terça-feira, abril 05, 2016

Ao contrário do que se divulga, o atual baixo preço do barril de petróleo ajuda no aumento da produtividade do pré-sal

A confusão que a mídia comercial faz dos fatos políticos contemporâneos no Brasil, buscando um protagonismo indevido, tem impedido que seus colunistas econômicos possam voltar os seus olhos, para fenômenos importantes que interessam ao Brasil. Incluindo, os seus capitalistas.

Deve ser por isto que o blog ainda é tão procurado por quem, mesmo discordando de sua posição, ainda assim, reclama da baixa qualidade da maioria das análises dos "colonistas" econômicos da mídia comercial. O blog tem conhecimento que alguns consultores andam faturando reproduzindo as nossas análises.

Ainda assim, nós seguimos em nossa caminhada, objetivando tentar clarear algumas questões.

Uma de nossas observações é sobre o que tenho chamado de "ciclo petro-econômico", conceito que estou discutindo em diversas dimensões na academia, em debates e mesas-redondas.

Através desta análise, eu tenho procurado superar as informações soltas, fragmentadas e sem uma análise mais profunda e consistente, sobre algo que que considero importante, tanto para a realidade contemporânea, quanto para a o desenho de cenários.

Entendo que ainda há muita desinformação da maioria das pessoas, sobre a realidade do setor de óleo e gás, diante da atual crise de preços. Há algo bastante além da discussão, sobre os interesses comerciais e sobre a dimensão geopolítica das nossas reservas.

Uma destas confusões é sobre o custo de extração e o chamado “preço de equilíbrio” ou “break even”. Há três formas de se referir ao "break even":

1) Só se referindo ao custo efetivo e limpo da extração de petróleo;
2) Ou se referindo ao custo da extração mais a recuperação dos investimentos feitos com juros e correções de mercado (custos financeiros) e do pagamento dos tributos (royalties e participações especiais);
3) Ou ainda acrescentando os custos anteriores, somados aos gastos com infraestrutura e escoamento da produção, através de navios ou dutos (oleodutos e gasodutos).

Esta diferença explica a confusão que é feita quando se divulgam os custos de extração.

Eles podem ser informados a "seco", ou ampliado, como descrito com os acréscimos listados acima.

Uma outra confusão ligada à primeira, é sobre o entendimento a respeito da produtividade dos poços e campos de óleo e gás no litoral brasileiro.

Quando se fala nesta atual fase de preços baixos, se imagina que o preço de equilíbrio seria atingido através das reservas comprometidas pelos custos anteriores. Porém, este é um dos argumentos que os oportunistas usam para defender a venda das reservas do pré-sal da Petrobras.

A fase de colapso dos preços do barril de petróleo - ao contrário do que muitos pensam - ajuda a aumentar a eficiência e a produtividade, nas operações de produção nas reservas do pré-sal.

Isto se dá porque é nesta fase que se consegue reduzir os custos com os fornecedores e prestadores de serviços, em percentuais antes, no período de boom, que sequer poderiam ser cogitados.

É em função disto que a direção da Petrobras tem repetido, seguidas vezes, que os reais custos de produção no pré-sal, estão muito abaixo, daqueles estimados anteriormente, confirmando a competitividade do pré-sal, mesmo no atual cenário, adverso de preços do barril de petróleo.

Comparando a situação brasileira a de outros produtores há questões interessantes. Ao contrário do que apostou a Arábia Saudita, o nosso pré-sal, depois de um ano e meio desta fase de baixos preços no barril do petróleo, não pode mais ser considerado um “produtor marginal” (aqueles que possuem altos custos de produção).

A produção nas reservas do nosso pré-sal, em fevereiro último já equivalia a 37% de toda a produção brasileira, equivalente a 1,091 milhão de barris de óleo equivalentes (óleo + gás), sendo 873 mil barris por dia de óleo e 34,6 milhões de m³/dia de gás natural. O campo de Lula com 442 milhões de barris e 20,4 milhões de gás natural é hoje o de maior produção no país.

Assim, os poços e campos da reserva do pré-sal têm se mostrado altamente competitivos e com condições de disputar com outros grandes produtores, mesmo estando a mais de 5 km de profundidade e no mar (offshore).

Além disso, o relativo baixo tempo entre a descoberta, declaração de comercialidade e início da produção nos poços e campos do pré-sal surpreendeu até os mais otimistas.

Como tudo na vida, há um outro lado disto. Esta contenção acentuada de custos levam a práticas e procedimentos de maior risco e menor segurança no trabalho que devem ser observadas.

Os árabes também apostaram também contra o xisto (shale) americano. Neste caso, mesmo que os produtores de petróleo e gás de xisto tenham também conseguido menores custos de equipamentos e serviços, boa parte deles, já não consegue manter a produção de óleo e gás de xisto competitivo.

Assim, já começaram a interromper suas produções, mesmo que em terra, com o uso da tecnologia de faturamento hidráulico (fracking) das rochas que guardam o óleo e o gás de xisto.

Enfim, acompanhar o setor é obrigação da região que vive da Economia do Petróleo e/ou Economia dos Royalties, ou da renda do petróleo.

Desta forma, nós continuamos acompanhando.

Nos próximos dias, o blog produzirá, pelo menos mais duas postagens, sobre o tema, a partir da investigação sobre a situação brasileira. 

10 comentários:

Anônimo disse...

Uma boa abordagem.

Mas o problema maior é que não se sabe efetivamente qual é hoje o custo de produção no pré-sal. Representa 37% da produção mas a que custo? Está gerando lucro?
Particularmente, entendo que a maior justificativa para um país possuir uma empresa estatal é a necessidade de se atuar numa área estratégica.
No caso do petróleo, acho que deva ser explorado, mesmo que momentaneamente não esteja gerando lucro. É estratégico que se produza petróleo e que se dependa menos de sua importação.
Mas entendo também que a sociedade deve saber a que custo a produção tem sido obtida.

douglas da mata disse...

A questão é que, estrategicamente, a importação, às vezes, seja melhor, considerando a natureza das reservas e as projeções de cenários geopolíticos futuros.

Anônimo disse...

Realmente. Estrategicamente a importação às vezes é melhor.

Mas penso que é prudente já ter a capacidade de produção instalada, para que, caso necessário, não se tenha que começar do zero ou muito próximo de zero, sem contar o ganho no desenvolvimento de alta tecnologia que a atividade exige.

douglas da mata disse...

Mas esse é o caso da Petrobras. Por isso, a conta às vezes fica desfavorável, e os imbecis gritam que há má gestão.

É preciso manter os investimentos de forma permanente, para quando o ciclo impor a exploração, haja capacidade instalada.

E aí, o custo sobe.

O ramo do petróleo, assim como a maioria dos outros, não se restringe a variáveis como demanda e oferta, como querem nos fazer acreditar os colonistas.

Anônimo disse...

O Valor, nesta quarta-feira, denuncia uma fraude que pode quebrar a Petrobras, caso os investidores processem a estatal.

A reportagem conta:

“A diretoria executiva da Petrobras sabia, já em 2014, que a rentabilidade dos seus 59 maiores principais projetos em andamento seria reduzida em US$ 45 bilhões, ou R$ 165 bilhões ao câmbio atual, frente ao esperado, por causa de projeções otimistas adotadas nos cálculos que balizaram a aprovação desses investimentos, anos antes.

A informação consta de relatórios internos, classificados com grau máximo de sigilo, e que foram encaminhados aos conselhos de administração e fiscal na semana passada.

Essa perda de rentabilidade não guardava relação com a oscilação do preço do petróleo e dizia respeito apenas à eficiência de planejamento e execução."

A diretoria executiva que encobriu essas perdas foi nomeada por Dilma Rousseff.

O PT quebrou a Petrobras. E quebrou mais de uma vez.

Anônimo disse...

Segundo "jênio" da Matta em seus 53 anos de história a Petrobrás deve meio trilhão de reais da a excelente gestão.

Esse cara sabe ler balanço de empresa? Melhor, sabe ler alguma coisa?

Roberto Moraes disse...

O "jênio" que vê a Globo e reproduz a interpretação que interessa aos especuladores de mercado não largam o blog, como falei na postagem.

Pena que o quadrado mental em que se metem, não consegue ir para além dos interesses de investidores, assim, fazendo o jogo do Armínio Fraga, o empregado do mega-especulador George Soros que tanto gosta das ações da Petrobras.

A matéria do Valor está eivada de interpretações que mostram, não análises e sim interesses para negócios, especulação e ganhar dinheiro. Esta turma faz parte do grupo de pessoas que querem que a justiça americana possa interferir na empresa brasileira. O contrário, jamais seria feito por americanos agindo contra as empresas americanas.

A manchete do Valor faz parte da dimensão geopolítica que tenta aprisionar a Petrobras, para cumprir o acordo do Serra com a Chevron.

Observem que o texto da nota fala de conceitos, ciclo-petro-econômico e sobre repercussões em várias dimensões sobre as nações. As fases dos ciclos induzem a decisões diversas conforme os interesses das nações. Outros querem apenas saber dos interesses dos especuladores.

É evidente que a forma de abordagem são distintas, assim como os interesses. Deve ser por isto que a postagem produziu uma leva enorme de leitores e downloads aqui e no Facebook.

Enquanto isto o "jênio" comentarista quer falar de manchetes das matérias pagas diretamente, ou indiretamente aos consultores nas mídias comerciais.

Bom que o "jênio" que nada conhece do ciclo do petróleo, apenas de especulação, tenha se manifestado, para que o blog possa mostrar a diferença das abordagens.

Mas não vou mais perder o tempo com este tipo de pendenga: mais do mesmo. Fique lendo seu Globo, Veja e etc. O nosso tempo é precioso para trabalhos que julgo mais importante.

Fique aí conferindo as cotações das ações e ajudando na especulação como aqueles (Armínio Fraga e seu chefe George Soros) que desejam ganhos sem produção e sem trabalho.

Fui.

douglas da mata disse...

Bem, depois dessa enr**abada, eu vou falar mais o quê?

Se fosse para ler um esporro desses, eu preferia ser cego ou analfabeto.

Bem, eu posso supor que os diretores da Petrobras tenham mandado os sheiks do petróleo, e o comando dos EUA baixarem o preço do óleo só para frustrar expectativas e quebrar a empresa, e junto a Rússia e a Venezuela.

É isso, a diretoria da petrolífera estatal brasileira é toda de espiões americanos, junto com Dilma e a direção do PT.

Uau, a pitonisa-comentarista descobriu o que está por trás de tudo, inclusive o negão que deve estar por trás dele...

Roberto, meu filho, bater nesse pessoal é igual a empurrar bêbado da ladeira...

O blog já divulgou milhões de vezes os números de todas as petrolíferas mundiais, o montante de suas dívidas, a redução dos lucros e planos de investimentos, e todos os números que comprovam que a Petrobras sequer está entre as piores situações, a não ser pelo ataque dos abutres do mercado e seus sócios da mídia e do judiciário.

Situação aliás, que não tem paralelo em nenhum lugar do planeta, embora até o touro de WallStreet saiba que o mundo corporativo privado é um antro de corrupção (vide o subprime de 2008).

Em nenhum país se ataca empresas que influenciam a economia do país desse modo, ainda mais quando representam um fator de investimento altíssimo em tecnologia e inovação em setor tão sensível(que aliás, tornou o pré-sal possível e barato).

Os EUA vão à guerra por suas petrolíferas...matam, fraudam notícias (como as armas químicas do Iraque), explodem cidades inteiras, e aqui, guerreamos a nossa.

Só aqui, com esses boçais que dizem saber ler "balanço"...

São, como Nassif chama, os cabeças de planilha...

Anônimo disse...

http://click.uol.com.br/?rf=homec-chamada-topo-modulo16-direita&pos=mod-1;topo&u=http://gizmodo.uol.com.br/experimento-petroleo-espaco/

Roberto Moraes disse...

Muito interessante.

http://www.esa.int/Our_Activities/Human_Spaceflight/Research/Sending_crude_oil_into_space_to_study_Earth_s_depths/

O link acima é da matéria completa. Ele tem mais informações sobre os porquês dos chineses e franceses estarem mandando petróleo para o espaço para estudar modelos matemáticos que ajudem e facilitem a localização e comportamentos de reservatórios de petróleo em grandes profundidades e sob intensa pressão. Como nas reservas do pré-sal.

Por aí se vê como o petróleo e o gás ainda continuam estratégico a despeito do uso maior das energias alternativas.

Obrigado a quem enviou. Acompanhemos os resultados.