quinta-feira, agosto 04, 2016

Quem diria? O Japão também cria bolsa família para baixa renda

Enquanto por aqui nos trópicos os "gênios do golpe" amparado pelos "sanguessugas do mercado" vão retirando direitos sociais da parte da população de menor renda, os países ricos e com menores desigualdades, vão paulatinamente, reconhecendo a importância dos programas de renda mínima.

Eles passaram a compreender que este é um programa que serve tanto para tirar pessoas da pobreza, quanto para ativar a economia e fugir dos juros negativos. Assim, o Japão anunciou ontem, um pacote de estímulo à economia com a injeção de US$ 274 bilhões.

Este volume de dinheiro servirá para projetos de infraestrutura e também para oferecer apoio a cada um dos 22 milhões de japoneses de baixa renda e ainda para incorporar mais pessoas a um sistema de previdência com novas formas de inclusão.

O governo japonês seguindo o que se fez por aqui também oferecerá mais bolsas de estudos. E vai além: construirá mais creches para atender pais trabalhadores e estimular e ajudar os patrões a concederem licenças-maternidades mais prolongadas.

Enquanto isto, por aqui se quer resolver os problemas da economia com cortes e mais cortes, dentro de uma visão ultraliberal, que insiste em não reconhecer o papel do Estado, de forma keynesiana, para sair dos imbróglios.

E olhe que por lá, seja no Japão ou em diversos outros países europeus que estão também implantando o bolsa família ou programa de renda mínima (Suíça, Itália e outros), eles tiveram depois da guerra, um estado de bem-estar-social que por aqui foi boicotado, quando só o mínimo começou a ser ofertado.

Além disso, há que se reconhecer que os programas de renda mínima representam uma forma humanitária de atender com o básico quem possui baixa renda, mas é também uma forma de incluí-los na sociedade de consumo que faz a roda do sistema girar.

Não é por outro motivo que até o Banco Mundial hoje é um ardoroso defensor dos programas de renda mínima. O sistema financeiro também, porque como eles são pagos em cartões do banco, em sua passagem, eles deixam percentuais de lucros recebidos pelos banqueiros sobre milhões de recebedores.

Nem assim, alguns conseguem enxergar, que no fundo ela ajuda o sistema que continua privilegiando aqueles de maior poder econômico. Ser contra programas como este do mínimo de bem-estar-social é querer a senzala, como forma de manter apartada e bem destacada a casa grande.

10 comentários:

Anônimo disse...

A questão é o gerenciamento do programa, com justiça e lisura, sem apadrinhamentos políticos, com uma pesquisa idônea de necessitados e fiscalização. Diferentemente do que vimos aqui.

Roberto Moraes disse...

Sempre uma visão colonizada. Aqui existia cadastro com interferências relativamente pequenas, diante do porte do programa e da extensão do estado nacional.

A fiscalização realizada por diferentes organismos CGU, TCU e TCEs ajudavam a reduzir os desvios, embora não eliminassem completamente.

As cabeças colonizadas enxergam sempre virtudes nos colonizadores. Uma espécie de Síndrome de Estocolmo, em que os sequestrados se apaixonam pelos seus sequestradores.

Anônimo disse...

Não se iludam. Vai se tornar um programa de compra de votos, com dinheiro público.
Interferirá diretamente nos resultados das eleições. Potencialmente tem o poder de corromper eleições.
A sorte dos japoneses é que a quantidade de beneficiários é proporcionalmente pequena, e não terá o poder de decidir grandes eleições

Anônimo disse...

Visão colonizada? Que coisa anos 60. Devem pensar ainda em direita e esquerda, patrões e empregados, e assim por diante. O mundo mudou e vocês não são os donos da razão. Insistem em defender o indefensável. Argumentos voláteis... Bem vindos ao séculos XXI.

Roberto Moraes disse...

Visão não apenas colonizada, mas reacionária.

Numa melhor acepção pode-se considerar que ela é mais atrasada do que o próprio capitalismo. Todos os maiores pensadores que analisaram a estrutura social de nossas sociedades falam de luta de classes.

Os que chamam tudo aquilo que discordam de ideologia pensam que só Marx trouxe a questão das classes sociais para o debate. Weber, Keynes e muitos outros aprofundaram a reflexão sobre a movimentação da estrutura de classes.

A renda mínima e os investimentos do estado colocam a roda da economia para girar.

A renda mínima permite a inclusão social, alivia os conflitos e as tensões sociais, incorporando nem que seja pelo consumo uma base maior de pessoas ao sistema.

Por isso, o Banco Mundial e as principais economias capitalistas que andam praticando juros negativos cada vez mais a apoiam.

Diante de tamanho reacionarismo dos que sonham com o retorno das senzalas, o liberalismo seria um avanço, mesmo que um século atrasado.

Até Smith e Hayek se envergonhariam destes que argumentam um falsa, vazia e fragmentada modernidade baseada na vida e experiência dos outros.

Pasteurizada e colonizada. A pior prisão é a da concepção mental de mundo.

E eu perdendo o meu tempo com os seguidores dos fiuzas, constantinos, frotas e cia. ltda. Melhor ir procurar seu pokemon.

douglas da mata disse...

Meu amigo, você quer debater com asnos que sequer conhecem as teorias que defendem...

Os chamados impostos negativos, ou renda mínima, dê o nome que a propaganda exigir, são apenas um reconhecimento pragmático de que os mais pobres, justamente aqueles que mais pagam impostos (proporcionais, imbecis e não em valores absolutos), necessitam de alguma restituição, até porque, caso contrário, serão tão excluídos, tão excluídos que acabarão por custar mais aos erários que as bagatelas que recebem...

É, portanto, um cálculo econômico, mas também político.

Os imbecis com quem você insiste em dialogar, Roberto, que pregam o fim da História e da luta de classes, justamente eles enxergam ações ideológicas em medidas puramente de cunho da preservação da ordem capitalista.

Esses babacas enxergam a reforma agrária como uma ação socialista, rsrsrsrs....

Os maiores países do mundo já enxergaram desde muito tempo atrás que a concentração de terra e de riqueza deve ser regulada, senão sufoca e mata o próprio capitalismo, como em 2008...

Mas insistem, insistem, e insistem, como asnos zurrando e dando coices na sombra...

O PT quis reformar e transformar o capitalismo brasileiro e olha o que deu...são um bando de cretinos...

Desista, meu caro...

Roberto Moraes disse...

Sim Douglas,

O debate com este tipo de gente não me atrai mais. Faz tempo.

O que ainda me leva a ouvir a repetição das cantilenas pré-liberais é ver de perto por onde vai caminhando e se construindo estas concepções mentais.

Mas, avalio que você esteja correto.

douglas da mata disse...

Só um reparo na sua réplica, eu usaria o termo proto-liberais...não são liberais porra nenhuma, porque defecam pelas bocas um liberalismo que vive pendurado em favores fiscais públicos e políticas monetárias rentistas...

Anônimo disse...

Pensar que redistribuir renda irá “estimular” a economia é mais uma aberração, um insulto ao bom senso e às leis econômicas, mais uma maluquice desse incompetente governo Abe, que é declaradamente keynesiano. É o mesmo que achar que tirar maçãs de uma cesta grande e espalhar em cestas menores fará no final com que hajam mais maçãs no total. É hilário mesmo...
Nenhuma atitude que esse governo fez até agora gerou bons resultados: aumentaram impostos, inflacionaram a economia, depreciaram a moeda e fizeram o país entrar em recessão. Enquanto que os grandes problemas econômicos deles se resumem em alto déficit público somado ao sistema bancário moribundo. O ataque do governo tem que ser nisto. Já é o bastante para sair da estagnação crônica.

douglas da mata disse...

Hilário é essa maçã podre, típica dessas paragens.

Primeiro confere a "lei econômica" um determinismo que nem os mais arraigados liberais ousam. Se Economia fosse ciência exata (é ciência social) era só projetar modelos mateméticos e pronto.

Esse pessoal é o que o Luis Nassif chama de cabeças de planilha, eu, a meu gosto chamo de cabeças-ocas.

Olha a metáfora cretina das maçãs:

Realmente, se imaginarmos a redistribuição de renda como algo estático e estanque, ou seja, as maçãs que estão na cesta grande se acabam a medida que são redistribuídas, essa idiotice faria até algum sentido, do ponto de vista meramente econométrico.

Socialmente não faz sentido algum, pois é bom lembrar para que serve o Estado, e certamente não é para manter maçãs em um cesto único, enquanto famintos esperam cair os talos ou as maçãs apodrecidas do cesto.

Bem, voltando ao cara que cita Keynes e nada leu dele, sequer indiretamente:

Keynes não apregoa tirar maçãs de um cesto e colocá-las em cestos menores, isso é de fazer chorar de rir...

Keynes estudou a possibilidade de aumentar a oferta de maçãs com ações anti-cíclicas do governo, seja na política monetária, com baixa dos juros, seja do ponto de vista fiscal, com mudança da carga tributária concentradora para uma estrutura tributária que aponte para incentivos ao consumo, seja, enfim, com investimentos diretos dos governos, ainda que isso gerasse alguma pressão inflacionária.

Com mais maçãs, precisamos de mais cestos, e aí começa a dinâmica da recuperação econômica, pois precisaremos de matéria-prima dos cestos, modais logísticos para mover a produção de cestos e maçãs, atividades indiretas ligadas ao setor, etc, etc, etc...


É justamente esse repetir e repetir de crises (na verdade Roubini defende que o capital ruma sempre ao caos, e não a virtuose apregoada pelos cretinos liberais) que faz com que empregos e renda de enormes contingentes humanos e montanhas de riquezasa sejam consumidas e virem pó da noite para o dia, tendo como resultado uma concentração cada vez mais brutal, sem que governos sejam capazes de regulamentar nada.

Usando a metáfora do imbecil, o modelo que ele defende coloca nas mãos de 1% da população mundial uma cesta de maçãs com uma quantidade maior de maçãs que o cesto destinado ao resto da população mundial...

O cretino aí de cima desconhece o que estamos vivendo na periferia do capital, eu sugiro a leitura do Nouriel Roubini em seu ótimo e didático livro A Economia das Crises. Duvido que ele consiga ler conceitos tão básicos, mas não custa tentar...

Roubini não é um marxista, nem muito menos um keynesiano, mas destrincha como poucos o senso comum expresso na patacoada escrita pelo pobre coitado aí de cima.

Meu zeus, o cara misturou recessão com depreciação de moeda, inventou um aumento de impostos que nunca existiu, e desconhece que só não estamos pior porque em algum tempo tivemos (e depois perdemos) a coragem de enfrentar a crise com medidas heterodoxas, e não a receita liberal que se fosse seguida nos levaria ao Sécxulo XVIII, ou mais atrás, quem sabe?

A depreciação da moeda é justamente uma possibilidade de aliviar o sufoco do déficit em contas correntes, e permitir aos setores mais ágeis e estruturados a aumentar sua competitividade internacional, aumentando o saldo na balança comercial, como já vem sendo sentido.

A recessão que vivemos é reflexo direto da crise do sistema financeiro internacional e do nosso próprio sistema, entregues a própria sorte, naquilo que os imbecis liberais chamam de mão invisível do mercado.

Pois é, uma das mãos do mercado enfiou a mão na cesta e levou todas as maçãs, e a outra enfiou os cinco dedos no cú do resto do mundo...