sexta-feira, fevereiro 03, 2012

R$ 470 mil é o custo de um comercial de 30” no horário nobre da Globo

A informação foi veiculada pelo projeto Inter-Meios da revista “Meio & Mensagem”, do Ibope Media e da Marplan. Entre os dados divulgados está o de que os investimentos em publicidade no Brasil somaram R$ 31,2 bilhões em 2011, um valor 7% maior do que o de 2010. A TV aberta captou 63% do volume destes recursos. Pelo Ibope Media, em 2011, os anunciantes desembolsaram R$ 88,3 bilhões em publicidade, um valor 16% maior do que o de 2010. Estes últimos dados, do Ibope Media, são maiores que os anteriores porque monitora preços de tabela para anúncios, não contemplando descontos e promoções. O valor da veiculação de um comercial de 30 segundos em horário nobre da líder de mercado foi citado para se fazer uma comparação com o custo de um anúncio por 15 dias num grande site que custa R$ 150 mil. Bom lembrar que somos nós que pagamos de alguma forma estes valores que se somam aos preços dos produtos que consumimos e serviços que contratamos. O assunto é interessante porque ajuda a mostrar como existe questões na nossa sociedade que parecem truncadas. Por exemplo: uma boa parte deste dinheiro da publicidade vem das montadoras. Aqui vende-se um dos carros mais caros do mundo, e tem muitos que alegam que é apenas a questão dos impostos, quando as próprias montadoras alegam que cobram mais por aqui, porque há quem pague. Neste bojo, vem o gasto com publicidade. Eu não conheço valores de propaganda nos EUA, mas, a princípio, acho difícil, que mesmo tendo uma população bem maior do que a nossa, além de maior poder aquisitivo, o valor da veiculação de 30 segundos de propaganda na maior e mais asssitida rede de televisão, chegue a este estratosférico valor de aproximadamente US$ 250 mil. Está aí um interessante debate. Sei que os amigos do blog que mexem com publicidade vão reclamar, mas eles sabem, que não estou propondo o fim desta, mas, refletir sobre os seus custos e resultados para a sociedade como um todo, é algo salutar, ou não? PS.: Nota baseada em informação veiculada em matéria do jornal Valor Econômico.

12 comentários:

douglas da mata disse...

Caro professor, permita-me o "pitaco",

Não é só o enfoque "mercadológico" que merece atenção, mas a questão crucial, ou seja, como esse volume bilionário serve para concentrar poder que se expressa em uma concessão pública, sem qualquer fiscalização ou medida que evite a cartelização deste setor.

A conseqüência sabemos: Mais dinheiro, mais poder de coação, menos democracia e mais informação manipulada.

No que toca o setor automobilístico, citado por você, fica claro: Nenhuma revista "especializada" ou jornalista com faro investigativo foi capaz de desvendar essa "caixa preta" dos preços e planilhas de custos das fábricas e o preço pago por nós.

Novamente, e de forma cínica, alegarão a questão da livre inciativa e do "mercado".

Porém se esquecem que o dinheiro público é que subvenciona a produção desses bens, com as concessões de subsidios e isenções fiscais das políticas anti-cíclicas e de fomento, e que depois, são remetidos, descaradamente, às matrizes como lucros.

Desnecessário citar outros casos e setores onde os interesses publicitários impedem a correta veiculação de informações sobre bens e serviços, ou quando acontecem, é só para "aumentar a tabela" e gerar mais "oportunidades", na típica chantagem midiática.

Promiscuidade explícita entre meio e mensagem.

Um abraço.

Anônimo disse...

A conta é muito simples, aliás deve ser baseada nela que cobram este valor. Imagine um(a) mega celebridade mostrando uma nova marca de sabão em pó, dizendo que é que ele usa, etc. Ao preço de R$5,00/caixa, são 94 mil caixas de sabão que divididas por 5564 municípios brasileiros dá um valor de 16,8 caixas/município. Vc. não acha que no dia seguinte esta conta já está paga? Mesmo tirando outros custos(cache,publicidade e produção), o lucro é garantido.

denis disse...

Pois é, prefeituras, estados, e o governo Federal gastam bilhões em propagandas, quando deveriam dá publicidade. Cada ano que passa gastam mais, li ou vi em algum lugar que o governo Lula gastou 3 vezes mais em propaganda do que o seu antecessor e essa sim pagamos diretamente, pois é dinheiro público. Recentemente no horário nobre antes do Jornal Nacional a OSX pagou essa bagatela para se apresentar para o país por começar a explorar o Petróleo onde a Petrobrás com um espirro faria essa extração. Vejam só como são as coisas, pagam quase R$ 500 mil por 30 segundos na TV Globo, e ao mesmo tempo ganham bilhões em isenções e terras. Brasil, um país rico é um país sem pobreza! Onde os pobres pagam as contas enquanto menos de 10 % da nação concentra 90% da renda.

Luiz Gonzaga Neto disse...

Professor, algumas considerações. Este valor é referente apenas ao horário nobre retrasmitido nacionalmente (não sem nem de qual programa). Portanto, não é o valor de toda a grade. Parte desse dinheiro é dividido com todas as emissoras afiliadas do país que retransmitem a Globo(119, eu acho). Nos Estados Unidos o modelo é diferente. Mas os valores são muito, mas muito maiores que no Brasil. Em especial nos grandes eventos, como o SuperBowl, finais da NBA, etc. A Globo está entre as 5 maiores emissoras do mundo, portanto os valores podem não ser tão exorbitantes, não acha?

Não estou defendendo o modelo, só apresentando alguns pontos para enriquecer o debate.

Roberto Moraes disse...

Os comentários só enriquecem o debate da questão. Inteeressante observar que eles são complementares, embora, parcilamente discordantes.

O tema é instigante. Entre os que não comentaram aqui no blog, mas se dirigiram a mim de alguma forma para tratar do tema, todos, se espantaram como este blogueiro, com as cifras. Todos sabiam que elas eram altas, mas, nem tanto.

Sobre o comentário do Luiz Gonzaga Neto eu aprofundo a questão:
1) A nota já diz que o valor é do horário nobre e não de toda a grade;

2) mesmo sem conhecer em detalhes, a questão da TV no Brasil e nos EUA, sei que há diferenças entre elas, e a articulação enquanto rede, diz-se que aqui há muitp mais força e articulação entre elas aqui do que lá, o que acaba ajudando na formulação do preço cobrado, mesmo assim, é muito dinheiro, US$ 250 mil;

3) Sabe-se que há um repasse para os canais locais/regionais, e não poderia ser diferente, mas, pelas informações, sabe-se que eles são pequenos diantes do valor maior, já que as maiores paraças, estão sob o controle direto do grupo empresarial;

4) Sobr eo custo do comercial nos eventos, penso tratar-se de outra tabela assim como no Brasil, com as cotas de patrocínios nos grandes eventos e nos seus ápices, como as finais e outros momentos de grnade afluxo de expectadores. Porém, o blog compararou o valor do espaço de 30 segundos, no horário nobre (diário) e normal. A cmparação deve ser entre um e outro. Aí volto a repetir: US$ 250 mil é muito dinheiro.

Há ainda diversos pontos interessantes nos comentários do Denis, quando levanta e compara a decisão do grupo EBX em investir milhões num espaço de mídia como este e poupar alguns milhares na compra de terras e viavilização do seu empreendimento. A informação do valor de R$ 470 mil por meio minuto de exposição é que permitiu estas e outras comparações.

Também é muito interessante as observações do Douglas quando fala do aumento da cartelização, do aumento do poder e da consequente redução da democracia, dos riscos da informação manipulada pelo poder dos "grandes" que alegam "livre iniciativa" e acesso ao "mercado" como direitos.

Seria ainda melhor aprofundar o tema levantando os maiores anunciantes. Sabe-se que os governos têm destaque nesta área, o que mostra uma outra relação perigosa, tanto de pressão como de chantagem de quem tem "audiência" que também pode ser "manipulada" por quem faz pesquisas.

Tudo isto significa que quanto mais concentrada maior é o risco e o poder. Por isso, a democratização do acesso a informação é tão pressionada, por processos e outras coisas. Assim como qualquer controle é taxado de censura, porque continua se desejando trabalhar livremente neste espaço bilionário e a sociedade como sempre é visto apenas como um mercado a ser ganho.

Como se vê é um debate para lá de interessante que o choque da informação que o valor de R$ 470 mil por meio minuto de propaganda provocou.

Sds.

Anônimo disse...

Por falar em valores gritantes pagfos às propagandas, alguém sabe informar qual o gasto total em 2011,da prefeitura de Campos/RJ, com propagandas e com a mídia em geral ? Ouvi comentários de que passou de 20 MILHÕES e se aproximou dos 30 MILHÕES DE REAIS. Um absurdo não é gente?

Unknown disse...

POr favor...Alguem me informe que se eu quisesse vincular um pronunciamento em rede nacional por 10 minutos em horário nobre...eu teria que desembolsar então no máximo uns 15 milhões de reias, correto? Se isso é possível então alguem me informe onde na lesgislação é permitido um cidadão comum endinheirado pode se pronunciar em rede nacional! Porque é pago? Como é esse bolo publicitário e como se dá essa divisão? Onde posso encontrar informações legislativas e esclarecedoras sobre isso? Grato.

Spock disse...

Por favor...Eu quero informação! Se eu resolver me pronunciar(eu cidadão comum com dinheiro pra gastar, vamos supor!)...se eu resolver me pronunciar por 10 minutos em REDE NACIONAL...ou seja em todos os canais...eu teria que desembolsar 15 milhões de reais por cada um deles?
Outra coisa: Onde eu consigo informação legislativa e informação esclarecedora de como se dá a divisão do bolo publicitário entre as emissoras. Como é esse percentual? Resumindo: Informação! Grato.

Roberto Moraes disse...

Caro Nimoy,

Não conheço estas legislações, mas, desconfio que o dono do negócio faz o que quer. Divulga o que quiser. Neste caso certamente vai querer saber o conteúdo do que vai ser divulgado, o que mostra a necessidade de regulação que tem que ser do Estado e não do dono do negócio.

Anônimo disse...

470 mil, por 30 segundos,16700 por segundo, e o que tem de idiota que paga para votar no bbb.
Povo idiota,burro ao extremo, ate quando vai imperar esta idiotice neste pais?

Maria Cristina disse...

Coisa de louco! Jamais imaginei que as cifras eram tão elevadas. Se pagam um valor tão alto, é porque o retorno é maior ainda.

ronan disse...

Isto é uma indecência, se verificarmos que o governo federal é o maior usuários destes horários nobres - claro que a sociedade paga com sangue esta maldade dos nossos governantes.