segunda-feira, maio 02, 2016

As conjunções adversativas da mídia comercial nativa

Eu já chamei a atenção para as manchetes e capas dos sites de notícias e jornais no Brasil há pelo menos dois anos.

Quando há notícias boas que envolva a nação elas são invariavelmente acompanhadas de mas ou porém. É impressionante. Porque não falha uma única vez e nas empresas de mídia comercial das famílias conhecidas.

Hoje, eu me deparo com a manchete principal do Valor, o único que ainda leio: "Exportação industrial sobe, mas dólar volta a preocupar".

O caso é ainda mais interessante que o jornalismo neste caso fugiu até as suas próprias regras. Elas indicam que o "lead" no primeiro parágrafo deve explicar em resumo toda a matéria.

No caso, o percentual de aumento das exportações que deveria ser a primeira informação, só aparece no quarto e último parágrafo do texto-chamada da capa.

O aumento das exportações no trimestre da "crise" foi de 11,9%. Só de automóveis (o setor que tanto chora em todo o mundo) foi de 56,1%, no período de janeiro a março, alcançando R$ 1,02 bilhão.

Sob o ponto de vista da economia é ainda interessante observar que o fato tem a ver com a questão cambial, como já vem falando há muito tempo, o professor Bresser Pereira.

O dólar alto favorece nossas exportações e ajuda a proteger a nossa indústria. É assim em todo o mundo. Pois bem, a aproximação do ato final do golpe já está revendo esta questão cambial, já que o dólar na sexta-feira fechou a R$ 3,43 e os industriais acreditam que abaixo dos R$ 3,50 o problema da produção industrial nacional tende a retornar. Porém, esta questão, a matéria deixa de lado para saber a quem interessa o quê.

Triste sinal de uma elite econômica que golpeia para ter o poder, mas não tem projeto de nação e pouco importa pelo seu povo. A mídia comercial como parte disto, não é diferente.

Entender este jogo e suas entranhas ajudará na politização sobre o país que queremos e para o qual é preciso continuar a lutar.

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