segunda-feira, abril 28, 2014

Rumos do desenvolvimento. O desenvolvimento pode ser apenas um mito?

Em meio a mais uma leitura salteada em pontos específicos do livro do Giovanni Arrighi, "A ilusão do desenvolvimento" do italiano Giovanni Arrighi em que ele usa a concepção de Fernando Braudel de que a economia mundial estaria estruturada em três andares (da produção material, circulação ou mercado, e do sistema financeiro) onde o dono do dinheiro teria se encontrado com o poder político, o meu amigo polonês, o jovem Marek Polak, especialista em relações internacionais, apreciador e conhecedor do nosso imenso país, como poucos brasileiros, me chamou a atenção para uma outra tríade, de artigos sobre os rumos do desenvolvimento brasileiro.

Os três textos estão publicados na edição de março da boa publicação Le Monde Diplomatique - Brasil e tratam do mesmo tema "Rumos do desenvolvimento: para onde vai o Brasil". Sei que é um tema árido para alguns, porém há outros que se interessam por um debate mais profundo. Assim, o blog traz a sugestão de leitura.

O primeiro texto é do economista da Unicamp, Luiz Gonzaga Belluzzo de quem sou um apreciador antigo, por suas análises a respeito da realidade brasileira e da questão macroeconômica interligada ao poder e à política; o segundo é do Samuel Pinheiro Guimarães, diplomata e professor do Instituto Rio Branco (IRBr/MRE), ex-secretário-geral do Itamaraty (2003-2009), e ex-ministro-chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos (2009-2010); e o terceiro do Rubens Ricupero, também diplomata e ex-ministro do Meio Ambiente e da Fazenda, diretor da Faculdade de Economia da Faap e que foi secretário-geral da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad) entre 1995 e 2004.

Vale conferir aqui cada um dos textos. Mais do que apenas fazer um diagnóstico, eles tentam fazer um exercício de quais seriam as opções e suas consequências, se alternativas diferentes tivessem sido adotadas na condução política e econômica de nosso país. Independente da sua opinião, as análises saem do senso comum doentio e superficial que se lê e ouve quase que diariamente. Eles ajudam a pensar aquilo que tenho chamado a atenção sobre a necessidade de termos um projeto de nação.

Confira então os três textos nos links abaixo:
1) Luiz Gonzaga Belluzzo: "As novas condições do desenvolvimento";
2) Samuel Pinheiro Guimarães: "Alternativas brasileiras";

3 comentários:

Anônimo disse...

Professor:

Li os artigos. Noves fora uma ou outra abordagem, do tipo taxa de juros, câmbio ou outra receita macroeconômica controversa entre os economistas, os três articulistas concordam que não há desenvolvimento significativo sem uma industrialização importante e estrutural.

Gostaria de me deter na industrialização ou melhor: na desindustrialização brasileira, identificada por todos eles, desde a crise da dívida externa dos anos 80.

Me parece correto que não há geração de riqueza sem que o setor produtivo opere. Sobretudo a indústria. Como todos os articulistas concordam, a exploração dos recursos naturais, agricultura e mineração não são suficientes para induzir o desenvolvimento dos países que se voltaram para este modelo. Logo, fica a pergunta: porque, se é tão importante o setor industrial, estamos massacrando nosso parque fabril?

Façamos outra pergunta. Um teste. Desta feita dirigida ao senhor ou quem desejar responder: Se o senhor tivesse 10 milhões de reais para construir uma indústria no Brasil, (nem vou dizer em Campos porque pode soar um escárnio) em qual setor o senhor investiria? Para fabricar o quê? Onde seria? Não vale ser genérico: "no setor de petróleo"; "construção naval"

Quem quer enfrentar (e cumprir) a legislação brasileira?

Porque estamos sucateando e sufocando a indústria nacional?

Vejamos o exemplo doméstico, local. Quais indústrias nós tínhamos em Campos? Porque a maioria quebrou? Incompetência? Defasagem? Eram escravocratas?

E as poucas que temos agora? Porque as maiores estão na mão de grupos que a gente nem sabe quem é o dono? O que favoreceu tudo isso?

Não estou dizendo que o governo deve apostar somente no empresário nacional. O governo passado apostou em um e perdeu. Mas porque será que o discurso sempre é em favor da indústria mas a práxis é de sinal trocado?

Queremos estimular a indústria mas editamos 55 novas regulamentações por dia...

Estive em várias indústrias no exterior recentemente. Um país rico da Europa. TODAS, sem exceção, fechariam se tivessem que cumprir a NR12 por exemplo. E são indústrias com produtos conhecidos mundialmente. Algumas são pequenas, mas muitas são médias e exportam para o mundo todo. Os salários são melhores, evidentemente, mas a capacitação também.

O que está errado conosco?

Desculpe pelo tamanho do texto. Muitos nem vão ler, talvez nem o senhor. Assim como muitos jamais saberão quem fabricou os seus celulares, nem que isto possa ter causado a morte de 5 milhões de pessoas na região oriental do Congo, em uma luta feroz pela Columbite e pelo Tântalo.

Talvez nem o modelo de desenvolvimento deva ser perseguido como estamos discutindo.

Talvez devamos só dormir e não pensar nisto.

Roberto Moraes disse...

Este é um bom debate. Reconheço que não é uma discussão simples, mas, através dela saímos destes análises de senso-comum que na superficialidade usam os velhos chavões como se alternativas fossem simples.

Avalio que hajam muitos problemas, mas, também identifico que não se constrói uma nação sem arrojo e superando a atual visão rentista.

Com mais tempo volto ao diálogo.

Anônimo disse...

Professor:

O que está errado? O lucro do Itaú foi 17% maior que o primeiro trimestre do ano passado. O da Petrobrás, foi 30% MENOR.
O que é que está errado?