sábado, novembro 28, 2015

Movimentos no xadrez da geopolítica da energia

Há que se registrar importantes movimentos no tabuleiro da geopolítica mundial para além dos interesses na área energética.

Na quinta-feira a Arábia Saudida forte aliada dos EUA, formalizou com a Rússia um importante acordo de cooperação no setor de petróleo e gás. Bom saber que se tratam dos dois maiores produtores mundiais de petróleo e gás do mundo.

Ambos os países seguem ampliando suas produções a despeito da queda acentuada do preço do barril.

A Arábia é líder da Opep e as interpretações para que a organização liberasse a produção que resultou na queda dos preços do barril, teria sido fruto de um acordo com os EUA, para enfraquecer a Rússia e outros produtores de petróleo mundo afora.

Tal hipótese, decorrido um tempo e produzido alguns efeitos, inclusive no Brasil, podem agora sofrer alterações.

Nos EUA a ampliação da produção de petróleo com as reservas de xisto estão tendo problemas com a permanência do preço abaixo do patamar de US$ 50, o barril.

Resta saber o que a divulgação do grupo de trabalho conjunto entre a Arábia Saudita e a Rússia poderá suscitar neste xadrez de interesses.

4 comentários:

douglas da mata disse...

Roberto, eu não tenho certeza, mas a movimentação da arguta monarquia sanguinára saudita pode ser desdobramento de algumas questões:

01- A movimentação da Turquia, que finge combater o ISIS, e deixa correr solto para lidar com seu problema no Curdistão (leia-se curdos);

02- Os ruídos do escândalos dos mísseis proibidos pela Convenção de Genebra (por causa das dos tipos de munições empregadas), e que foram fabricados na GBR e vendidos aos árabes para bombardearem o Yemen para os EUA. Os saudita ficaram "pendurados na brocha", e isso motiva a acordos com o "outro lado", para forçar recuos na censura internacional (ONU) e para mostrar que há interesses para todo tipo de acordo...

Há outras questões, é claro, como o avanço da diplomacia russa na região, o fato de que Rússia e Arábia saudita são, de fato, produtores, apesar de concorrentes, o que os coloca em um mesmo campo de interesses, contra os grandes consumidores, como os EUA...

douglas da mata disse...

PS: leia no site da Al Jazeera (uma das boas fontes para entender a região) os sinais sobre o que falamos:

01- Erdogan, líder turco acena com "tristeza" sobre a queda do jato russo (cínico, mas em diplomacia significa um recuo).

02- Erdogan nega comprar petróleo do ISIS (claro que a Turquia nunca faria uma transação destas sem, no mínimo, a omissão dos seus aliados, leia-se EUA e OTAN), abrindo portas para o contrabando de óleo do grupo terrorista.

Por mais louco que pareça, a compra feita pelos turcos abre um inevitável canal de interloocução impossibível nos meios políticos tradicionais.

A Arábia, de olho no lance, dá um contra-lance, acenando para a Rússia...

Roberto Moraes disse...

O ISIS teria dois trilhões de dólares em ativos e um rendimento diário de três milhões de dólares somente com o contrabando de petróleo.

A movimentação destes recursos precisa do sistema bancário internacional que integrado globalmente possibilita o saque em caixas eletrônicos para ativistas do grupo espalhados em difetentes cantos do planeta, assim como para compra e pgamento de armas, veículos, etc.

O $ vem deste controle de áreas produtoras de petróleo. Consta que a área toda controlada pelo EI seria de cerca de 200 mil Km² sa Síria e Iraque, área equivalente (um pouco menor) do que do estado de SP.

Lá além dos poços eles já manejam refinarias modulares (minirefinarias) adquiridas no "mercado". Elas são construídas e montadas em blocos e ligadas por tubos possuem a condição de transferência ou de rápido reparo das partes danificadas. Mudam de lugar com alguma facilidade. Minirefinarias similares existem fabricadas nos EUA e China.

O petróleo controlado pelo EI seria enviado por caminhões até a fronteira com a Turquia e vendido a "corretores de petróleo” que a Turquia bem conhece.

Em meio a tudo isso difícil mesmo imaginar até onde o EI não se move com a consciência e até concordância dos EUA. Os motivos? Podem ser vários. Nenhum humanista e nem muito menos moralista.

douglas da mata disse...

Os mesmos motivos que levaram a criação da rota do ópio no Afeganistão para que os EUA alimentassem a Al Qaeda, e depois, deu no que deu...

Os mesmos motivos que levaram os EUA a financiar os carteis ligados a Noriega (Panamá) para inundar os EUA de crack e cocaína, fonte de recursos para armar os contras e outros mercenários latinos...

Na Colômbia não foi diferente.

Nem vamos falar da dubiedade do Irãgate...

E os cretinos continuam a zurrar os mesmos chavões da guerra fria...