quinta-feira, dezembro 10, 2009

Erosão marinha

A publicação de uma nota abaixo (ver aqui), sobre a possibilidade da subida do nivel do mar e das consequências para o nosso balneário de Atafona, gerou o contato com o engenheiro civil alagoano, Marco Lyra, formado pela Universidade Federal de Alagoas, que é especialista em obras de contenção costeira. Após torca de e-mails Lyra disponibizou o artigo abaixo que traz interessantes questões, dados e imagens, elementos interessantes para o debate: "Uso do Bagwall no controle de erosão marinha em Alagoas" Por Marco Lyra – Engenheiro Civil –Especialista em Obras de Contenção Costeira "O acelerado processo de ocupação urbana da zona costeira mundial é um dos principais fatores do impacto ambiental na orla marítima. Esse crescimento populacional conforme o Capitulo 17 da Agenda 21(1995), indica uma tendência para o ano de 2020 de uma população superior a 8 bilhões, onde cerca de 65% das cidades com mais de 2.5 milhões de habitantes estarão situadas na zona costeira. No Brasil, o primeiro trabalho científico para identificar a situação em que se encontra o nosso litoral, foi em 2006, através do livro “ Erosão e Progradação do Litoral Brasileiro”, publicado pelo Ministério do Meio Ambiente, com a participação de um grupo de cientistas brasileiros, onde foi feito um diagnóstico de que aproximadamente 40% do nosso litoral encontra-se sobre forte processo erosivo. Durante este ano o avanço do mar tem ocupado os telejornais, artigos da imprensa escrita, dentre outros. Os atuais processos de controle de erosão costeira através de obras de contenção têm apresentado deficiências e, geralmente, não permitem o uso da praia recreativa. O trabalho científico do professor Jose Fechine da Universidade Federal do Ceará em 2007 com o título “Alterações no perfil natural da zona costeira da cidade de Fortaleza, Ceará, ao longo do século XX”, comprova que nesse período foram realizadas 23 obras importantes, dentre elas 12 espigões, que determinaram alterações na dinâmica local com conseqüências ambientais desastrosas. Observando-se o que está ocorrendo nas praias de Atafona, Bugia, Cabo Branco, Icaraí, Janga, Mucuri, Piedade dentre outras existentes no litoral brasileiro, verifica-se que o quadro existente é caótico.É preciso analisar o problema dividindo as ações a serem adotadas em duas etapas: ações de curto prazo e ações de médio prazo. Nas ações de curto prazo estão as emergências que ocorrem nas áreas já urbanizadas, onde as opções podem ser a remoção da população existente do local, como ocorreu no Povoado Cabeço em Sergipe, ou torna-se necessário a execução de obras de defesa costeira para conter o processo erosivo, como resposta ao desastre, a exemplo do que ocorreu na praia do Janga, Município do Paulista. Lá foram construídos espigões, quebra-mares emersos e engorda artificial de praia. Nas ações de médio prazo que também são urgentes, faz-se necessário a implantar o Zoneamento Econômico e Ecológico Costeiro, em todos os municípios litorâneos, para que a partir da determinação dessas áreas, inclusive incluindo-as nos respectivos planos diretores das cidades, sejam elaborados planos de gerenciamento costeiro integrados, como instrumento para garantir o crescimento sustentável do litoral brasileiro. Antes de decidir qual alternativa escolher para controlar a erosão litorânea é necessário observar os seguintes fatores: Durabilidade da obra; Disponibilidade do material para construção; Custo de implantação; Impactos ambientais; e custo de manutenção da obra. É de fundamental importância observar o custo/benefício das obras implantadas, onde muitos municípios têm dificuldades financeiras para manter as obras em funcionamento. Em Alagoas, foram construídos três dissipadores de energia do tipo barra mar “Bagwall”, cujo sucesso resultou em benefícios ambientais obtidos no controle da erosão marinha. As três obras foram realizadas em condições geológicas, morfológicas e hidrológicas completamente distintas, e apresentaram o mesmo resultado final: Contenção do avanço do mar sem transferir o processo erosivo para áreas adjacentes; Recomposição do perfil de praia com engorda natural no local da intervenção; Facilitação do acesso à praia recreativa da população; Manutenção da obra com custo muito baixo." PS.: Para melhor visualizar as imagens acima, parte do artigo do engenheiro Marco Lyra, clique sobre ela.

4 comentários:

Anônimo disse...

Mas, especificamente sobre Atafona, qual é a opinião dele?
Ao que se sabe, a Prefeitura não apresentou aos munícipes nada que viesse a solucionar, ou não, o problema em Atafona.
Grato

Anônimo disse...

Interessante seria se a Prefeitura seguisse o que foi feito bem perto de Campos, no municipio de Marataizes...

Lá o mar avançava e foram feitas várias obras para contenção, diminuindo em muito o avanço.

Seria interessante, uma medida neste sentido. O que não tem "cabimento" é largar de mão e esperar o mar tomar o máximo possível da praia...

Anônimo disse...

Prezado internauta, o bagwall poderia ser utilizado em Atafona, entretanto, há necessidade de efetuar levantamentos de campo para poder dimensionar a obra de proteção.

Marco Lyra disse...

Prezado internauta, o Bagwall pode ser utilizado em Atafona, entretanto há necessidade de levantamentos de campo para dimensiomamento da obra.