sábado, dezembro 05, 2015

O que pode estar por trás das superbactérias?

Hoje lendo no caderno "Eu & Fim de Semana" do Valor, uma longa entrevista com o importante economista inglês, o mesmo que criou o acrônimo dos Brics, Jim O´Neill. Na entrevista vi uma questão que me intrigou e que divido com os amigos do blog.

O´Neill que agora está ocupando a Secretaria do Tesouro da Majestade inglesa, disse, lá pelo meio da entrevista, que atualmente se dedica sobre um tema a pedido do governo britânico: a elaboração de um relatório a respeito da resistência às superbactérias.

Jim chama o relatório de AMR, em inglês, ou Resistência AntiMicrobiana. Diz que o documento deve fazer recomendações até o 2º trimestre de 2016 apontando possíveis soluções para o problema que, segundo ele, pode matar 10 milhões de pessoas até 2050 e custar ao mundo mais de US$ 100 trilhões, se nada for feito até lá.

O´Neill está defendendo a constituição de um fundo de US$ 2 bilhões para, nos próximos anos, estimular a indústria farmacêutica a desenvolver novos antibióticos.

Tirando os interesses desta perversa indústria, eu achei interessante um economista tratar do assunto e ser responsável por este relatório, o que reforça minhas desconfianças, mas por outro lado O´Neill denunciou que o problema tende a ser mais grave nos países em desenvolvimento, onde, segundo ele, "os médicos obtêm parte importante de sua renda com prescrição de antibióticos". 

Assim, O´ Neill faz referência ao Brasil dizendo que no último documento sobre o assunto, o país foi citado por conta de política adotada recentemente, em dificultar a compra de antibióticos sem receita.

Pelo que entendi o economista estava no Brasil para conversar sobre o tema. Ele diz defender que os países reorganizem seus sistemas de saúde para conter prescrições desnecessárias.

Neste ponto critica também o uso indiscriminado de antibióticos nas nações mais endinheiradas.  e que nos EUA, dos 40 milhões de pessoas medicadas com antibióticos para problemas respiratórios, apenas 13 milhões seriam indicações necessárias.

Além disso O ´Neill diz que vai também recomendar ao primeiro ministro britânico a introdução de uma lei que torne impossível os médicos prescreverem antibióticos sem um teste de diagnóstico confirmado.

Porém aí, observando pelo lado mais do economista e de mercado, do que por qualquer desejo ou sentimento humanitário, eu já fico imaginando os novos interesses comerciais por trás destas posições. Evidente que há disputa intercapitalista e de lobbies entre a indústria farmacêutica e a de equipamentos médico-hospitalares.

Mais uma vez se vê tudo é mercadoria e do ser humano, só não é um detalhe entre interesses comerciais e capitalista, porque até aqui (sic) é sobre ele que o sistema ainda se apoia.

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