terça-feira, dezembro 29, 2009

Mais sobre os Espaços Públicos

O blog comentou sobre a pesquisa do Datafolha em que 66% dos fluminenses qualificaram a violência como o maior problema. O blog também trouxe aqui comentários sobre a importância dos espaços públicos na área urbana. Nesta linha aproveita para trazer para os leitores que se interessam pelo assunto dois fragmentos do pensador Zygmunt Bauman em sua pequena publicação “Confiança e Medo na Cidade”: “O problema, porém, é que, com a insegurança, estão destinadas a desaparecer das ruas da cidade a espontaneidade, a flexibilidade, a capacidade de surpreender e a oferta de aventura, em suma, todos os atrativos da vida urbana. A alternativa à insegurança não é a beatitude da tranqüilidade, mas a maldição do tédio. É possível derrotar o medo e ao mesmo tempo suprimir o tédio? Em outra passagem Bauman fortalece a importância dos espaços públicos na vida das cidades: “É nos locais públicos que a vida urbana e tudo aquilo que a distingue das outras formas de convivência humana atingem sua mais completa expressão, com alegrias, dores, esperanças e pressentimentos que lhe são característicos. Por esse motivo, os espaços públicos são locais em que atração e rejeição se desafiam (suas proporções são variáveis, sujeitas a mudanças rápidas, incessantes). Trata-se, portanto, de locais vulneráveis, expostos a ataques maníaco-depressivos ou esquizofrênicos, mas também são os únicos lugares em que a atração tem alguma possibilidade de superar ou neutralizar a rejeição. Trata-se, em outras palavras, de locais onde se descobrem, se aprendem e sobretudo se praticam os costumes e as maneiras de uma vida urbana satisfatória. Os locais públicos são os pontos cruciais nos quais o futuro da vida urbana é decidido neste exato momento. Uma vez que a maioria da população planetária é formada de moradores de cidades, ela é também o futuro da coabitação planetária. Eu gostaria de ser mais exato: não falo de todos os espaços públicos, mas daqueles que não se rendem à ambição modernista de anular as diferenças nem à tendência pós-moderna de cristalizá-las por meio da separação e do estranhamento recíprocos. São esses espaços públicos que, reconhecendo o valor criativo das diversidades e sua capacidade de tornar a vida mais intensa, encorajam as diferenças a empenhar-se num diálogo significativo”. Há bastante conteúdo a ser apreendido pelos gestores das cidades nestas análises e observações do Zygmunt Bauman.

Um comentário:

[m_] disse...

Bauman é leitura obrigatória. Os livros dele são especialmente agradáveis e profundos. Encaminham questões importantíssimas e atuais. Ainda não li Confiança e medo na cidade, mas já está aqui do meu lado, na fila...

;)