domingo, outubro 05, 2014

Sobre a eleição presidencial

Para fechar por hoje, já que com o fuso de cinco horas à frente, não há mais como resistir, ainda mais considerando que amanhã, pela manhã, eu tenho compromisso com hora marcada na universidade.

Acompanhando e postando os resultados com brevíssimas análises, ainda não sobrou muito tempo para aprofundar o assunto, mas, é evidente que o segundo turno da disputa presidencial começará animada e muito disputado.

Dilma tem 8 milhões de votos na frente de Aécio, ou em termos percentuais, aproximadamente 8%, já que o número de votos válidos totais foi de 103 milhões de votos. O embate desta reta final foi toda centrada na disputa com Marina. Os dois que vão ao segundo turno buscaram isto. Agora o debate é pela escolha ou pela exclusão.

Aécio precisa tirar os 8 milhões de votos de diferença avançando sobre o total aproximado de 25 milhões de votos nos demais candidatos. Ou nos 11 milhões de votos brancos nulos registrados neste primeiro turno. Esta parece ser uma tarefa ingrata para o dois. Os votos dadas à Marina ou ao PSB não são a mesma coisa.

Não é difícil prever que a polarização voltará com força e não poderia ser diferente. A escolha normalmente é mais pelas maiores diversidades do que pelas eventuais congruências.

O menor percentual em que desde 2002 o PT foi ao segundo turno foi neste ano que o Lula ganhou pela primeira vez e que teve 46,4% dos votos contra Serra. Em 2010, Dilma foi ao segundo turno também contra Serra tendo com 46,9% x 32,6%. Agora, Dilma está indo ao segundo turno com 41,5% x 33,6%. Ou seja, lá a diferença era de 15%, agora a metade de 8%. (Confira abaixo os percentuais das últimas três eleições presidenciais que já postamos no blog diversas vezes)

Evidente que é mais complicado, porém, também é mais complicado se virar o jogo para quem está com menos votos. Ou seja, o tempo já está passando. Resta saber como este quadro será absorvido pela população cuja maioria considerava que Dilma era a maior favorita.

Parece que o favoritismo permanece, mas num patamar menor. Talvez, pela primeira vez efetivamente os eleitores que vão decidir o pleito podem agora pensar em mudar a condução do país, e isto trará de volta para a arguição que tipo de governo ele deseja. Nesta avaliação também é evidente que o risco de perder conquistas será considerado.

Enfim, acompanhemos os próximos passos. A minha posição os que acompanham o blog bem sabem. O país precisa avançar em diversos aspectos e não são poucos. Há erros a serem corrigidos e também não são poucos. Porém, esta correção é para avançar, em novas conquistas para o povo e não para os mercados, ou para quem não precisa dos governos, embora queira sempre cooptá-lo e controlá-los para os seus ganhos. Assim, voltar atrás ou retroceder com o PSDB e sua política neoliberal, dependente e elitista NÃO!

Vamos à disputa, ao debate e ao voto daqui a três semanas. Até lá!

PS.: Agradeço a todos aqueles que acompanharam esta apuração trocando ideias e seguindo nosso blog.


Um comentário:

Matheus Crespo disse...

Caro Roberto, em minha visão, o melhor desta eleição é verificar a votação expressiva recebida pelo PSOL, partido que vai se consolidando a cada eleição, como uma alternativa respeitável de esquerda socialista no Estado.

Na eleição de deputado estadual: Marcelo Freixo mais votado, com 150 mil votos de diferença pro segundo colocado. Puxando mais 4 deputados pro partido. Uma bancada de 5 deputados psolistas na Alerj na próxima legislatura.

Na eleição para deputado federal: Chico Alencar e Jean Wyllys reeleitos entre os dez mais votados, puxando ainda um terceiro candidato, o Cabo Daciolo.

Fora o Tarcísio que acabou com 9% dos votos, apenas 1% atrás do Lindbergh, chegando a ficar em terceiro com 15% na capital.

Aliás, o PSOL se aproximou muito em votos do PT no Estado, tanto pra estadual (596 mil votos do PT contra 551 mil votos do PSOL), federal (610 petistas contra 531 mil psolistas) e pra governador (798 contra 712).

Não consegui achar o número destes dois partidos nas últimas eleições (2006 e 2010) pra verificar se existe aí um cruzamento de votos, em que o PSOL avança sobre o eleitorado petista, ou se cresce em paralelo ao tradicional voto petista.

De qualquer forma, um fenômeno a se observar nas próximas eleições e que confirma algo que observei quando estive morando em Niterói em 2012 e vivendo de perto o ambiente universitário carioca. Lembro de ter ficado positivamente espantado com a estrutura e o tamanho da militância construída pelo PSOL na Região Metropolitana do Rio.