segunda-feira, agosto 18, 2014

O Datafolha conhecido que trouxe alívio à oposição

Como eu havia comentado em nota aqui no blog no final da manhã de sábado esta pesquisa do Datafolha podia trazer qualquer número e muitos interesses. Ela pode ser real, mas, pode não ser. Ninguém jamais saberá.

Ela traz um novo cenário depois da morte de Campos. Isto era sabido, porém, os "ajustes" dos números têm simbolismo e jamais poderão ser contestados. Até porque sua divulgação obriga ao debate sobre os mesmos e até a construção de novos "objetivos".

Aliás, não por coincidência (sic) os números são exatamente os mesmo que se vinha comentando e alguns colunistas já debatendo sobre os seus significados.

Vamos aos números da pesquisa feita com 2.843 eleitores em 176 municípios, na quinta e sexta-feira (14 e 15/08) logo no dia seguinte e sob o impacto da notícia do trágico acidente: Dilma - 36%; Marina - 21%; Aécio - 20%; Everaldo 3%; Zé Maria - 1%; E. Jorge - 1%. Indecisos 9% e Brancos/Nulos: 8%.

Simulação de eventual 2º turno: Dilma 47% x 39% Aécio. E, pela primeira vez, um candidato ganharia de Dilma no segundo turno, embora, em empate técnico da pesquisa que tem margem de erro de 2% para mais ou menos: Marina 47% x 43% Dilma.

Pode-se discutir os números, suas intenções e manipulações, mas, a campanha segue. Na medida que a propaganda que começa amanhã no rádio e na televisão vai ter a oportunidade de trazer as falas dos candidatos, assim como os debates, outras pesquisas surgirão e, na medida em que a eleição se aproximar elas poderão se tornar mais confiáveis.

Há entre os opositores, um sentimento de alívio, não com a morte de Eduardo Campos, mas, com o que consideram a garantia de que haverá segundo turno e assim estes poderiam tentar unificar o voto contra a Dilma e o PT.

Resta combinar com os eleitores. Porque este resultado primeiro (confiável ou não) traz um rebote. Quem é contra está aliviado com o segundo turno e assim a manter a chance no turno derradeiro. Porém, há os eleitores que podem em função disto tudo avaliar já no primeiro turno o que pretenderiam e quem julga "menos pior" ganhar a eleição.

Interessante ainda observar que em relação à pesquisa anterior do Datafolha Dilma manteve os 36%. Aécio ficou no mesmo lugar. Indecisos e intenções de votos brancos e nulos (não votos) é que caíram bem de 27% para 17%. Outros candidatos também perderam 3% de intenções de votos. O blog pegou do blog do do publicitário Hayle Gadelha a tabela ao lado. Se desejar leia aqui sua avaliação sobre o Datafolha.

Enfim, o debate político paradoxalmente e de forma macabra se animou com a morte de Eduardo Campos. Eleitoralmente falando, só a oposição ganhou com a trágica e lamentável morte de Campos. Se fôssemos dar guarida a teorias conspiratórias, iríamos ter que recorrer à velha máxima de investigação policial que se inicia perguntando: quem é o maior beneficiário do fato ("crime").

Porém, não é o caso. Fato é que a as circunstâncias favorecem a quem tem nesta hipótese maior poder de interferir na cena do jogo sem estar na política, falando mal dela, mas tendo posições e interesses em seu resultado.

Tem-se pela frente a campanha na televisão, os debates, e a posição do cidadão-eleitor que tem acompanhando tudo de perto, visto as articulações e que ao final tomará posição.

Não resta dúvida esta eleição é muito mais importante para os destinos do país e de nossas vidas do que outras. Em todas as eleições nacionais há muita coisa em jogo, mas, nesta a conjuntura e as "circunstâncias" colocaram mais ingredientes na balança. O eleitor sabe disto e ao final tomará a sua posição/decisão, baseada no processo histórico recente e também nas expectativas de futuro que enxerga. Vale conferir!

PS.: Atualizado às 15:48: Para acrescentar um dado da pesquisa que me chamou a atenção pela certa incongruência com outros números. Cresceu em 6% a aprovação do governo Dilma de 32% para 38% e também caiu de 29% para 23% os que consideram o governo como ruim ou péssimo. A diferença 39% consideram o governo regular. Observem que 38% consideram o governo como ótimo ou bom e 36% optam por Dilma na intenção de votos.

3 comentários:

Anônimo disse...

Não tem para ninguém! É Dilminha na certa.

Nem para a Marina vai dá.

O Bolsa família garante 25 milhões de votos para a Dilma. É uma base imensa de votos Está blindada.

A Dilma só não ganha se seu avião cair também.

Anônimo disse...

Caro Roberto, você enxerga Marina como oposição ao atual governo? Integrantes do atual governo apoiariam e alguns ate apoiam a candidatura de Marina. Marina , se eleita, fará um governo bem "próximo" do atual ou bem "distante"? Marina é uma grande incógnita?
Abraços.

douglas da mata disse...

Roberto, a conta "não fecha" por vários motivos:

Senão me engano, não há grandes variações nos votos brancos e nulos, portanto, como um nova variável (marina) pode ter aparecido com números maiores que a anterior (eduardo) sem alteração das intenções dos dois primeiros?

De toda forma, sabemos que os humores são suscetíveis a determinados tipos de eventos, turbinadíssimos aos ataques diários da mídia, que vai "embalsamar" o defunto e carregar seu corpo pelas ruas até a eleição...

Não há dúvidas que marina (e o psb) abandonaram qualquer escrúpulo, e vão explorar ao máximo esta possibilidade...

No entanto, e penso que o limite para esta chantagem é curto, assim como foi o ciclo das manifestações de junho 2013.

Sabemos o que está em jogo. Não se trata apenas de quem vai governar o país, mas se este país vai se realinhar ao modelo EUA/Europa no novo ciclo de expansão capitalista, ou se vai continuar sua trajetória de construção de um bloco mundial multilateral de poder hegemônico, com variações regionais fortes(China, Índia, Rússia, Turquia, Canadá, África do Sul, etc)...

Observemos...