domingo, agosto 30, 2009

Facility e suas ligações

A coluna Negócios & Cia na edição de ontem do jornal O Globo registrou que o grupo empresarial da área de serviços teria unificado a esta sua marca o nome de outras oito empresas: Vigo, Service Clean, Hambre, Sigem, Tiger, Vex, Seletiva e Bandeirante. Bom lembrar que junto com a Fundação José Pelúcio a Facility estava no grupo de empresas que terceirizavam pessoal para a PMCG. Já na edição deste domingo, o jornal O Globo, traz na página 17, uma matéria que detalha “inquéritos em que o MPE apura corrupção na saúde e no DETRAN envolvendo fornecedores de Rosinha que ainda mantêm contratos com o governo”. A matéria dos jornalistas Dimmi Amora e Ruben Berta: MP investiga desvio de recursos do estado” “Inquéritos apuram corrupção na saúde e no Detran envolvendo fornecedores de Rosinha que ainda mantêm contratos com o governo”. “Três grupos de empresários fornecedores de mão de obra terceirizada para o governo do estado estão sendo investigados, em dois inquéritos criminais distintos no Ministério Público (MP) do Rio, por desvio de recursos públicos em contratos com o Detran e a Secretaria estadual de Saúde. Os inquéritos, que estão em andamento e sem conclusão, tratam de supostos crimes praticados em 2006, último ano da gestão de Rosinha Garotinho (PMDB).
Dois dos três grupos empresariais — que na gestão do governador Sérgio Cabral continuam entre os principais fornecedores em suas áreas de atuação — foram os maiores financiadores da campanha que elegeu, em 2006, o deputado federal Geraldo Pudim (PMDB), apoiado pelo ex-governador Anthony Garotinho, marido de Rosinha. O Facility, de Arthur Soares, o VP, de Milton Rangel, e pessoas ligadas a eles doaram R$ 197 mil a Pudim e outros R$ 33 mil ao partido.
O inquérito sobre “crimes contra a administração pública” no Detran começou pela investigação da morte de um soldado do Corpo de Bombeiros do Rio. Na madrugada do dia 18 de janeiro de 2006, Rosival de Souza Rego Júnior foi executado com dois tiros na nuca, quando dirigia um táxi no Alto da Boa Vista. Rego Júnior também trabalhava como segurança da empresa Criativa Participações. Criativa faturou R$ 120 milhões em contratos De acordo com as investigações da polícia e do MP, o soldado seria um dos responsáveis por levar remessas em dinheiro da empresa para o grupo Facility e para o Detran, à época presidido pelo atual deputado federal Hugo Leal (PSC). A Criativa faturou R$ 120 milhões em contratos de aluguel de mão de obra para o Detran e a Cedae nos últimos cinco anos (cerca de R$ 40 milhões no governo Rosinha e R$ 80 milhões no de Cabral).
Na Criativa, Rego Júnior teria como chefe um de seus superiores na corporação, o coronel Paulo Gomes dos Santos Filho, que comandara o Corpo de Bombeiros no governo Anthony Garotinho (1999 a 2002). Preocupado com o assassinato, um colega do soldado — que havia entrado com uma ação na Justiça do Trabalho contra a empresa — procurou o MP e revelou o que ambos faziam: semanalmente, transportavam grandes quantias de dinheiro vivo de agências bancárias para as sedes de empresas privadas e do Detran.
De acordo com o depoimento, seguranças da Criativa eram neencarregados de transportar dinheiro, em quantias superiores a R$ 500 mil, sacado em bancos no Rio. Segundo a testemunha, essa tarefa era identificada na Criativa com o código “operação“ e acontecia rotineiramente — três a quatro vezes por semana.
A testemunha contou ter feito esse tipo de trabalho entre 2004 e 2006. Segundo seu relato, parte do dinheiro teria sido entregue no Detran à secretária do então presidente, Hugo Leal, eleito deputado federal em 2006 pelo PSC. Contratos foram renovados além do prazo permitido A Facility foi identificada pela testemunha como empresa “presidida pelo Dr. Arthur”. Desde 2003, a holding conseguiu R$ 1,2 bilhão em contratos, ainda ativos, com o governo estadual. Nos últimos dois anos, as empresas têm conseguido sucessivas renovações de contratos por termos aditivos além de 60 meses, o que só é permitido em casos excepcionais, conforme O GLOBO mostrou em reportagem de junho deste ano.
Um mês depois do assassinato, a Justiça permitiu à promotoria a quebra, por 30 dias, de sigilo telefônico de pessoas ligadas ao coronel Paulo Gomes e à Criativa, cujo proprietário é Carlos Alberto de Souza Villar Filho. A operação ganhou o nome de Boa Vista.
Em 23 de fevereiro de 2006, a gravação de uma conversa entre Célia Regina Batista da Silva, secretária de Villar Filho na Criativa, e o sargento Lauriano Barbosa, do Corpo de Bombeiros, um dos seguranças da empresa, flagrou ambos combinandou ma “operação” para o dia seguinte.
Em 24 de fevereiro, Lauriano informou a outro funcionário que estava ocorrendo uma “operação” para a qual, por causa do valor, seria necessário reforço. De acordo com dados levantados pelo GLOBO, no dia 23 daquele mês, o Detran fez um depósito de R$ 1,9 milhão na conta da Criativa no Banco Itaú, agência São Conrado.
Na semana seguinte, no dia 1º de março, os envolvidos foram novamente flagrados na escuta. Numa conversa, Lauriano diz a um segurança que é necessário ligar para Célia, porque ocorreria uma “operação”, mas não havia onde deixar um valor identificado como 100.
Depois, a secretária diz estar no banco em São Conrado, mas acrescenta que não poderia ir ao Detran porque uma pessoa identificada como “Susi” não estaria lá (era uma Quarta-Feira de Cinzas). A assessora de Planejamento e Orçamento do Detran na época se chamava Susy das Graças de Almeida Avellar.Hoje, ela é subsecretária estadual de Segurança Pública. Valor caiu, apesar de serviço ter continuado o mesmo Os pagamentos à Criativa eram relativos ao serviço de teleatendimento do Detran. O primeiro contrato com a empresa, no valor de R$ 11,2 milhões, foi assinado em 2005, sem licitação, por 180 dias. Naquele mesmo ano, a firma venceu uma concorrência e passou a fornecer o serviço por R$ 23,8 milhões ao ano. Em 2006, o contrato passou a ser de R$ 25,6 milhões. Em 2007, no entanto, houve uma queda brusca no valor, que foi para R$ 12,9 milhões ao ano, embora o serviço prestado fosse o mesmo. Essa drástica redução se tornou alvo de uma diligência externa do Tribunal de Contas do Estado (TCE).
Com base nas escutas telefônicas, o Ministério Público obteve informações sobre as movimentações bancárias dos investigados, que mostraram indícios de lavagem de dinheiro, segundo dados do inquérito. Entre 2004 e 2006, registrou-se uma sucessão de saques bancários e depósitos em espécie nas contas da Criativa que somam R$ 11 milhões.
Em 24 de fevereiro de 2006, data marcada para uma das “operações” flagradas nas escutas, houve um saque em espécie de R$ 865,2 mil da conta da empresa. Foram registradas movimentações de Villar Filho, dono da Criativa, incompatíveis com sua capacidade econômicofinanceira. Sua secretária Célia sacou, em espécie, R$ 1 milhão das contas em 2006. Segundo a investigação, Arthur Soares, da Facility, e suas empresas fizeram retiradas em dinheiro em 2005 e 2006.
De três empresas do grupo Facility, saiu parte do financiamento da campanha do principal candidato a deputado federal do PMDB do Rio em 2006, Geraldo Pudim. Foram destinados R$ 87 mil, que representaram 8% das doações ao candidato, segundo a Justiça Eleitoral. O grupo de Arthur foi apenas um dos fornecedores de mão de obra do estado que financiaram a campanha de Pudim. Outras duas empresas e uma cooperativa fundada pelo hoje empresário Milton Rangel doaram R$ 110 mil (ou 11% do total de dinheiro recebido registrado).
Rangel tem, com órgãos estaduais, contratos de R$ 67 milhões para fornecimento de mão de obra, através da empresa VP Serviços Terceirizados. Ela atualmente presta serviços para a Secretaria estadual de Saúde e para a Cedae, entre outros. Juntos, Arthur e Rangel foram responsáveis por 19% do financiamento da campanha. Esquema teria desviado R$ 70 milhões na saúde Rangel foi indiciado numa ação civil de improbidade e teve seus bens bloqueados no processo por desvio de recursos da saúde estadual. Durante a investigação, chamada Pecado Capital, foi apreendida uma planilha na casa de Reinaldo Barbosa de Azevedo, também acusado.
Reinaldo seria, segundo o MP, um dos controladores do esquema que teria desviado mais de R$ 70 milhões de um contrato de R$ 234 milhões, para fornecimento de mão de obra e serviços para a Secretaria estadual de Saúde. A planilha apreendida na casa de Reinaldo mostra, segundo os promotores, que Rangel teria recebido R$ 1,3 milhão. Outro beneficiário, de acordo com o MP, é o advogado Edson Soeiro, com R$ 3,3 milhões.
Na época, a Justiça determinou uma operação de busca e apreensão no escritório de Soeiro, no Centro do Rio. Em uma agenda do ano de 2006 apreendida, foram encontradas 63 referências a Arthur e pessoas e empresas ligadas a ele.
Havia ainda 20 referências a Rangel e Mário Donato, este indiciado criminalmente na operação Pecado Capital.
Também era citado na agenda o nome “Antônio”. Numa das referências, ele está ao lado da palavra “Vigo”, uma das empresas de Arthur. O braço direito do empresário chama-se Antonio Ferreira. Era citado ainda o nome “Eliane”. O empresário tem como sócia em algumas companhias Eliane Pereira Cavalcanti.
O MP tem outras indícios da ligação entre Soeiro, Arthur, Rangel e uma parte do PMDB do Rio. Entre eles, uma doação de R$ 33 mil, em dinheiro, feita pelo advogado ao partido e registrada no Tribunal Regional Eleitoral, em novembro de 2006”.
"Investigados negam participação" "Políticos e empresários afirmam que não tiveram relação com esquemas Ouvidos pelo GLOBO, os empresários e políticos citados negam qualquer envolvimento com esquemas de corrupção que estão sendo investigados pela polícia e pelo Ministério Público. O deputado Geraldo Pudim enviou email informando que as doações de empresas recebidas na campanha de 2006 “foram realizadas de acordo com as normas vigentes estabelecidas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que aprovou a prestação de contas”.
O deputado Hugo Leal afirmou, também por e-mail, que soube pelo jornal das denúncias envolvendo remessas em dinheiro ao Detran na época em que era presidente do órgão.Ele disse ainda que não tinha qualquer relação direta com a empresa Criativa, envolvida na suspeita de remessas.“A empresa venceu um processo licitatório e era prestadora de serviço no Detran”, afirmou. Sobre o grupo Facility, também citado em inquérito do Ministério Público, ele afirmou conhecer a empresa, mas não ter qualquer relação com ela.
Oficial afirma que nunca trabalhou para empresa O coronel do Corpo de Bombeiros Paulo Gomes dos Santos Filho, citado como chefe da segurança da Criativa, disse nunca ter trabalhado para a empresa. Susy das Graças de Almeida Avellar informou em nota que “desconhece qualquer assunto relativo a remessa de dinheiro para o Detran”.Ela afirmou ainda que tem “27 anos de serviço público, passando por oito instituições e que o MP não vai encontrar uma única anotação na ficha funcional”.
O advogado Edson Soeiro afirmou, por telefone, que mandaria um e-mail com respostas às perguntas do GLOBO, o que não aconteceu. Na conversa telefônica, Soeiro disse que atuou como advogado de empresários citados na operação Pecado Capital. No entanto, afirmou ter se retirado no começo do processo.Inicialmente, ele negou conhecer Reinaldo Barbosa de Azevedo. No entanto, depois disse que talvez o conhecesse, pois não lembrava os nomes de muitos empresários.Soeiro afirmou ainda que a Justiça não aceitou a denúncia criminal do MP no processo.Essa denúncia incluía Milton Rangel na ação.
O Facility informou que Edson Soeiro é consultor jurídico do grupo pelo menos desde 1996. O presidente da empresa, Arthur Soares, confirmou a doação feita à candidatura de Pudim, lembrando que ela já foi tema de reportagens. Sobre Milton Rangel, informou ser seu concorrente no segmento de serviços. Em relação ao inquérito da operação Pecado Capital, o empresário disse desconhecê-lo.Já o empresário Milton Rangel, dono da VP, disse que teve uma relação profissional com Soeiro em 2005 ou 2006, para acompanhá-lo num processo sobre dívida com o INSS, que foi arquivado.
Empresário diz que não é mais amigo de dono de grupo Rangel disse que era amigo de Arthur (que inclusive indicou Soeiro para assisti-lo). No entanto, afirmou que atitudes tomadas pelo empresário impediram que continuassem amigos. Segundo Rangel, as empresas do grupo que fizeram doações para a campanha de Pudim não prestavam serviços ao governo.A Criativa foi contactada e não retornou as ligações. O Detran também foi informado da reportagem e não respondeu às perguntas feitas".

3 comentários:

Splanchnizomai abraçando o amanhã. disse...

Que Toda VERDADE VERDADE VERDADE venha À LUZZZ!

Anônimo disse...

quem acredita no que o globo escreve ???

Anônimo disse...

O MP TA NO CAMINHO CERTO. FALTA CITAR AINDA EVERALDO DIAS PEREIRA QUE TB FAZ PARTE DO ESQUEMA. PODE ACREDITAR NO QUE O GLOBO ESCREVE!!!
PARABENS!!!!!