quarta-feira, março 18, 2009

Um projeto polêmico para a educação

Aproveitando a provocação de um amigo por email e o assunto em pauta no blog: educação, trago para o debate um projeto de lei polêmico, de autoria do Senador Cristovam Buarque, apontado como resolução para esta problemática brasileira. Cristovam que durante a campanha presidencial foi taxado de candidato de uma nota só, de maneira pejorativa, por propor de forma incessante o tema educação como primordial em seu programa de governo, no horário eleitoral e nos debates. O projeto de lei, que data de 2007, determina a obrigatoriedade por parte dos agentes públicos eleitos em matricularem seus filhos em escolas públicas de educação básica e, desta forma, por serem partícipes diretos de um processo educacional pífio, terem interesse político em gerir e fazer gerir a educação pública de maneira eficaz, com qualidade. Para saber mais e ter acesso ao projeto completo em matéria recente publicada no site do próprio senador: clique aqui. É notória a desordem educacional, estrutural e administrativa, sobretudo no ensino básico, da rede de ensino pública no Brasil. É bem provável que se aprovado fosse e, antes disso, se constitucional fosse, o projeto de lei do senador Cristovam, em se mantendo o modo de gestão atual, apenas faria nascer oásis educacionais para alguns, mudando muito pouco a realidade para aqueles "clientes" costumeiros da escola pública.Embora onde quer que passe sob o crivo popular a proposta do senador seja exaltada e comemorada, é inegável se tratar tão somente disto: pirotecnia de péssima qualidade e mau gosto. Luta-se dia após dia e historicamente neste país contra a privatização da coisa pública feita de maneira arbitrária e ilegal, não só do seu espaço físico, mas também nas relações de poder, traduzindo-se na velha corrupção. Fato esse intrinsecamente ligado à péssima prestação de serviços públicos pelo Estado, dentre os quais a educação em debate. Por outro lado, tão lesivo quanto seria festejar a plublicização daquilo que corresponde unicamente à esfera da autonomia privada, da escolha individual do senador, vereador, deputado ou presidente. Seria remediar uma arbitrariedade com o cometimento de uma outra. Seria, ainda mais, fomentar a velha cultura do revanchismo contra a classe política, como se essa, dentre outros fatores, não fosse reflexo também de nossas escolhas, afastando-nos, ainda mais, do ideal democrático. O senador Cristovam Buarque parece ter desistido do embate que lhe custou a alcunha leviana de candidato monocórdico, resolvendo decair e buscar soluções jogando para a galera. Autor: Bruno Lindolfo Universitário de Direito na Ucam e colaborador e articulista do blog.

8 comentários:

Anônimo disse...

Apesar de achar que isso nunca sairá do papel, acrescento que também só deveria ter direito de frequentar hospitais públicos.

Anônimo disse...

Lamentável que este seja um caminho para a valorização da educação e do professor em nosso amado Brasil.A luta por um ensino melhor passa pelos nossos representantes nas diversas esferas do poder. Portanto, quem sabe, o projeto do Senador nos trouxesse condições de melhor ensinar e, conseguentemente,(?) melhores salários para os malabarista da educação.

Anônimo disse...

Prof. Roberto e amigos do blog:

O "polêmico" projeto de lei do Senador Cristovam Buarque suscita a mais verdadeira forma de se fazer justiça em nosso tão distorcido País.

Esta, a meu entender, seria a maneira pela qual os políticos poderiam sentir em "sua própria pele" as necessidades tão almejadas por todos aqueles que sentem as dificuldades dos serviços públicos necrosados prestados nos vários níveis da administração pública.

O que é público deveria ser compartilhado indistintamente por todos aqueles envolvidos na "máquina pública" fazendo com que desta forma os serviços prestados possam servir de "termômetro" para as medidas preventivas e corretivas que os mesmos, quando necessário, venham a ser reajustados e equalizados com as reais necessidades inerentes à excelência que deveria ser a prestação dos mesmos à população.

O projeto é polêmico e possui também características "cristãs", pois o mesmo desperta em sua essência a máxima do "faça aos outros o que queres que vos façam", pregada pelo Cristo.

Moralmente correto seria que o referido projeto fosse aprovado e estendido a todas as esferas do serviço público, incluindo somente para citar: educação, saúde, habitação e transporte.

Garanto que assim, a prestação dos serviços públicos de qualidade seriam acelerados, pois o que vemos na realidade é aquela velha máxima já conhecida por todos e que afirma que: "pimenta no dos outros é refresco".

Obrigado pela atenção de todos.

CARCARÁ disse...

Nada em relação a postagem

Mira-lo !

http://blogdocarcara.blogspot.com/2009/03/festa-dos-mil-das-na-prefeitura-de.html

Anônimo disse...

Roberto

Ao ler os jornais de hoje, chamou-me a atenção, a noticia sobre as ambulâncias que foram “achadas” em um terreno particular. Surgindo a partir dessa noticia, dois questionamentos.

1 - O diretor do Ferreira Machado e o chefe de transporte da Secretaria de Saúde, só foram dar falta dos veículos agora, quase três meses após a posse?

2 - Se já tinham dado falta dos veículos, porque não registram queixa do roubo na policia?

Essa história, sendo verdadeira, mostra principalmente a incompetência administrativa dos atuais dirigentes desses dois órgãos municipais.

xacal disse...

Bruno,

A sua análise é lúcida ao extremo...

O Senador Cristóvão Buarque, algumas vezes comparado ao Don Quixote pela sua capacidade de enfrentar moinhos de vento, e sonhar com mundos impossíveis e personagens improváveis, em contradição ao pragmatismos cínicos dos Sanchos Panzas, parece que, realmente, assumiu sua parcela bufona do mito cervantiano...

Nem falemos do aspecto inconstitucional da Lei, em obrigar o cidadão a matricular seu filho em uma escola apenas em virtude do seu mandato ou cargo de confiança...

O cambaleante Buarque, talvez cansado das lutas inglórias, como você observa, abandonou o bom senso e cedeu ao senso comum...

Todos sabemos que as mudanças da educação são estruturais, com critérios universais, republicanos e impessoais, como: salários melhores, recursos materiais melhores, investimento, capacitação, integração escola x comunidade, continuidade político-administrativa, etc,etc,etc...

Repetimos a pergunta: e as outras escolas que não fossem ungidas com a presença dos filhos da "nobreza"...? E na hora da divisão dos recursos, quem vocês acham que ficaria como filé, e quem ficaria com o osso...?

Boa parte dessas perguntas se responde pela atual situação das escolas públicas municipais de Campos dos G., e a questão das bolsas para as escolas privadas...

Enquanto as primeiras sofrem à míngua, as escolas da classe média lucram com os recursos públicos...

Um abraço Bruno...

Anônimo disse...

Concordo plenamente com o senador Cristovam Buarque, realmente os governantes só mudarão de postura quando sentirem o tamanho do problema na pele, aí sim darão a devida atenção a questão do ensino público!

Anônimo disse...

Discordo do Bruno, acho que o projeto tem sim um importante sentido, que busca apresentar àqueles que estão em determinada camada da sociedade (quem ganha eleição é quem tem dinheiro, democracia do poder econômico), pelo menos alguns deles, e neste caso, aqueles que podem de alguma forma interferir em alguma coisa - ou todas as coisas - os serviços que o Estado presta. Ainda não pude ler a lei, mas o debate em torno dela poderá nos levar a outros debates, como a qualidade da prestação de todos os outros serviços do Estado e a privatização destes serviços.