domingo, março 08, 2015

Três observações sobre o quado político nacional

Eu tenho utilizado mais o espaço do Facebook para o debate sobre a conjuntura política nacional que esse espaço do blog. Alguns motivos levam a este encaminhamento ainda como experiência. Cito dois. Um deles é a rapidez ,quase instantaneidade dos comentários, respostas e de debate.

O segundo, é a identificação das pessoas na defesa de suas opiniões para evitar o anonimato unilateral, que favorece a fulanização e não ao debate das ideias. Verdade que existe ainda os perfis falsos (fakes) mas, eles são raros.

De qualquer forma resolvi trazer para esse espaço três comentários que fiz ontem e hoje, em meu perfil no Facebook, sobre a lista dos políticos inquiridos na Lava a Jato e sobre a conjuntura política nacional:

1) Uma questão sobre a lista oriunda das investigações da PF e do PGR:

E o Dornelles? Por que nada querem saber do Dornelles do PP?

Interessante por que a mídia comercial não se interessa em entrevistar o ex-senador, atual, ex-governador Francisco Dornelles, em meio à lista dos políticos que responderão inquérito, por desdobramentos da Operação Lava Jato.

É bom lembrar que o Dorneles foi um dos criadores do partido PP, que tem 31 dos indiciados, número maior que a soma dos envolvidos de todos os partidos. Antes do PP, ele era do PPB, que deu origem ao PP. Formalmente, Dorneles presidiu o PP entre 2007 e 2013.

Assim, não seria exagero dizer que Dorneles, sempre foi uma espécie de dono da legenda nas negociações e nas decisões sobre as coligações no plano nacional (Brasil afora) pelos estados, incluindo o ERJ, onde virou vice do Pezão e levou a coligação para apoiar o sobrinho Aécio, na eleição federal do ano passado.

Muita gente, pode não saber, outros preferem esconder, mas foi Dorneles quem indicou Paulo Roberto Costa para a diretoria da Petrobras, no governo FHC, quando foi ministro do Trabalho e também e da Indústria e do Comércio.

No governo de Lula e de Dilma, Dorneles sempre brigou e defendeu a troca de apoios, que no caso do PP, estava ligado à manutenção de Paulo Roberto Costa na diretoria da Petrobras, entre outras. Para interesse regional vale lembrar ainda que Paulo Roberto Costa foi antes alçado à condição de gerente geral da Bacia de Campos, lá na década de 90, também por Dorneles.

Pois bem, veja que interessante agora o PP tem 31 nomes na lista. A origem dessa participação na lista é decorrente da delação premiada de Paulo Roberto Costa.

É possível que o senhor Dorneles nada tenha a ver com isso. Mas, também é possível - e não precisa ser nenhum iluminado para desconfiar disso - que tenha sido propositalmente, como uma forma de "agradecimento", ao ser preservado por Paulo Roberto Costa.

O estranho é que a Polícia Federal nada tenho indagado sobre o assunto. O MPF também não. A mídia comercial mesmo sabendo ser ele o vice-governador de um estado importante e pelo PP, não tenha se interessado até aqui, para indagar sobre sua relação com Paulo Roberto Costa e com este esquemão do PP.

A manutenção desse silêncio e do desejo de preservação do Dorneles, vai permitir que tiremos outras conclusões. Entre elas, que os interesses desta omissão são os mesmos que fizeram com que os vazamentos seletivos das investigações do juiz Moro, sejam coincidentes, com a preservação do seu sobrinho Aécio.

Sobre Aécio, só agora se soube que foi citado nas delações e que o Janot decidiu arquivar antes mesmo de enviar a lista e o processo ao STF. O caso não parece se tratar de coisa simples, a considerar a participação do seu substituto, ex-governador Anastasia, que também foi seu coordenador na campanha do ano passado.

Porém, o caso que chama a atenção é: cadê Dornelles? Na falta de questionamentos por pate de quem não interessa conhecer as respostas, seria de bom tom que o senador se explique como tudo isso aconteceu. Ou não?

Afinal é para não ficar pedra sobre pedra, doe a quem doer, ou não? Vou repetir a operação que se necessita depois da Lava Jato seria uma Operação Seca Tudo. Ou então que se deixe tudo molhado, como quer o Gilmar Mendes do STF, ao insistir na manutenção do financiamento de campanhas eleitorais pelas empresas, que é mãe, ou madrasta, da maioria desses casos que estamos tomando conhecimento diariamente?

Para fechar, insisto, que se sabe mais sobre os detalhes das operações, pelo silêncio em relação a algumas questões e personagens, do que seguindo o noticiário da mídia comercial. Em suas entrelinhas expõe-se uma imagem diversa daquele quebra-cabeça dos infográficos divulgados diariamente.

2) Sobre a hipocrisia ao tratar do financiamento de campanha:

Diante da realidade produzida pelos desvios de recursos públicos para financiamento de campanha (e daí, sem controle para outros fins) se vê o tamanho da hipocrisia dos que não querem debater o financiamento público de campanha.

Os fatos estão mostrando que o financiamento já é público (com os recursos desviados), de forma ilegal ou legal, eles chegam à campanhas. Só não vê quem não quer.

Fora desses esquemas, as eleições, no modelo que se tem (cada vez mais cara) é quase impossível se eleger.

Assim, na verdade, a disputa passou a ser quase que para ver quem são os mais espertos, em acessar os recursos, nos esquemas que depois possam não ser descobertos.

Moralismo nenhum dá conta de melhorar nosso sistema se não for atacado o problema em sua origem: o financiamento das campanhas. Em especial, mas não exclusivo, aqueles feitos pelas empresas.

Não é por outro motivo o envolvimento dos vários partidos. Interessante observar que até aqueles que estão no momento na oposição, estão envolvidos em questões e articulações com gestão em outras escalas de governo, ou em inquéritos dos seus períodos de mandato.

Uma boa pista para saber quem mais hoje se beneficia dessa atual realidade é a de saber quem é contra a mudança nos critérios de financiamento.

É positivo que o problema esteja sendo corajosamente enfrentado, quando no passado se engavetava tudo. Que não fique pedra sob pedra. E que a nação saia dessa realidade com a democracia fortalecida, sem golpes e espertezas.

A nação agradece!

3) Sobre a busca de apoios em meio às incoerências e contradições

Entre hipocrisia e contradições
Em meio ao debate sobre a conjuntura política, um outro fator me chama fortemente a atenção. Os colunistas políticos e econômicos e também a oposição falam mal do PMDB, mas não perdem nenhuma (insisto nenhuma) chance de namorar o partido para criar problemas para o governo. 

Sim, vocês dirão isso é da política. De sua natureza. Porém, eu digo, que também é da natureza da política a coerência de posições e argumentos, sob pena de seu desgaste, senão imediato, mas, num prazo mais amplo. 

Entre os colunistas (alguns são chamados pela mídia comercial de especialistas) chegam a dizer que a presidente é "incorrigível" e não negocia nada e que isso criaria e ampliaria a instabilidade política.

Então, deixe-me entender. O Eduardo Cunha apoiou o candidato da oposição na eleição de outubro e teve a "boa vontade" destes para derrotar o candidato apoiado pela Dilma para presidente da Câmara.

No Senado Renan Calheiros, seguiu a direção do partido e apoiou a dupla Dilma-Temer, mas não quer ser investigado por nada. Quer como troca garantias de ser preservado. Assim agiu essa semana devolvendo uma medida provisória e por isso foi aplaudido e abraçado por Aécio, o candidato da oposição no ano passado. 

Eu poderia citar outros exemplos, mas vou ficar nesses dois.

Eles parecem demonstrar que o debate é político e de espaço de poder e não de interesse em aperfeiçoar o sistema político, aumentar o controle e garantir instituições mais fortes, democráticas e que permita o debate e a disputa por projetos políticos entre candidatos e partidos.

Para que nada seja mudado, o PMDB ameaça criar problemas para a aprovação de medidas e projetos que interessam ao país e chegam a cogitar um impeachment, mesmo que não existam razões constitucionais para isso, o que configuraria o golpe. 

A(s) oposição(ões) ou parte, bate(m) palmas para a insurreição oferecendo apoio, numa aposta, do tipo quanto pior, melhor, sem se importar com a nação e os desdobramentos sobre a população.

A manifestação política é livre numa nação democrática como a que temos. A escolha dos caminhos também. Porém, ninguém pode imaginar que essa realidade clara e límpida possa ser escamoteada da maioria da nossa população, que observa com atenção tudo que vem acontecendo.

Assim, eu vejo que em meio a erros e acertos e também a todos esses riscos e ao seu jeito particular de cuidar da política e da população, ninguém poderá, no processo histórico, alegar que a presidenta Dilma não vem tentando, alterar essa forma de fazer política, com os esquemas de financiamento de campanha que comentamos em nota postada abaixo.

Ninguém precisa gostar da Dilma, e nem do seu governo, mas, negar a realidade aqui descrita seria mais uma grande contradição, além de nova hipocrisia.

Para queles que gostam, ou sentem necessidade (pelo momento especial) em acompanhar o desdobramento da política, eu sugiro que observem com maior atenção essa movimentação. Depois tirem suas conclusões. 

E sigamos em frente!

11 comentários:

Anônimo disse...

Companheiro Roberto...

Talvez nem seja divulgado este comentário,por vc e pelo seu fiel escudeiro "Douglasda Matta ", mas querer arrumar desculpa pelo governo corrupto do PT é demais não acha.
Será que é por sermos funcionário publico e viver na "mamata" , devia ser imparcial neste sentido como professor e blogueiro...mas deixa pra lá...
Tudo bem que a corrupção em nosso pais parece ser "genética e cultural", mas não podemos fechar os olhos com a realidade de agora, sim os governos anteriores também foram, mas não sei por que motivo não foram criadas CPI's, ou foram, não me lembro, ou será que como de sempre nunca chegam em nada.
O PT na poca de Lula ( inicio), talvez fosse diferente mas não conseguiu chegar lá, somente teve chance e ganhou após entrar na farra e onde continuou até hoje com sua "patota", quem foi Dilma para ganhar uma eleição e ser reeleita?
Chega por agora talvez esteja perdendo tempo aqui.....

Anônimo disse...

Sr. Roberto o senhor aceitaria um convite para um "debate de idéias" na Rau Venceslau Brás, 65 em Botafogo?

Acho que não né?! Então porque achas que pessoas de bem aceitariam debater via Facebook com pessoas que tem o poder de governo instituído, apoiam descaradamente tudo o que ocorre neste país, inclusive a defesa da volta da censura?! Pessoas que seguem um líder que convoca seu "exército" a partir pra porrada àqueles que pensam de maneira contrária?

Porque pessoas de bem, que tentam sobreviver ao caos instaurado desde 2008 aceitariam expôr suas famílias, seus filhos, sua rotina para loucos ensandecidos que idolatram uma maldita bandeira vermelha com uma estrela no centro como se fosse a verdade universal da humanidade? Pra quê? Infelizmente eu não caio mais nessa, já tive provas suficientes de que vocês já têm opinião formada e o máximo de "debate" que aceitam é o que se "encaixa" ao que acreditam.

Não tenho a intenção de ofender ninguém, mas pare e pense: Qual a distinção entre o extremismo religioso e o pensamento de esquerda? Ou melhor, quais as semelhanças? Já que nestes dois exemplos não existe o discernimento, o bom senso, o equilíbrio, não existe fundamento prático muito menos científico. O que existe é uma paixão desenfreada, a mesma que fazem jovens se arrebentarem por torcerem entre dois grupos de 22 homens disputando uma bola, ou um grupo que decapita pessoas porque não seguem sua religião ou ainda destroem estátuas porque a história não lhes interessa. Ou que sequestram e matam meninas por que não querem que estudem, ou ainda fuzilam pessoas porque queriam apenas o direito de partir de uma certa ilha caribenha.

Por estas e outras que o "debate" é impossível. Minha opinião apenas...

Roberto Moraes disse...

O diabo é sempre o outro.

Roberto Moraes disse...

O diabo é sempre o outro.

Roberto Moraes disse...

Lembrando que a rua não é necessária porque o IP está registrado e já é conhecido.

Os métodos serão os mesmos usados contra a então jovem Dilma.

Corra e feche a janela. rs

Roberto Moraes disse...

Lembrando que a rua não é necessária porque o IP está registrado e já é conhecido.

Os métodos serão os mesmos usados contra a então jovem Dilma.

Corra e feche a janela. rs

Roberto Moraes disse...

O outro é funcionário público e quer escolher interlocutor rs.

Para esses casos o espelho serve.

Mais do mesmo que se vê na mídia comercial.

Roberto Moraes disse...

O outro é funcionário público e quer escolher interlocutor rs.

Para esses casos o espelho serve.

Mais do mesmo que se vê na mídia comercial.

Anônimo disse...

Bom senhor Roberto, como havia dito antes na minha resposta à sua indagação do "porquê as pessoas evitam ser identificadas" nos tais debates, as suas respostas com mostras sutis de ameaças de que o IP foi registrado, prova-se exatamente o que falei mais cedo.

Quem segue ideologia, seja política, seja religiosa é uma pessoa "estreita" por natureza, simplesmente porque não lê nada que seja contrário à sua idéia, não possui formação moral qualificada, já que os fins justificam os meios.

Não tenho medo do fato do senhor possuir o meu IP e de qual intenção seja para com minha pessoa. Mas por via das dúvidas vou me resguardar e salvar todo o conteúdo.

E volto na questão: Discutir com lunático é se rebaixar às sandices.

Boa sorte!

Roberto Moraes disse...

Tenho mesmo que rir.

O país vive uma democracia. O blogueiro é conhecido tem endereço fixo debate abertamente sobre tudo e o corajoso anônimo que se diz neutro, mais inteligente que os outros e despido de ideologia quer que voltemos à época que se torturava, se escondia em tocaias, agora sob a forma ignobilmente imaginada dos comentários anônimos.

o debate ideológico quase sempre é estéril e pouco útil. Porém, por que isso é escondê-lo atribuindo-o apenas ao interlocutor.

Tolice mu caro!

douglas da mata disse...

Perolas aos porcos