domingo, fevereiro 26, 2012

Crítica sobre o livro do Eike

O blog recebeu do jornalista e geólogo Everaldo Gonçalves um e-mail com a indicação do texto e link:

Prezado Roberto Moraes,
Tenho lido seu blog e vejo que procura tratar o Porto Açu com a devida imparcialidade.
Tenho escrito sobre o Eike Batista e seus projetos. Estou terminando um artigo reportagem sobre Açu e da mina ao porto micados.
Segue abaixo e no anexo 2 de meus artigos críticos do livro do Eike Batista que as colunas badalam tanto, mas é um Rei Midas que pode logo ficar nu.
Se interessar pode postar no seu blog.
Um abraço,
Everaldo Gonçalves.

Aqui no site 247 você pode ler sua forte crítica na íntegra. Abaixo trechos dela que também foi publicado em resumo no site do jornal online mineiro O Tempo:

“É a questão do X. Ave, Eikeaçu! Eike não leu o livro que não escreveu. Ele não é um Barão de Mauá. Pode ser um lobo, mas não o Monteiro Lobato do "Petróleo é Nosso!". Peça de autoajuda escrita com pena de aluguel, sem forma, conteúdo ou estilo, na brochura, com 159 páginas e 41 capítulos. Falta versículo à nova bíblia, tal como "O Capital".

A questão do X é saber quem está por trás desse Silva, excluído do nome paterno. Sim, Eliezer Batista da Silva. O pai desse filho prodígio diz de cara: o destino do rebento estava traçado há 40 mil anos! Vai vender igual água, já que, antes de vender como petróleo o neófito, precisaria mostrar quem é homem e quem é menino, pois, para ele, é o estresse que separa um e outro (pág. 81). Nasceu para brilhar.

Quem leu as biografias do Barão de Mauá, de Monteiro Lobato e de outros capitalistas de fato poderá comparar. O petróleo está esperando o campeão de "offshore" embarcar nessa canoa furada. Contudo, é o homem mais rico do Brasil e oitavo do mundo. Fortuna amealhada a partir do nada - de um minério, bem da natureza, do subsolo, que pertence à União. Mero extrativismo, anterior ao capitalismo. Todavia, para usurpar essa acumulação primitiva de capital, basta um requerimento à União, ou participar de leilões de petróleo e gás. Eike goza de informações privilegiadas e da ajuda oficial, do BNDES e da Caixa. Eike Batista começou a trabalhar bem jovem, como caixeiro viajante, vendendo enciclopédia e seguros, ainda na Alemanha, onde estudava engenharia. Abandonou logo o curso e se formou na escola da vida. É o conquistador de todas as maravilhas da humanidade. Nas trilhas de Carlos Magno, com seu capital, vai unificar os proletários do mundo, sem quebrar seus grilhões.

Pode reconstruir o Império Romano, a começar pelo "circus". Um novo César, com as arenas de MMA, com a UFC, onde gladiadores, com a espada em X, vão a gritar: "Ave, Eike, morituri te salutant!". Cantando. De pé, famélicos da terra: "Salve, Eikeaçu! Aqueles que vão morrer te saúdam!". O show já começou, e o Mister X, na visão de 360°, transformou o círculo em octógono. É o dono do vale-tudo. Os negócios vão de vento na popa. O "best-seller" vende, de graça, conselhos vulgares aos investidores: não desista, errar é comum, o dinheiro é covarde, seja cordial para evitar levar um tiro como ele levou, pelas costas. Berço pobre? É burguês, filho rico da alta burocracia. Onde a bandidagem começa? A história de todo fora da lei não difere: ao rico, tudo é permitido. Criminoso confesso, mas o leitor desavisado não capta: contrabando de diamante e ouro (págs. 35 e 38). O fiasco da obra é questão do fisco. Volta à luta, camarada Luíza!

A China é um grande importador de minérios e investidor com parceiros nacionais, mas quando o nome de Eike é falado nas representações comerciais, causa mal estar. Perdeu a credibilidade ou é palavrão ou dá mau agouro no mandarim. Está perdendo negócios e não existe mais os ditos negócios da China...

... O falastrão escondeu a marca do batom. Não fala do fracasso do Batom da Luma, cujas franquias dos produtos, basta procurar na internet, há uma fila de enganados a espera de um acerto de contas. Esqueceu-se de contar que foi escorraçado da Bolívia por Evo Morales e salvo por um “lugar tenente” de Fidel, muito embora site no capítulo 21, p. 89, “Há que endurecer, mas sem perder a ternura!”. Porém, o gaiato, na página seguinte, renega o autor da frase e do feito. Muito menos fala que a planta siderúrgica continuou no Pantanal, do nosso lado, produzindo ferro gusa de carvão vegetal que provoca tanta poluição...

É essa a Visão de 360 Graus, do cap. 14, na p. 63, a do número da sorte do felizardo, que serve de bússola ao altruísta, defensor do meio ambiente e do desenvolvimento autossustentado. Só se for com o olho que não possui pálpebras, pois o ser humano mudou a visão lateral dos animais evoluindo para poder ver e enxergar com mais profundidade nas três dimensões, na visão frontal do olho no olho, não em viés ou oblíqua e oculta. O círculo é a própria quadratura, do engenheiro de meia-colher, pois não fecha: “Visão de 360 é observar o entorno jurídico, político, financeiro, ambiental, social, humano, logístico, mercadológico e operacional”...

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