domingo, novembro 08, 2009

Sobre o caso da aluna de minissaia

Acompanhei meio por alto, o caso da aluna de minissaia lá na universidade paulista. O ritmo frenético de trabalho, nas últimas semanas, tem tomado tempo de leituras mais aprofundadas para evitar emitir opinião, baseadas em dados e reportagens superficiais de televisão, ou as manchetes dos jornais. Assim acabei me deparando no site/blog do jornalista Luiz Carlos Azenha, O Viomundo, o artigo que decidi reproduzir abaixo como forma de estimular o debate: "Mauro Carrara: Uniban, a espetacular fábrica de canalhas" Atualizado em 07 de novembro de 2009 às 23:25 Publicado em 07 de novembro de 2009 às 23:19 "Uniban: a espetacular fábrica de canalhas Mauro CarraraEm anúncios publicados nos jornalões paulistas de 8 de Novembro, a Universidade Bandeirante (Uniban) anuncia que decidiu expulsar a aluna Geisy Arruda. A estudante de Turismo sofreu bárbaro assédio coletivo no dia 22 de Outubro, na unidade de São Bernardo do Campo. O motivo: trajar na ocasião um vestido curto, num tom cereja. O texto publicado pela Uniban deve converter-se imediatamente em peça de estudo para juristas, educadores, antropólogos e sociólogos. A universidade preferiu punir a vítima e inventar uma justificativa pitoresca para o espetáculo do bullying, registrado por câmeras do próprios alunos e vergonhosamente exposto ao mundo pelo Youtube. Segundo os negociantes da educação, "a atitude provocativa da aluna resultou numa reação coletiva de defesa do ambiente escolar".Seria cômico se não fosse trágico. A Uniban, mais uma das uniesquinas do Brasil, considera "defesa do ambiente escolar" a agitação do bando que ameaçava estuprar a colega e que a perseguiu aos gritos de "puta, puta, puta". Alheia a valores e princípios, a Uniban pautou-se unicamente pela doutrina da preservação do lucro. Expulsou a mocinha da periferia e manteve as centenas de vândalos que a molestaram.Defendeu, assim, a receita, a contabilidade, mesmo sob o risco de macular para sempre sua imagem. Em "Psicologia das Multidões", Gustave Le Bon refere-se com clareza ao fenômeno da sugestão em movimentos de multidões. Diz ele: "Os indivíduos de uma multidão que possuem uma personalidade bastante forte para resistirem à sugestão são em número tão diminuto que acabam por ser arrastados pela corrente".Le Bon lembra que, em determinadas situações, a multidão transforma o indivíduo civilizado num bárbaro, num ser primitivo, movido pelo instinto, que vibra com o ataque ao inimigo inferiorizado. Poucas vezes se viu isso tão claramente quanto no episódio de 22 de Outubro. Há garotas inconformadas com a sina; afinal, não têm o corpão de Geisy. Há machões conquistadores não correspondidos, movidos pelo instinto de vingança. Por fim, a turba ignara que se diverte com a perseguição, algo muito semelhante à farra do boi. A curvilínea e voluptuosa Geisy, que concedeu entrevistas aos programas televisivos vespertinos, exibiu-se no mesmo vestido que gerou a fúria de seus colegas de universidade.Nada formidavelmente pecaminoso como se poderia imaginar. Aliás, fosse ela mirrada e poucos notariam a ousadia de suas vestes. Esses aspectos objetivos da questão foram ladinamente desconsiderados pela direção da universidade.Em nome do "negócio", a Uniban preferiu investir na fabricação de canalhas. A decisão funciona como um sinal verde para os moralistas cafajestes de todos os tipos. Esse incentivo criminoso, pois, não se limita aos clientes da instituição, mas ao conjunto dos estudantes brasileiros. Paulo Freire, costumava advertir os educadores com a seguinte frase:"Conhecer é tarefa de sujeitos, não de objetos. E é como sujeito, e somente enquanto sujeito, que o homem pode realmente conhecer". No caso em debate, a Uniban fez exatamente o contrário. Desprezou o sujeito, deseducando-o. Concomitantemente, priorizou o objeto, isto é, seu negócio, o prédio iluminado vendedor de diplomas.Dessa forma, trocou todas as regras da civilidade por um repugnante código de carceragem. O episódio Geisy revela a decadência do ensino universitário brasileiro, transformado em oportunidade de mercado. Essa é a herança do regime militar e dos governos conservadores que o seguiram, sobretudo aquele do privateiro Fernando Henrique Cardoso.Ironicamente, o bajulado professor uspeano de tudo fez para esculhambar o ensino público de qualidade, entregando o sagrado ofício da educação às máfias dos certificados e aos traficantes de títulos acadêmicos. Tempos de provação. E, como formigas, os canalhas saem aos montes dessas instituições, prontos a divinizar o pensamento neoliberal e a Lei de Gérson, seduzidos à barbárie por diversão. Nota do Viomundo: Não escapa a este site o fato de que o governo federal, através do ProUni, financia grande parte das fábricas de diplomas."

8 comentários:

Prof. Isaac Esqueff disse...

Quanta hipocrisia...

Até parece que estão fazendo justiça com esta atitude tão imbecil.

Eles apenas encurtaram o caminho pela "sonhada" renumeração fácil e farta, pois agora, com tanta notoriedade, a aluna, recém "defenestrada" da referida instituição, poderá alçar patamares jamais sonhados por aqueles que, dotados de um puritanismo prosáico, abrem espaço para a coroação de mais uma "celebridade" num país com tantas variações sobre o mesmo tema.

Como sabemos que diploma superior não é garantia de notoriedade profissional, a aluna poderá, agora, ganhar uma tremenda notoriedade, chegando até mesmo a arrecadar cifras e mais cifras com o assédio das revistas masculinas, programas de calouros, entretenimento e até mesmo, produtoras de vídeos adultos, tornando-se licitamente, e não me refiro ao lado moral, dogmático e religioso, a bancar toda a sua família e agregados com os ganhos provenientes da ascensão da mídia sobre o episódio.

Há, nas universidades, tremendo puritanismo desenfreado, onde os mais graduados, tentam exacerbar uma honestidade travestida de diplomas e certificados, como se os mesmos pudessem ofuscar o que na realidade, é feito por alguns, que na calada das noites, quando em seus carros importados, passam pelas esquinas escuras e recrutam os "profissionais" do sexo para as sessões de orgia pessoal e grupal, tudo muito bem planejado e esquecido, temporariamente, quando os mesmos retornam a seu trabalho acadêmico na semana seguinte: Um círculo vicioso de pseudo-moralismo que somente, os iguala àqueles que verdadeiramente e sem receios, encarnam em seu cotidiano o estigma de serem declaradamente, "putas e putos" assumidos.

Finalizando, o caso terá destaque, provavelmente, até o próximo carnaval, onde todos poderão colocar pra fora suas mais ousadas fantasias, sem medo de serem acusados publicamente por sua conduta.

Quantas celebridades ainda surgirão?

Anônimo disse...

Tudo isso em vão. Ela vai posar nua para a playboy, já está ganhando um bom dinheiro frequentando programas na tv, depois vai gravar um cd, vai virar mulher-"jaca", enfim, vai encher a "jaca" de dinheiro. Não nos preocupemos com o fato. Tem "truta" aí. Todos sabemos que se alguns começam a linchar alguém, logo muitos outros também entrarão no processo, mesmo sem saber por que. Quem sabe um dia saberemos a verdade ?

Anônimo disse...

Impressionante, depois de tanta repercussão na mídia a universidade ainda teve a coragem de jubilar a aluno. Péssima atitude! Realmente é muito mais barato do que buscar os culpados e puní-los.

Acho que nada disso vai custar caro para eles. A Universidade Estácio de Sá tem uma ótima imagem e nem por isso deixou de ganhar dinheiro. Até aprovando analfabeto em vestibular eles conseguem vender o produto deles.

Agora... dizer que isso é culpa do regime militar é sacanagem, se isso acontecesse no regime militar sobrava cacete pra todo mundo. Os policiais não iam aparecer escoltando a aluna, mas agredindo todo mundo que estava fazendo algazarra.

Culpa dos governos conservadores? Desde quando FHC é conservador? Faça-me o favor... E as universidades públicas também não estão com essa bola toda. O IFF por exemplo dá muito mais atenção para sua expansão e imagem do que para a qualidade do ensino.

Anônimo disse...

Acho que o Lula devia fazer era uma intervenção nesssa faculdade, por que se forem investigar estão treinando Talibans lá dentro.

Anônimo disse...

Acho que mulher bem resolvida assusta!!!!!

Anônimo disse...

Expulsar a aluna, readmiti-la,nada disso trabalha a sua moral a ponto de reconhecer se deve ou não andar com roupa inadequada numa sala de aula. A atitude autoritária e condenatória da Faculdade não fará diferença para a moça.Pelo contrário, por ser tão "requisitada" deve ganhar na mídia , além do que já ganhou, uma extrordinária repercussão com altas cifras em sua conta bancária. Outras farão o mesmo, aliás já fazem...

Anônimo disse...

Acho mesmo q a moça simples de periferia deveria agora aproveitar a fama subita, posar nua e ganhar muito dinheiro. Tenho certeza q esses falsos moralistas seriam os
primeiros a comprar a revista.

Anônimo disse...

Coitada da moça, ela só não tem bom senso ao se vestir, já os vândalos que a agrediram verbalmente e a acuaram em uma sala de aula, esses sim nos deixam preocupados em saber que são o "futuro" do Brasil.
Coitada da moça de perifería que só queria estudar e se sentir gostosa!