quinta-feira, dezembro 17, 2009

Valor insinua especulação em preço da LLX

O jornal Valor Econômico no caderno "EU & Investimentos", na edição de hoje traz como matéria de capa a referência ao aumento do valor das ações da LLX. Lá está citado que, ao contrário de outras empresas semelhantes que já estão operacionais, a LLX com os dois projetos do Porto Sudeste e o Complexo do Açu, sem funcionar, já vale no mercado 4 vezes mais que o Porto de Santos, Log-In (que administra o Terminal de Camaçari (BA) e o Porto Seco do Cerrado (MG) e Wilson, Sons (com um terminal em Salvador e outro no Rio Grande no Sul). O valor da LLX já alcançaria um valor de US$ 6 bilhões contra US$ 4,4 bilhões dos três somados. De janeiro até ontem as ações da LLX subiu 481%, segundo a matéria, muito além da valorização dos concorrentes e do Índice Bovespa. Para o bom entendedor, que não é o caso deste blogueiro, mas desconfiado ao extremo, meia palavra basta. Assim, fica evidente, não apenas nas entrelinhas que o que se está dizendo é que há algo estranho neste processo... Veja abaixo alguns trechos da matéria assinada por Francisco Góes: "É um número impressionante para uma empresa não operacional, cujos dois portos só devem começar a exportar minério de ferro no fim de 2011 e em meados de 2012." "No mercado há quem se surpreenda com esse desempenho, considerando que a única receita operacional da LLX é a venda de brita e pedras da Pedreira Sepetiba, uma subsidiária da LLX Sudeste, responsável pela construção de um porto para exportação de minério em Itaguaí, na Grande Rio." "Os projetos da LLX são bons, mas a empresa não tem receita da atividade principal, só sonhos e memorandos de entendimento", diz um executivo do setor." Otávio Lazcano, presidente da LLX, vai na mesma linha: "Existe um potencial enorme de valorização. O valor de mercado da empresa é muito pequeno perto do que pretendemos entregar aos acionistas nos próximos anos". A LLX trabalha com um cenário em que os seus dois grandes projetos - o porto do Sudeste e o Super Porto do Açu, em São João da Barra (RJ) - vão produzir juntos em 2016-2017 cerca de US$ 2 bilhões de lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização." "Executivos que conhecem o setor portuário e a atividade de mineração consideram, porém, que a valorização da LLX também pode embutir a expectativa de um acordo de venda do controle da empresa . Outra fonte comparou o modelo de negócio de Batista a um "private equity" no qual ele desenvolve o projeto até um determinado momento e depois o passa adiante. "Não é um modelo operacional."

Um comentário:

Rafael disse...

No mercado de capitais há e sempre haverá especulação. No caso de empresas com projetos em andamento, o mercado (investidores) precificam tudo antecipadamente, analisando o potencial da empresa no médio e longo prazo.

É o caso da LLX, que ainda cresce em valuation a cada evento, como as licenças ambientais obtidas e mais recentemente a assinatura do contrato para a siderúrgica com a Wuhan. Ou seja, a empresa 'ganha' valor a medida que os projetos vão se tornando viáveis. Ingenuidade achar que as ações só poderiam ter movimento de alta no caso de geração de caixa.

Entretanto, o caso da LLX é um investimento de risco, que traz a reboque muito capital especulativo, mas quando estiver operacional, a empresa deverá valer muito mais que o patamar atual. Sobre os 481%, realmente é uma valorização muito forte, mas reflete a recuperação do tombo histórico da bolsa em 2008.

A propósito, nos próximos dias sai um relatório de viabilidade técnica (Verax Consultoria) para o Porto do Açu, encomendada pela LLX. Se vier bom, será mais um evento para puxar as ações ainda mais para cima.