“O pior do pior”

O excelente jornalista, professor e escritor (soube que ele não gosta de assim ser chamado) Vitor Menezes (o blog incluiu agora, às 10:30, o nome antes não mencionado), com a sua astúcia, capacidade de análise e de produção textual que já são conhecidas, produziu um interessante artigo, publicado no último domingo, no jornal Monitor Campista, que reproduz com perfeição, o que temos ouvido, com cada vez mais freqüência, pela nossa cidade. O blog reproduz na íntegra, o texto abaixo para facilitar a sua leitura, sem precisar de outros cliques. Leia e depois faça seu comentário. O pior do pior O leitor pode dizer que sofro por antecipação. Pode ser mesmo coisa de espírito ansioso. Mas preciso dizer: estou preocupado com as eleições municipais de 2008. A questão que me aflige é a de que, a julgar pelo noticiário de política, não haverá candidatos “menos piores” para escolher na disputa pela Prefeitura de Campos. Isso me atormenta porque sempre procurei afastar de mim a possibilidade de anular o voto. Mesmo em um pântano hostil como foram as últimas eleições, fiz lá a minha escolha. Votei mais contra do que a favor, e hoje não posso afirmar com segurança que fiz a opção correta. Para 2008 o “menos pior” continua a ser mais difícil de encontrar. Todas as alternativas apresentadas até agora são péssimas. Reúnem, na maioria dos casos, o pior do populismo, da ausência de espírito público, da incompetência administrativa, da falta de rigores éticos. Um vazio de possibilidades realmente angustiante. Por isso que, cada vez mais, minhas parcas boas expectativas em relação a Campos estão voltadas para algo de novo que possa surgir na sociedade. Dos partidos não é possível esperar muita coisa. Faliram. Todos. E perderam a razão de existir. São apenas aglomerados da burocracia necessária no sistema eleitoral, sem política, sem proposta, sem visão de longo prazo. Reúnem bandos que se movimentam em torno da possibilidade de organizarem um butim nos cofres públicos. Lembro de, uma vez, ter recriminado o bom e velho ambientalista Aristides Soffiati em razão da sua postura anti-partidária. Ponderava que quem se aventura na vida pública não pode apenas ficar jogando pedra, mas também fazer o possível dentro das tortuosas regras do jogo. Acreditava que um cara como ele seria um bom vereador, um secretário de meio ambiente e, porque não, um ótimo prefeito. Mas, nas condições atuais, vejo que não há lugar para um Soffiati na política partidária. No cenário nacional, aos trancos e barrancos, resta um Gabeira. Mas, localmente, não dá para imaginar algo assim. Sua melhor contribuição de fato se dá, como tem sido há décadas, fora do balcão partidário, nas ongs ou nos movimentos de um homem só. Basta olharmos para a nossa sofrível representação na Câmara de Vereadores. É possível que qualquer cidadão minimamente bem informado espere que algo de qualidade saia das decisões de um conjunto de edis como o que temos hoje? A propósito, caro leitor, você sabe quem são os vereadores? Sabe como foram eleitos e como tratam seus mandatos? Ainda que considerássemos a hipótese de candidaturas avulsas — o que não é permitido no Brasil — o quadro não seria menos desalentador em Campos. Até encontraríamos quem reunisse qualidades para ser um bom prefeito ou prefeita, mas dificilmente teria como enfrentar as máfias que se aglomeram em torno das farturas municipais. Como diziam os antigos, vivemos em uma “quadra difícil” na política local. E não sei aonde levará esta ausência de alternativa. Depois de tudo o que temos visto, nem mesmo dá para dizer que chegamos ao fundo do poço. Sempre é possível nos surpreender negativamente.