terça-feira, janeiro 11, 2011

Números menos otimistas de aumento de emprego e população com o Complexo do Açu

O blog publicou ontem, aqui, as estimativas de incremento de emprego e de população, em Campos e SJB, para o período de 2008 e 2025, previstos no capítulo 8, do EIA (Estudo de Impacto Ambiental) do emprendimento do estaleiro da OSX. O estudo também prevê um cenário de crescimento menor, que é chamado de “Curto Prazo”, embora o período de análise seja também de 2008 a 2025, como pode ser visto nas duas tabelas abaixo. Por estas estimativas, que parecem menos exageradas, o incremento de empregos previstos para Campos e São João da Barra, com a implantação do Complexo do Açu, no período de 2008 a 2025 caem de 253 mil empregos, para 99 mil novos empregos. No caso do crescimento da população, ao invés da projeção de mais 1,3 milhão de novos habitantes, a estimativa, chamada de “curto prazo” prevê mais 486 mil novos habitantes, sendo 221 mil a mais para Campos dos Goytacazes e 265 mil habitantes para o município de São João da Barra.
Esta estimativa de crescimento é para o ano de 2025 que somados à população à população pela tendência de crescimento atual daria uma população total, no ano de 2025, de 751 mil moradores, em Campos e 299 mil habitantes, em São João da Barra. Esta expectativa é cerca de 80% menor do que ao cenário pleno (publicada aqui ontem) que previa uma população residente em Campos mais SJB de 1,8 milhão de habitantes.
Ainda assim, estas estimativas são muito significativas num prazo de apenas 15 anos, se considerarmos, por exemplo, que Macaé, como sede da Bacia de Campos, e base da cadeia produtiva de explração de petróleo e gás, levou, o dobro deste tempo, 30 anos (1974 a 2004) para sair de 20 mil para 130 mil habitantes.
O blog já comentou aqui, neste espaço, as consequências do aumento de população no que diz respeito à demanda de educação, saúde, habitação, saneamento (água e esgoto), segurança, transporte público, etc. Logo, a identificação deste cenário, considerado "de curto prazo" mostram as tarefas que o poder público, municípios e estados, além dos empreendodres terão pela frente para não transformar a região num verdadeiro caos.
Outra observação a ser feita é que se os empregos crescem, em número redondos em 100 mil novas vagas e a população residente cresce em 500 mil habitantes, considerando, uma PEA (População Economicamente Ativa) de 30% da população total, os dois municípios terão somados daqui a uma década e meia (em 2025) um déficit de 50 mil empregos, ou seja, teremos importado 50 mil desempregados.
Estranho, não? O desenvolvimento econômico acontece, o PIB sobe, as vagas de emprego crescem, mas o aumento da população decorrente do fluxo migratório gerará tantos empregos quanto desempregados. Desempregados precisam de políticas públicas, programas de transferência de renda (bolsa família e outros), programas habitacionais, saúde, boas escolas, etc. Quanto mais gente, mais despesas de custeio, além dos investimentos para o crescimento dos equipamentos públicos paradar conta deste crescimento populacional.
Só um esforço regional, intermunicipal, com articulação com o governo do estado, com a participação dos empreendedores , numa ação que até pode ser chamada de "Gestão Integrada do Território", ou o nome que o valha, poderá minimizar as consequências deste crescimento gerado pela implantação do Complexo do Açu.
Imaginem todas estas demandas sem os royalties, ou mesmo, com redução de suas parcelas. Assim, quem mais deve defender os royalties, daqui por diante, deverá ser o grupo EBX.
O blog com estas informações que devem ser discutidas nas audiências públicas de hoje,às 19 horas, no ginásio de esportes, em São João da Barra, e amanhã, também às 19 horas, no ginásio do Sesi, em Guarus, Campos, abre também aqui o debate.
PS.: Para ver as imagens das tabelas em tamanho maior clique sobre elas.

6 comentários:

José María Souza Costa disse...

Parabens pelo blogue, e pelas postagens
Passei aqui lendo o que tem pra ler. E observando o que tem para observar. E Exaltando o que tem de ser Exaltado. Estou lhe desejando um Tempo de Harmonia e de muita Inspiração. Entendo ter um blogue Agradavel, muito bom e Interessante. Eu, também tenho um. Muito Simplório por sinal. E estou lhe Convidando a Visitá-lo e, mais. Se possivel Seguirmos juntos por eles. Estarei Muito Grato esperando por Você lá.
Abraços de verdade e, fique com DEUS

Anônimo disse...

Partindo do gancho sobre o desenvolvimento populacional de Macaé, gostaria de sugerir que se fizesse um comparativo do crescimento populacional e de empregos gerados - tomando em conta as devidas proporções - no município de São João da Barra e também no de Campos, no período do início das obras do porto do Açú até os dias de hoje, tenho a impressão de que a dita obra não trouxe o crescimento esperado neste mesmo período; reitero que se leve em conta as devidas proporções pois alguns ilusionistas ou ilusionados comentarão por aqui que só é o começo das obras.

Anônimo disse...

Roberto de Moraes, sei que meu comentário não tem haver com a reportagem, mas aproveito o espaço para denunciar um caso de exercício ilegal da medicina na central municipal de regulação de leitos (SMS), onde um fisioterapeuta nos dias de quarta feira está ocupando o cargo de médico regulador (sem conhecimento técnico para tal) causando grandes transtornos no fluxo de pacientes para os hospitais, prejudicando nossa população e nosso trabalho.
Ass.: Médico de Campos.

pedro Caetano disse...

Parabens pela excelente esplanação do assunto professor Roberto..

O patinho feio de São João da Barra esta se tornando a galinha de ovos de ouro para esta cidade…Quero ver o que irá acontecer quando o Açu tiver poder não apenas econômico como tambem político…as coisas irão mudar muito…….
Estive presente na audiência da UCN AÇU; A apresentação do projeto foi apenas uma esplanação do EIA/RIMA;Perguntas foram muitas ,algumas dessas sem nenhum valor para tal ocasião,mas foram respondidas.As perguntas que foram feitas em cima da implantação do projeto foram limitadas a respostas com base no EIA/RIMA onde,para maior parte da população teve apenas o valor de informação e não de soluçoes para possiveis impáctos.
Com toda a falta de infraestrutura em que a praia se encontra hoje é o momento certo para se falar não apenas em compensaçoes ambientais como tambem em compensaçoes socioeconomicas como um todo.Certamente com todo desenvolvimento ( sem progresso) que vira com a implantação do complexo industrial do Açu deixaremos de ser um local turistico para passar a ser um polo industrial, é hora de cobrar por PPPs visando uma melhor infraestrutura local compensatória

Anônimo disse...

Pois é professor, estamos preparados para tantas mudanças em tão pouco tempo, lembrando que até agora pouco foi feito. Ontem estava na audiência, mas não o vi, se tivesse visto ia me apresentar.

Fala-se muitas coisas nessas audiências, mas muitas coisas são deixadas de lado como em alguns questionamentos que não foram diretamente respondidos. Teremos realmente todas essas parcerias. Até agora não temos para o básico as políticas públicas não atendem a atual demanda, estaremos preparados para o futuro?

Roberto Moraes disse...

Ao comentaristas as 03:47 PM,

Eu não estive presente em SJB, mas estarei na Audiência Pública de hoje.

Sds.