sábado, setembro 22, 2012

A publicidade em Campos antes da Abolição (1880)

Aproveitando o final de semana e as gostosas informações obtidas nos documentos da Hemeroteca Digital, da Biblioteca Nacional, comentada em nota abaixo, o blog retira, também, do Almanak Industrial, Mercantil  e Administrativo de Campos 1881-1885, organizado por João Ribeiro de Alvarenga, algumas pérolas das publicidades da época, abaixo reproduzidas, que fechava aquela edição, ainda antes da Abolição da Escravatura, em 1888 e Proclamação da República, no ano seguinte:








 

8 comentários:

Mendel disse...

Engraçado que os anúncios de antigamente primam pela cortesia e pelo apelo a boa prestação do serviço e da qualidade dos mesmos, coisas que hoje em dia foram substituídas pela "Compre! Use! Faça!".

Roberto Moraes disse...

Interessante Mendel,

Eu não havia atentado para isto.

A sociedade de consumo foi usando cada vez mais o imperativo, ao invés do convite como forma de abordagem.

O cidadão como consumidor como, aliás, virou o eleitor em SP, que quer uma pessoa de defesa do consumidor como seu representante no executivo e não um prefeito, um gestor das políticas públicas.

Sds.

douglas da mata disse...

Roberto,

Permita-se discordar de sua simplificação do quadro eleitoral em SP.

Existe um reflexo do acesso ao consumo como expressão política, mas é bem menor que o conservadorismo do eleitor paulistano, quer seja ele antes ou depois de ser inserido no mundo "classe média".

Russomano expressa muito mais o antisserismo, e ultrapassou o teto que lhe era imposto tanto pela dificuldade de tornar Haddad conhecido, tanto pela enorme rejeição enfrentada pelo tucanopata, associado, enfim, a péssima avaliação do nunkassab.

Temo que ter o cuidado de não reforçarmos preconceitos quando explicitamos nossas justas preocupações com o futuro ideológico das classes que se movimentam socialmente em nosso governo.

Eles não se tornaram mais ou menos reacionários porque compram carros e geladeiras, mas há uma sedução possível de valores associados a estas práticas.

Tudo que a classe média elitista deseja é que nós empurremos este pessoal da nova classe média para uma "união conceitual" com eles, como aconteceu com marina silva em 2010.

Um abraço.

Roberto Moraes disse...

Fala Douglas,

Pensei que esta nota estimulasse um outro debate, mas, fui eu mesmo que acabei enviesando o tema, então vamos lá.

A minha simples observação relacionando o tema, está longe de ter da intenção de carimbar com preconceito o atual eleitor do Russomano.

A constatação do viés mais de consumidor que a candidatura de Russomano atrai não tem relação direta (a meu juízo) a chamada nova classe média e sim com a imagem que ele construiu há quase duas décadas na televisão na capital paulista.

A discussão sobre a nova classe média remete à discussão que já tivemos por aqui em que apontamos as duas visões distintas, que de certa forma, acabou por contrapor as posições sobre os gestores antigo do Ipea (o antigo Marcio Porchman e o atual Marcelo Neri).

Concordo estrategicamente com você, que não se deve empurrar esta parte, cada vez mais significativa da população, para os braços da reação. Concordo com isto.

Por outro lado, esta visão não invalida, identificar os riscos que a politização do consumo, cada vez mais presente em nossa sociedade pode levar em termos da política nacional.

O Neri é um entusiasta deste novo quadro que a política brasileira nos trouxe. Não há quem não compartilhe do desejo que esta condição seja ainda mais melhorada com menos desigualdades.

Por outro lado, vejo que não há um sentimento de que isto seria um processo natural e não determinado pela política e sendo assim, os riscos de reviravolta se ampliam.

Por isto, a defesa de cada vez mais política, de um debate mais aprofundado e do rompimento do pragmatismo, na academia, na classe media e onde quer que seja.

As condições políticas para isto têm que ser construídas.

Para isto, se por um lado, concordando com você, não se pode rotular, ou preconceituar (existe isto?) a ampliação da base media da então pirâmide social, mas, também, não devemos ser paternalistas com ela.

Sei que isto é tudo ainda muito teórico, mas, os limites entre uma coisa e outra parecem tênues e arriscados.

De qualquer forma, o debate, parece não só útil, como necessário, para deixarmos de lado, algumas certezas, que tendem mais para o pré-conceito do que qualquer outra coisa, o que leva a uma visão equivocada de tutela ou algo do gênero, o que seria um grande equívoco.

Abs.

Deni disse...

Parabéns, como é gostoso ver a linguagem escrita de antigamente, vê-se que o anunciante vendia o seu produto como se ele fosse o comprador, gostei...matéria assim é gostoso de se ver

douglas da mata disse...

Um detalhe sobre Russomano,

Sua consolidação como defensor dos consumidores não permitia a ele ultrapassar seu teto histórico, que lhe dava a pecha de "cavalo paraguaio".

Atente para o que eu disse: o antisserrismo, a reprovação do governo kassab, aliado a incapacidade de comunicar Hadad deram o tom da campanha.

As pesquisas anunciadas por Antonio Donato, presidente do PT-SP, revelam que o PT tem 27% da preferência do eleitor, que diz votar no Russomano para não deixar o serra ganhar.

Mais uma vez, vamos afastando o mito de que o consumo, em si, determina as escolhas políticas eleitorais, de forma direta.

O que eu concordo com você é que a "deusificação" do consumo, levado á cabo como uma bandeira política permanente por quem permitiu a imensas faixas acessar este patamar (consumo) é que podem fortalecer laços políticos baseados no pragmatismo economicista.

Mas eu afasto esta tese de que a economia determina a política, quer seja n o aspecto (neo)liberal, ou pela inclusão ao consumo, como nos parece confortável neste país onde a maioria das pessoas sequer comiam direito há 10 anos atrás.

Os valores políticos das classes ascendentes não mudaram, eles estavam lá há tempos. Nós não percebíamos porque este pessoa era invisível, mas hoje lota os shoppings e as filas dos aeroportos, para desespero da antiga classe média.

Um abraço.

Roberto Moraes disse...

Sim Douglas,

O desgaste do Serra e as dificuldades do Haddad ajudam a explicar a sustentação do Russomano, mas, insisto, que, em eleição majoritária, quando o eleitor varre as opções, nesta momento, pontos desconsiderados, em função de outras opções podem voltar a ser considerado relevante, só que sempre, no processo de comparação, que caracteriza a eleição majoritária.

Quanto a economia determinar a política, eu concordo.

Não como determinante definitiva.

Mas, não caberia deixá-la como como um dos importantes ingredientes deste processo de formação e construção política e de classes.

Sobre valores de classes ascendentes invisíveis (sim), mas, já determinados (acho que não). Acho. Quanto a isto, há que se refletir. Não tenho opinião.

Abs.

Leonardo EMA disse...

Peguei o "Delorean" e voltei no tempo com esses anúncios.Me sinto trajado como "o" verdadeiro "gentleman" dessa época rsrsr, ou posso mudar um pouco e me vestir de forma humilde como um escravo da época, sofrendo todas as injurias dos "Senhores" mas já divisando no horizonte um futuro de paz e harmonia para a "TERRA BRASIL" , terra abençoada com meu suoar e sangue de cada dia.