domingo, agosto 17, 2014

A falsa neutralidade da mídia comercial cava seu buraco

Os jornalistas dizem que toda matéria, seja ela em impresso, rádio ou televisão, precisa de personagens para melhor expor o tema em questão.

Em minhas idas e vindas entre Campos e o Rio, quando de carro, aproveito para ouvir noticiários no rádio. Um hábito antigo.

Assim, hoje vindo do Rio para Campos, eu ouvia a rádio CBN, apesar de minha aversão à rede que ela faz parte e do tipo de jornalismo que a mesma vem praticando. Ainda assim, a viagem passa mais rápido, embora aumente o desagrado, rs, mas, com bom humor é até divertido, mas com limites.

Desta forma, ainda saindo da capital, eu ouvi uma reportagem sobre economia. O pano de fundo da matéria era a péssima situação da economia que a editoria interpreta que o país vive.

Depois de enumerar alguns fatos, escolhidos a dedo, a entrevistadora, passa a ouvir um especialista em economia de uma faculdade paulista. Não interessa nomes. A opinião poderia ser diferente, diversa, mas, o script é que se deve rejeitar.

Vamos aos fatos.

O especialista-entrevistado depois de responder que estava tudo errado, que os gestores da área econômica estão equivocados, que a estrutura macroeconômica estava completamente invertida, etc. e tal, é interrompido pela entrevistadora que solta a sua pergunta:

- Então o que que precisa ser feito?

O "especialista" então devolve a pérola:

- É só a população em outubro escolher bem e votar contra o que está aí.

Assim simples, sem nenhum comentário ou detalhamento sobre o tema, sobre a economia real, o quase pleno emprego, em julho ter tido a menor inflação dos últimos meses, o "especialista" apenas fez propaganda eleitoral explícita.

O caso de tão grotesco culminou com um agradecimento da entrevistadora encerrando a entrevista feita por telefone.

A nossa democracia precisa dos bons jornalistas e do esforço destes, para em meio ao jogo sórdido da mídia partidarizada, voltar a praticar um jornalismo que ouça as diversas partes e quem tenha algo a dizer e não dar o recado, já definido e escolhido junto das pautas feitas pelas editorias e donos.

Há que se lamentar o fundo que parte do jornalismo continua cavando.

PS.: Atualizado às 23:45: para corrigir erros no texto.
Atualizado às 01:32: Numa linha idêntica questionando esta "falsa neutralidade" confira aqui o bom artigo de João Feres Junior, professor do IESP/UERJ e Unirio e coordenador do website "Manchetômetro".

3 comentários:

Anônimo disse...

Vc. está com mania de perseguisão?

Anônimo disse...

O bom da democracia tá aí. Cada um, tem o direito de opinar, de gostar, de aceitar ou não. Coerência nem sempre se tem. Mas, mesmo assim as coisas vão acontecendo e a vida vai sendo levada.

Num país onde segundo o IBGE, o eleitor, tem a educação como sua 5ª prioridade, existem sim, algo muito errado, há anos.

Infelizmente a maioria do eleitor brasileiro,é individualista e imediatista. Não aceita políticas de longo prazo. Por isso nunca pensa no coletivo, repito só pensa em si.

Enfim como consequência, o caos político.

Anônimo disse...

cBN, a rádio que toca notícias. Show de bola!
Uma das melhores do Brasil!