segunda-feira, maio 09, 2016

A trama triangular "midiática - jurídica - parlamentar" joga o país no abismo na luta pelo poder sem voto popular

As contradições vão se aflorando num volume e conteúdo surreal ao longo de todo o dia, desde o final da manhã.

O desespero segue na mídia comercial para colocar a trama triangular "midiática - jurídica - parlamentar" nos trilhos depois do sacolejo do Maranhão com sua decisão anunciada no final da manhã.

Tudo que não for do jeito que a trama elaborou alegam problemas.

Veja que agora passaram a falar em cuidado com o Estado Democrático de Direito. Que é preciso ter equilíbrio e calma. Que é necessário ter cuidado com as instituições para evitar a crise institucional entre os três poderes.

Algumas vezes risível.

A análise do discursos ajudam a entender o percurso da construção da narrativa. Me desculpem a insistência. A Mídia-partido hoje mais cedo deu início a esta narrativa que segue a trilogia, fácil de ser identificada, até mesmo pelos que jamais estudaram as estratégias sobre análise de discursos.

Ela nasce na mídia comercial. No intervalo é é repercutido por "especialistas jurídicos" escolhidos e já conhecidos, de uma só posição. A seguir passa aos parlamentares que fecham o triângulo.

Adiante, em círculos em trono do triângulo, novamente a questão circulará e será reaberta pela mídia, através dos colunistas políticos, comentando sobre as "opiniões elegíveis" dos especialistas jurídicos e os políticos.

Assim, vão costurando a compreensão mental e reforçando a manipulação da trama triangular, que tanto tenho insistido em chamar a atenção, aqui neste espaço e mais ainda no perfil do Facebook, onde a velocidade da trocas de opiniões tem mais dinâmica e agilidade.

Isto não é um processo novo. É conhecido. O golpe ganhou denominação, talvez um conceito de "estratégia soft", através da "guerra híbrida", ou "não convencional".

Neste processo, o movimento saiu das ruas coloridas (desde 2013) e foi para os bunkers dos negociadores da "trama triangular". Neste espaço o poder econômico é forte e trabalha diuturnamente para transformar a democracia na plutocracia e no governo do poder econômico dos que não possuem votos.

O case brasileiro é cada vez mais claro e será debate em todo o mundo, ainda muito mais do que está sendo acompanhado hoje. As resistências poderão ajudar a construir posição diversa do que conseguiram fazer em outras partes do mundo.

Sobre a decisão do presidente do Senado Renan Calheiros de desconhecer a decisão da Câmara e o destino do processo no STF

A decisão do presidente Renan Calheiros de não reconhecer o recurso decidido pelo presidente da Câmara Federal, Waldir Maranhão de suspender o impeachment, certamente levará a decisão como prevíamos antes, para o STF.

A questão é se o tempo de decisão da Câmara tinha sido esgotada, mesmo que ainda não tivesse ainda sido decidido o recurso do advogado da AGU, sobre a votação do impeachment na Câmara. Ou se, o
mesmo estava esgotado, sem esta decisão.

A tese que a mídia comercial repete sem parar que o presidente interino da Câmara, deputado Waldir Maranhão não teria mais como interceder no processo de impeachment não é garantida. Muito ao contrário.

O recurso da AGU questionando a votação na Câmara Federal deveria ter sido analisado e decidido antes do processo se iniciar no Senado Federal.

Assim, não aconteceu por conta da pressa que quiseram impor ao ritmo estipulado pela trama Midiática - Jurídica - Parlamentar". Desta forma, a decisão de hoje do Maranhão, por esta versão que não pode ser desconsiderada, corrigiria este desvio de procedimento.

Até a oposição junto com Temer sabe que os problemas aumentaram enormemente em todo o processo que a trama contava que seguia sua trilha e seu script.

Assim, a bola vai mesmo para o STF que pressionado, agora vai ter que falar sobre tudo que evitou tratar no assunto. Até porque é o STF, o poder definido pela Constituição com esta missão de decidir sobre os imbróglios institucionais entre os Três Poderes. Mesmo sendo o único que não tem voto popular, embora devesse cuidar apenas de resguardar a Constituição.

Perderam o rumo na sanha golpista. Jogam o país no fosso porque depois de 4 derrotas nas urnas, partiram para o golpe.

Estão se entortando nas próprias pernas. O sabido quando imagina ser esperto demais se embrulha.

A trama pode ainda conseguir levar na base da pressão, mas a legitimidade que já não havia não terá mais como ser sequer perseguida.

A plutocracia não se interessa e não se importa com os votos das pessoas, quanto mais pensar um projeto de Nação para todos.

Observar, debater, organizar e resistir expondo as contradições e o abandono dos interesses mais populares é nosso dever. Sigamos em frente!

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