terça-feira, junho 10, 2014

Ex-diretor da Petrobras diz que vendeu ilha da Globo

Em depoimento na CPI do Senado Federal hoje, o ex-diretor da Petrobras Apulo Roberto Costa, além de diversas outras coisas disse que a sua "consultoria Costa Global chegou a fechar 81 contratos e chegou a ter cinco funcionários, entre eles a sua filha, Arianna Azevedo Costa Bachmann. Entre esses contratos, disse, estaria a participação de um processo de venda de uma ilha das Organizações Globo, no Rio de Janeiro. Ele não deu mais detalhes sobre o contrato."

Seu depoimento estava sendo transmitido pela Globo News. Logo depois da declaração a transmissão foi interrompida.

PS.: Atualizado às 11:48 de 11/06/2014: O blog Diário do Centro do Mundo do jornalista paulo Nogueira aprofunda o tema da ilha da Globo e traz mais detalhes:

"O que a ilha dos Marinhos mostra sobre eles e sobre o Brasil"

"Os três irmãos Marinhos dividiram o poder assim. Roberto Irineu, o primogênito, é o presidente.

João Roberto, o segundo, é o editor, e dele emanam as diretrizes a serem seguidas por todas as mídias do grupo.

José Roberto, o caçula, cuida da Fundação Roberto Marinho, e é tido, nas Organizações, como um cruzado do ambientalismo.

Mas parece que seu cuidado com o meio ambiente vale para o mundo, mas não para a família Marinho.

Veio à luz espetacularmente, ontem, uma ilha dos Marinhos na região de Paraty. Quem a tornou assunto nacional foi o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, suspeito de irregularidades, em depoimento na CPI da empresa.

Antes de seguir, um registro cômico. A Globonews vinha dando ao vivo o depoimento até Costa falar na ilha. Ele disse que, em suas novas atividades, tem um contrato firmado para vender a ilha. “É um projeto chamado Zest”, afirmou.

Neste momento, a Globonews interrompeu a transmissão da CPI da Petrobras e foi para outro lugar. Os editores mostraram agudo senso de sobrevivência.

Pausa para rir.

A ilha, em si, é um retrato do Brasil. A melhor matéria feita sobre ela – e as polêmicas que a rondam — não veio da Folha, ou da Veja, ou do Estadão.

Veio de fora, da Bloomberg. A Globo não goza, com a Bloomberg, do esquema de proteção que Folha, Veja e Estadão lhe garantem no Brasil.

“Os herdeiros de Roberto Marinho, que criou as Organizações Globo, maior grupo de mídia da América do Sul, construíram (em sua ilha) uma casa de 1 300 metros quadrados, um heliponto e uma piscina numa área da Mata Atlântica que a lei, supostamente, preserva para manter intocada sua ecologia”, disse a Bloomberg, numa reportagem de 2012.

José Roberto, o homem-natureza da Globo, aparentemente não se importou em derrubar árvores em sua propriedade, e muito menos se intimidou diante da lei.

A Bloomberg foi ouvir o Instituto Chico Mendes para a Conservação da Biodiversidade. Falou com Graziela Moraes Barros, inspetora do instituto. Ela foi investigar a casa, que recebeu diversos prêmios arquitetônicos.

“Os Marinhos quebraram a lei ao construir a casa”, disse ela.

Dois guardas armados, ela contou, impedem que outras pessoas usem a praia — pública — em frente da casa. De certa forma, isso lembra a infame ocupação de um terreno público pela Globo ao lado de sua sede em São Paulo.

Um juiz ordenou em 2010 que a casa fosse derrubada, mas evidentemente que não foi.

E então Graziela se saiu com uma frase que é especialmente dolorosa, porque verdadeira.

“Muita gente diz que os Marinhos mandam no Brasil. A casa mostra que eles certamente pensam que estão acima da lei.”

Um comentário:

Anônimo disse...

Mas na TV Senado passou tudinho...