segunda-feira, dezembro 28, 2015

Rússia se mantém entre os maiores produtores de petróleo, mesmo com a crise do baixo preço

A articulação Arábia Saudita e EUA rompendo a articulação da Opep liberando a produção e jogando os preços nos atuais baixos preços em torno dos US$ 37 o barril.

Na ocasião se imaginou com isso testar o mercado, ver quais são os limites mínimos em que cada país produtor consegue se manter e, de quebra, ainda pressionar as nações produtoras com forte dependência da extração do petróleo.

A produção de xisto nos EUA e a liberação da produção nos países no Oriente Médio visava desde atingir a Rússia, cujo protagonismo no cenário mundial, voltava a crescer, quando outros países em regiões que buscvam uma certa independência em relação aos EUA. No caso a Venezuela, o país que possui a maior reserva mundial provada de petróleo do mundo e ainda testar os limites das reservas do pré-sal brasileiro.

Neste sentido, o caso russo, depois de idas e vindas, parece ter tido um desdobramento diferente do inicialmente projetado pelos EUA, o que demonstra que a Geopolítica da Energia não é coisa simples.

Fato é que segundo a Bloomberg (agência de notícias ligada ao setor financeiro) a Rússia surpreende. Hoje, a Rússia disputa com os EUA e com a Arábia Saudita a posição de maior produtor mundial de petróleo. Os números mês a mês tem variado a posição realtiva destes três maiores produtores

O ritmo da produção de petróleo russo aumentou, ao contrário do esperado, mesmo que pouco, 0,5%, contra alta de 5,8% da Arábia Saudita e 1,3% dos EUA .

A explicação estaria no aumento da produtividade de muitos dos seus antigos poços. As petroleiras russas Novatek e Gazpromneft investiram US$ 9,2 bilhões só no projeto do Ártico, na época dos preços elevados e agora começam a obter resultados.

Além destas há duas outras petroleiras russas como a Bashneft, Rosneft, Severenergia e também a americana Exxon Mobil atuando em território da Rússia. Em 2015, os investimentos de todas as petroleiras na Rússia, mesmo com os problemas do preços, segundo a agência Reuters, somou 1,1 trilhão de rublos, equivalentes a US$ 15,7 bilhões.

Plataforma de extração de gás da estatal russa Gazprom
Os custos de produção ficaram mais baixos com a desvalorização de 52% da moeda russa, o rublo, já que de 80% a 90% dos gastos das petroleiras russas são em rublo. Além disso, a produção de "condensado de gás", uma forma leve e particularmente valiosa de petróleo, foi multiplicada em 5 vezes neste ano de 2015.

Os russos vivem os mesmos problemas que a redução do preço no mercado mundial traz a outros países como a alta de impostos e a falra de novos financiamentos em novas explorações. Os maiores campos de produção de petróleo na Rússia estão na Sibéria Ocidental e agora também no Mar Ártico.

A estimativa informada pela agência Reuters é que a Rússia feche o ano de 2015, com uma produção de 10,7 milhões de barris por dia, ampliando para 10,78 milhões de b/d em 2016. Interessante observar que a produção de petróleo de xisto (shale) dos EUA tenha mostrado seus limites, enquanto a produção de petróleo russa tenha se reinventado, de certa forma.

O caso até certo ponto surpreendente da Rússia nos oferece pistas sobre o potencial que o Brasil tem ainda com o petróleo até, pelo menos, o ano de 2050. Um custo de produção em real e não em dólar - novamente a importância da política de conteúdo nacional - para aumentar a produtividade e o custo da produção.

Vale ainda observar que a Rússia que produz muito gás, agora avança aos poucos na produção offshore de petróleo. Esta realidade aponta boas possibilidades de parcerias diante de um mercado mundial complexo e altamente manipulado, por interesses de poder político e que movimenta somas extraordinárias de recursos financeiros.

PS.: Atualizado às 18:12: Para corrigir a digitação no parágrafo: "As petroleiras russas Novatek e Gazpromneft investiram US$ 9,2 bilhões só no projeto do Ártico, na época dos preços elevados e agora começam a obter resultados."

Outra informação desta tarde sobre as petroleiras russas da Agência Reuters:
"O Conselho da exportadora de gás russa Gazprom aprovou um programa de investimento para 2016 avaliado em 842 bilhões de rublos (11,71 bilhões de dólares), disse a companhia em um comunicado nesta segunda-feira. O programa de investimento inclui gastos de capital totalizando 777,6 bilhões de rublos (10,81 bilhões de dólares), disse a companhia."

2 comentários:

Anônimo disse...

No Brasil o problema é o endividamento da Petrobras, não é o custo de produção . A própria Petrobras informou que o custo da produção no pré-sal está por volta dos US$ 8,00 por barril. O problema e como investir com no mínimo 30%, estando a Petrobras endividada.

Roberto Moraes disse...

Sim, é fato o endividamento feito para os investimentos é um problema a ser contornado. Digo, a ser contornado. Mais uma vez vejamos o caso russo, as empresas fizeram investimentos pesados e agora buscam contornar as dificuldades de caixa com os baixos preços do barril que geram menores receitas.

Os 30% também são contornáveis diante da pujança das reservas. Há que se observar os ciclos. Ter custo de produção baixo é sim a questão mais importante, porque elas é que dão valor aos ativos.

É por isto que o CEO mundial da Shell afirmou que pretende estar colado na Petrobras. As inovações tecnológicas em engenharia submarina prometem surpresas em curto espaço de tempo. Com ativos valiosos e baixos custos de produção há várias saídas antes de se entregar as reservas.

É fato que a pressão econômica e política são enormes. Quem acompanha os relatórios setoriais d bancos e fundos que atuam no setor sabem bem o que estou falando.