a análise em uma série de dimensões, eu sugiro, ao final que se possa fazer uma análise econométrica com modelagens e tudo que tem direito.

Porém, eu insisto que os indicadores empíricos em diversas dimensões são tão fortes e evidentes sobre suas repercussões que a comprovação matemática podem mais atestar a validade destes modelos, do que substituir a análise do fenômeno explicitado em processos e dimensões variadas.

Há pontos em discussão, evidentemente. Há repercussões diversas sobre quem influencia e é influenciado pelo ciclo-petro-econômico que carecerão de observações empíricas mais constantes e séries históricas e análises espaciais integradas para se começar a chegar a conclusões.

Porém, há outras questões que estão por demais evidentes e que ajudam enormemente à tomada de decisões e leituras de cenários.

A potência deste conceito a que venho me dedicando é colossal.

E está imbricada com o ciclo político, confirmando, mais uma vez a visão da economia, como economia política, que permite a leitura de problemas políticos e sociais e possibilidades de integração e de intervenção na realidade.

douglas da mata disse...

Mas uma coisa é certa: O sistema (capitalista), ou o modelo, qualquer que seja sua natureza (intervencionista ou liberal) tende ao caos, e não é cíclico, como querem alguns, mas espiral...

O paradoxo básico: Acumular e concentrar riqueza, e encontrar um ideal de remuneração que insira o indivíduo no consumo dos bens que fabrica.

Aparentemente, esse paradoxo foi supostamente vencido pelo modelo rentista ultra fluído, com criação de derivativos de derivativos de derivativos.

Mas as bolhas estouradas provam que a barreira da riqueza física ainda não foi vencida, porque a base no sistema (frágil e volátil) é a confiança (confiar no valor da moeda, no depósito bancário, no resgate ou amortização do título, no mercado futuro, ou apostar no sentido contrário, que não deixa de ser uma confiança de sinal trocado).E o ser humano confia no que vê, no fim das contas.

Essa é a estrutura caótica que absorve vidas e bens de tempos e tempos, e recicla-se no que O Velho chamou de destruição criativa.

O problema que a cada balanço, bilhões são excluídos e cada vez menos têm muito mais acumulado (e não tem onde e como gastar).

Daí as bolhas, e tudo começa outra vez...

É papo para anos e anos, rs...

Roberto Moraes disse...

Sim, o debate é extenso. É preciso ainda mais investigação e análise sobre o capitalismo histórico.

As mudanças geradas pelo aumento e importância da financeirização na economia global, junto com as cadeias de valor formadas a partir da reestruturação produtiva são colossais.

Além disso, a ampliação ainda em curso da capacidade da circulação dos fluxos materiais com redução de custos, junto com a quase total supressão de fronteias para o capital, a partir ferramentas informacionais ampliam os ganhos, ao mesmo tempo que fragmentam a vida em sociedade.

Esta estrutura é sim caótica e tem limites. Mesmo que estes limites estejam sendo ampliados, ele não são ilimitados, desculpe a repetição.

Estes limites não são as crises, porque são cíclicas e fazem parte, como sabemos da superestrutura. Pode ser a espiral que leve tudo ao fundo, mas podem ser novos acordos civilizacionais, ou, caminharemos para a barbárie.

Desconfio que estamos vivendo diversas experiências de esgarçamento deste limites, mas um arranjo pós-capitalista, não parece despontar. As bobagens dos processo regulatórios, se mostraram como são: insuficientes.

As tensões se ampliarão e questionarão - no médio prazo - este conceito ocidental de democracia de consensos, sob o regime dos arcabouços legais e das instituições.

Começo a avaliar que a luta pela democracia pressuporá cada vez mais a existência de conflitos e penso que eles tenderão superar as coalizões, expondo as disputas hoje existentes e cada vez mais claras entre o mercado, estado, direito e as mídias.

Papo longo é verdade.