quinta-feira, novembro 15, 2007

Joe é um dos ocupantes das 1,8 milhão de novas vagas de emprego

Os ventos são bons. Tem gente que não sabe o que é o desemprego. Ontem o Ministério do Trabalho e do Emprego divulgou estes novos números. Mais do que resultados, as estatísticas escondem realidades vivas das pessoas que ali aparecem como números. Não há como ler esta informação hoje nos jornais, sem me lembrar de Joe. Aluno e bolsista do Cefet, Joe deve ter uns 25 anos. Nasceu na região do Imbé. Há seis anos veio estudar em Campos. No início vinha diariamente de Pernambuca. Andava a pé quase vinte quilômetros para pegar o ônibus para vir estudar. Muito tímido como todo jovem vindo do interior, superou estas dificuldades e conseguiu, através das novas amizades, casas de variados amigos onde dormia alguns dias, para não precisar retornar à Pernambuca. Assim foi prosseguindo. Teve dificuldades nos estudos e chegou a repetir uma série no mesmo ano que perdeu pai e mãe. Joe teve vontade de retornar para trabalhar na roça. Queria ser orgulho dos pais, mas estes tinham partido em meio às dificuldades do interior sem que os resultados pudessem aparecer. Custou, mas superou os problemas. Professores, servidores e alunos amigos do Cefet o estimularam. Como bolsista fez sua iniciação ao trabalho. Primeiro nos laboratórios de física. Depois com sua dedicação e seriedade conquistou confiança e passou a tomar conta da boutique de produtos do Cefet. Correu atrás de outros cursos extras, ao mesmo tempo em que concluía o ensino médio e ingressava no curso técnico. Fez vários deles, a maioria com bolsas ofertadas pelos próprios professores ou pela gerência da Fundação do Cefet. Já estava com um bom currículo, mas as oportunidades de trabalho ainda não lhe batiam as portas. Na semana passada Joe mais desenvolto que nunca entra na sala que eu estava e diz: - Professor, tenho uma novidade! Peço que conte. E Joe atropelando as palavras diz: - Professor consegui um emprego em Macaé. Um bom emprego. Vou ser operador de turbo-máquinas. Eles gostaram muito do meu currículo. Vão pagar outros cursos para mim. Na semana que vem assinarei o contrato. Exponho minha felicidade dizendo para ele que aquilo era recompensa do seu esforço. Joe responde: - O Cefet me deu as oportunidades e eu lutei muito para aproveitá-las. Acreditei e segui em frente. Estou feliz. Faço mais uma vez, questão de valorizar o esforço de Joe, lembrando que alguns, às vezes por outras dificuldades ou por falta de vontade, deixam escapar chances como esta. Joe, porém, faz questão de dizer: - Professor eles gostaram muito da minha entrevista e do meu currículo e querem vir aqui conhecer o Cefet e talvez contratar mais gente. Por fim, Joe não se conteve e fazendo questão de mostrar seu contentamento e agradecimento pelo que o Cefet lhe propiciava me faz a pergunta, pela qual eu não esperava: - Professor, sabe quanto vão me pagar? Peço que me diga já curioso pela alegria que saltava dos seus olhos brilhantes: - Cinco mil reais professor. Líquido vai se quase quatro mil. Eles me disseram ainda, que na medida que eu cresça na área , aprendendo e tendo experiência na manutenção das turbo-máquinas eu poderei ganhar ainda mais. Acho que mereço isso pelo meu esforço, mas eu agradeço o que o Cefet fez por mim. Joe ainda falou empolgado outras coisas. Também não me contive e nem tinha motivos para isso, numa conversa que tinha como testemunha nosso amigo comum e funcionário do Cefet, Jocélio Cardoso. Jocélio sendo técnico no cargo que ocupa na instituição mostra-se no cotidiano, com toda a sua simplicidade o seu lado de educador, que tem a sensibilidade, de no meio de milhares de alunos do Cefet, no dia-a-dia conseguir identificar necessidades e apoios dos mais variados tipos que ajudam a mudar a realidade de pessoas e de famílias, como aquela bela história comprovava. Empolgado disse para Joe que com aquela notícia ele tinha me feito ganhar o dia, talvez até toda a semana, ou mesmo o mês. Voltei para sala de aula com outro ânimo pensando na emancipação social que a educação pode proporcionar. Joe não deve nada a ninguém e nem ao Cefet. A Educação de qualidade é um direito do cidadão. Porém, muito disso é pura retórica, porque a realidade é que Joe hoje é um dos 1.228.686 pessoas que passaram a ocupar novas vagas no mercado de trabalho surgidas a partir do crescimento da economia brasileira. Sorte a Joe e parabéns ao Jocélio que, sem que ninguém o pedisse fez a diferença com a sua aguçada sensibilidade de educador.

3 comentários:

Anônimo disse...

Parabéns Roberto. Pelo seu relato que retrata, exatamente, o sentimento de recompensa pelo nosso trabalho como servidores do CEFET. E também , em sua narrativa, a justa homenagem ao trabalho de dedicação à nossa Instituição, do nosso querido e sempre leal amigo Jocélio.

Salomão

Anônimo disse...

Parabéns ao Joe, ao Roberto, ao Jocélio e a todos os profissionais, o qual me incluo e me orgulho, do CEFET-Campos.
O mérito por essa emocionante história, sem dúvidas é do Joe, mas o CEFET, enquanto uma Instituição de alto nível e comprometida com a educação de qualidade, propociona as oportunidades, as quais o Joe aproveitou.

Fabiano Seixas disse...

Por acreditar que a educação profissional e tecnológica é capaz de transformar a realidade de uma vida é que acreditamos que sonhos se tornam realidade.
Esta é a força motivadora daqueles que trabalham no CEFET Campos, seja como concursado, prestador de serviço ou um eventual colaborador.
São relatos como este focados na vida do Joe que a gente visualiza ainda mais a necessidade de trazer os jovens para as salas de aulas e profissionaliza-los.
Parabens a todo de que forma direta ou indireta contribuiram para a conquista do Joe que hoje também é coletiva!